Entre negócios e o amor ao próximo
“Poeta, escritora, fazendeira e amante das ações sociais.” É assim que Maria Cecília Leão Rosenmann se descreve. Descendente de uma das famílias mais tradicionais do Paraná, Maria Cecília é uma mulher admirável! Foi um prazer
tê-la como entrevistada nesta edição para falar sobre sua trajetória entre negócios e boas ações.
Como você iniciou no ramo dos negócios?
Eu sempre fui interessada pelo trabalho porque eu costumava acompanhar meu avô, Ivo Leão, nas fábricas de mate. Antes de me casar, comecei a fazer e vender roupas para crianças e abri uma loja. Em paralelo com a loja, comecei uma fábrica de bonecas e tive muito sucesso. Vendi minhas bonecas no Brasil e no exterior, toquei esses dois negócios por 25 anos. Um tempo depois, entrei para o agronegócio e, atualmente, comando duas fazendas.
Como você iniciou essa história como fazendeira?
Eu sempre frequentei as fazendas da nossa família e sempre gostei muito da terra. Ao longo do tempo, fui me interessando e, agora, com mais idade, me tornei uma agropecuarista. Atualmente, planto soja, trigo, milho, lido com o gado e também com reflorestamento.
Existe algum ensinamento desse ramo que você leva para a vida?
É muito interessante porque fui entrando nessa área, gostei, me especializei e estou sempre aprendendo. Eu sou muito curiosa, sempre procuro saber das coisas e acredito que a gente não pode parar. Quem para morre e se anula. As pessoas têm que continuar trabalhando.
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Você tem uma grande relação com a literatura. Como tudo isso começou?
Durante a minha juventude, sempre gostei de literatura. Me formei em Letras, falo quatro idiomas e publiquei três livros. Esse meu lado literário é muito forte. Sou uma leitora voraz, gosto de ler tudo o que passa pela frente e já estou preparando o quarto livro, que ainda não tem uma data certa para sair, porque não tenho tempo definido com relação à literatura. Meus livros vão ficando prontos e eu vou editando à medida em que isso acontece, sem nenhum estresse, porque é o grande prazer que eu tenho.
Você ajudou a fundar o Instituto TMO. Como surgiu a ideia?
Alguns empresários resolveram apoiar financeiramente o projeto do Dr. Ricardo Pasquini, que, além de ser meu médico pessoal, é um grande cientista. Assim, se iniciou a ideia do instituto e, em 1988, ele foi realmente fundado. Eu era a única mulher e todos nós éramos grandes entusiastas. Trabalhamos durante alguns anos e recebemos aportes financeiros de alguns governos – o que nos possibilitou formar essa organização de transplantes de medula óssea de forma pioneira na América Latina, uma grande conquista, principalmente por se tratar de um hospital público.
Qual é o maior desafio em manter o Instituto?
Isso nunca foi fácil. O governo oferece o tratamento, mas nossos pacientes são de extremo risco, então não pode faltar nada. O instituto tem que estar a postos para oferecer aquilo que o governo não consegue fornecer, para que os nossos pacientes sobrevivam. Mas um dos desafios sempre foi ter uma boa sucessão para os anos seguintes. Por isso, eu escolhi mulheres competentes, incluindo Cristiane Mocellin e Bettina Muradás – entre tantas outras –, que integram a nossa diretoria. Quem não faz sucessor perde seu trabalho – principalmente na área social. Eu tive a felicidade de ser sucedida por bravas mulheres.
*Matéria originalmente publicada na edição #275 da revista TOPVIEW.