ESPECIAL AI: tempos modernos
Qual seria o futuro do mercado de trabalho? Como será o dia a dia do empresário? Esses são questionamentos que vêm tomando a cabeça dos dirigen- tes de muitas empresas.
Em 2023, a discussão se assemelha – e muito – com a mesma da segunda metade do século XVIII, durante a Revolução Industrial. Nesse período, o desenvolvimento tecnológico, que teve início na Inglaterra, causou grandes transformações na sociedade e na maneira como as pessoas trabalhavam. Isso, inclusive, consolidou o processo de formação do capitalismo.
Em um tom de comédia, o ator mais conhecido de Hollywood, Charlie Chaplin, reforçou as mudanças dentro das indústrias com o filme Tempos Modernos. As máquinas, que são mais ágeis que a mão de obra humana, tomaram o lugar de diversos trabalhadores e estes precisaram se reinventar.
Um processo parecido ocorreu também com o surgimento da internet. Assim como no passado, a forma como as pessoas vivem mudou e uma outra cultura foi formada.
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Atualmente, isso volta à discussão por conta da inteligência artificial. Apesar de não ser uma novidade no mercado, essa tecnologia está tão evoluída que já consegue desempenhar não só funções mecânicas como, tam- bém, “intelectuais”, que se assemelham às humana.
Por meio de um banco de dados, um chatbot consegue construir, em se- gundos, um texto coeso – algo que um humano poderia levar horas. Também é possível criar peças publicitárias ou editoriais de moda com alguns coman- dos em uma ferramenta.
Foi assim que o jornalista e produtor audiovisual Gustavo Magalhães passou a trabalhar com IA. Como sua pro¡ssão exige que ele esteja sempre em busca de referências visuais, o pro¡ssional começou a criar “fotos” com a técnica apenas por curiosidade. “Me falaram que era possível criar imagens só com que estava na cabeça. Minhas primeiras gerações foram em outubro de 2022 e, desde então, eu não parei de estudar”, conta.
Apesar de estar há pouco tempo na área, Magalhães começou a estudar por conta própria e entendeu que esse é o futuro. Hoje, junto a um sócio, desenvolveu o projeto Alicia, a primeira inteligência arti¡cial a produzir materiais em uma plataforma de conteúdo adulto.
Apesar de desenvolver projetos interessantes com a IA, o jornalista ainda não se vê largando o audiovisual. “Eu acho que não largaria minha área, mas creio que isso vai andar lado a lado. A IA veio para agregar, essas áreas se complementam”, opina.
Para o doutor em Administração, pesquisador em Inteligência Arti¡cial em Administração/Negócios, Cloud e Governo Digital, e coordenador da Escola de Negócios da Universidade Positivo (BSUP), Luiz Pinheiro, o segredo para o mercado de trabalho no futuro é a coexistência. “Se você ouvir os gurus, eles vão dizer que a IA vai tomar os empregos. Eu acredito que ela veio para melhorar o que nós já fazíamos. É para melhorar, não para substituir”, pondera.
Por fim, Luiz con¡rma que muitas tarefas operacionais já foram substituídas ao longo dos anos: “mas tudo o que envolve criatividade, o humano, continua sendo uma ferramenta poderosa”, conclui.
O empresário do futuro
Então, qual seria, de fato, o futuro do mercado de trabalho? Como será o dia a dia do empresário? “Nós temos percebido que os funcionários têm apresentado essas ferramentas. A iniciativa vem de baixo para cima”, relata Pinheiro.
No entanto, mesmo que a ação surja de diversas áreas das companhias, os empresários precisarão, cada vez mais, atualizar-se e buscar conhecimento para que possam colocar em prática as novidades tecnológicas, a ¡m de para elevar o potencial dos trabalhadores e da empresa.