O que faz uma hospedagem ser especial?

Nas últimas férias, viajei para a Puglia, na região sul da Itália, bem no salto da bota. A paisagem por lá é tomada por oliveiras que se estendem até os dois mares que banham o território: o Iônico e o Adriático. As azeitonas e, por consequência, os azeites são os protagonistas do local, a ponto de sentirmos o cheiro de azeite nas cidades em que passávamos, por conta da extração feita pelas cooperativas regionais. Na Puglia, além das azeitonas e do azeite, existe um formato peculiar de hospedagem chamado de “masseria”, que me chamou a atenção. As masserias são antigas casas de campo, ocupadas previamente por fazendeiros de tabaco, açafrão e afins, que, com o aumento do turismo por essas áreas, transformaram-se em estalagens. Elas não chegam a ter a estrutura de hotéis, tampouco carregam a rusticidade das pousadas e, talvez, justamente por esse exato encontro, tenham me encantado. 

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Esta edição da TOPVIEW é voltada ao luxo, palavra de que, confesso, tenho gostado cada vez menos. É algo pessoal. Acho que ficou cafona essa coisa do esbanjar, da purpurina em cima do que é simples. Ainda assim, confesso, gosto das coisas de qualidade e do que é bem feito. 

De volta para a Puglia e para as masserias, vivi por lá uma experiência de hospedagem na Masseria Moroseta, localizada em Ostuni, que representa muito bem esse tipo de espaço, ainda sem título apropriado, para a oferta de algo com muita qualidade sem a presença do luxo. 

A Moroseta fica em uma casa branca, de arquitetura minimalista, pensada pelo proprietário Carlo Lanzini, que buscou trazer para a masseria os hábitos que a região mantinha antigamente. Nos seis quartos da Moroseta, no que se refere a amenities, ao invés de um kit Loccitane, Bulgari ou Ortigia, encontramos shampoo e condicionador produzidos localmente, com o azeite da propriedade e envazados em belas peças de cerâmica, também produzidas internamente. Em vez de toalhas, roupas de cama e roupões de algodão, peças de linho para se secar, dormir e vestir. Os itens do café da manhã vêm da horta que fica em frente aos quartos. Fava com erva-doce, cereja do pomar e, claro, azeitonas, tudo servido em uma mesa comunitária na varanda para que exista interação entre os hóspedes e a equipe da Moroseta, como se todos estivéssemos em casa. São exemplos simples, mas que surpreendem pela originalidade e alcançam essa sensação de uma hospedagem especial, com simplicidade e sem a presença de luxo.

*Matéria originalmente publicada na edição #291 da TOPVIEW

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