Um, nenhum, cem mil
Luigi Pirandello é o autor da frase que dá título a este texto. Lembrei-me do livro por conta de um trecho específico contido nele que, desde a primeira vez que o li, passou a ecoar em minha mente como um mantra.
“O aspecto trágico da vida está precisamente nesta lei a que o homem é forçado a obedecer, a lei que o obriga a ser um. Cada qual pode ser um, nenhum, cem mil, mas a escolha é um imperativo necessário.”
Quando me foi dado o tema para a edição deste mês, “Como grandes executivos fazem para comandar negócios em todo o mundo?”, a frase de Pirandello me veio à cabeça.
Como, afinal, o fazem, já que somos obrigados a ser um?
Essa dúvida sempre me intrigou. Não sob o aspecto de definição de personalidade, que é o contexto original da frase, nem geográfico que o prisma da pergunta, mas o aspecto da dedicação exclusiva.
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Ser um significa que nos é permitida a atenção e presença em um só lugar.
Todos nós tentamos burlar essa lei diariamente e ela insiste em nos mostrar que é inviolável.
Se tentamos ser, ao mesmo tempo, executivos e maridos/esposas, falhamos em ser metade em ambos e frustramos clientes e cônjuges.
A lei se aplica a qualquer variável, sempre com o mesmo resultado na equação.
Convivo com essa batalha interna sem a sabedoria de aplicá-la (sofro com o WhatsApp e a pretensa necessidade de resposta imediata), mas penso que a resposta à pergunta do texto está na obrigação de sermos um.