“Adoro o Brasil”: confira o pensamento de Marcos Troyjo sobre o país
Economista, cientista político e diplomata, Marcos Troyjo é um dos nomes mais proeminentes quando o assunto é internacionalização de negócios. O sobrenome entrega a origem espanhola da família e, com ele, Troyjo construiu uma carreira multifacetada que o levou a posições de destaque, tanto no governo quanto no setor privado. Sua jornada começou cedo, com um intercâmbio nos Estados Unidos ainda na adolescência, marcando o início de uma vida dedicada aos negócios internacionais.
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Recentemente, foi responsável pela área internacional do Ministério da Economia e tornou-se o primeiro brasileiro a presidir um banco multilateral, o Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como “Banco dos BRICS”.
Em todas essas atividades, cultivou outra faceta que o distingue: tem opiniões marcadamente fortes e faz questão de apresentá-las sempre que possível, característica que o levou inclusive a ser colunista da rádio Jovem Pan News.
Marcos Troyjo tem trabalhado para ilustrar a complexidade e o potencial do Brasil no cenário global e, ainda, para destacar a importância do comércio exterior, dos investimentos e da inovação para o desenvolvimento econômico sustentável. Sua visão e sua experiência são vistas no ambiente de negócios como um farol para os líderes empresariais e políticos que buscam entender e moldar o futuro econômico do Brasil.
Além das realizações profissionais, Marcos Troyjo é apaixonado por jazz e ópera e encontra no basquete uma forma de equilíbrio entre suas demandas globais e seus interesses pessoais.
A defesa da diversidade cultural e a busca constante por conhecimento fazem parte de sua rotina. A seguir, confira um pouco de seu pensamento!
Nesta longa jornada, o senhor morou muitos anos fora, em vários países. Como essa experiência influencia sua visão sobre o Brasil? E por que voltou?
Adoro o Brasil. Nunca se é tão brasileiro quanto no momento em que se pisa no exterior, de uma forma ou de outra representando o país. É difícil pensar em uma nação com tantas potencialidades como o Brasil. Hoje, o cenário global é muito complexo e perigoso, mas nos oferece grandes chances. O Brasil tem de aproveitar suas vantagens competitivas como protagonista em áreas como produção de alimentos, energia e transição para uma economia mais verde, a fim de construir uma sociedade intensiva em tecnologia e inovação.
Qual é a sua visão sobre o comércio exterior e a atração de investimentos pelo país?
Praticamente todos os milagres econômicos pós-Segunda Guerra Mundial (Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Espanha, China, Chile, etc.) utilizaram o comércio exterior como ferramenta primordial para o crescimento econômico. O Brasil teve, ao longo do tempo, uma baixa exposição de sua economia ao comércio exterior, o que, a meu ver, explica em parte nosso baixo crescimento relativo. E os Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs) são fundamentais, em razão de nossa baixa poupança interna. Eles trazem também contemporaneidade tecnológica e modernidade administrativa. Apesar deste ou daquele ciclo político-eleitoral, o Brasil tem tudo para se firmar como um dos três principais destinos mundiais de IEDs.
Qual é o papel da tecnologia e da inovação nesse desempenho e como o senhor vê o Brasil nessa competição?
Há uma acirradíssima competição tecnológica em curso. Grandes atores, como EUA, China, Europa, Japão e Coreia do Sul, disputam cabeça a cabeça a ponta da inovação. O Brasil tem de aumentar o porcentual de seu PIB destinado à pesquisa e ao desenvolvimento, hoje em apenas 1%. E, claro, expandir a fatia de pesquisa e desenvolvimento (P&D) realizada no âmbito das empresas. Não são tarefas fáceis, dado o peso do estado na economia, o que consome recursos e eficiência que poderiam ser mais bem empregados na forma de inovação empresarial.
E, diante dos atuais conflitos e desafios globais, como o senhor vê o cenário internacional e seus impactos na economia brasileira?
Hoje — e seguramente na próxima década e meia —, as principais fontes de crescimento global serão economias emergentes com grande contingente populacional. A renda adicional será progressivamente direcionada ao consumo de alimentos e à construção de infraestrutura. David Ricardo, um grande economista do século XIX, propunha em sua teoria sobre o comércio internacional segundo a qual países tinham vantagens comparativas. Ora, quais são as do Brasil? Com certeza, a produção de alimentos está entre elas.
Com base nesse cenário, quais são as lições de casa que o Brasil tem de fazer no curto e médio prazo, pelos próximos 5 a 10 anos?
O Brasil deve usar esse ingresso de recursos para diversificar e agregar valor e tecnologia à sua economia, incrementando o nível de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação — o principal motor do aumento da produtividade. O quadro externo oferece aspectos promissores para o Brasil.
O Paraná se destaca na economia brasileira como um dos estados mais competitivos e internacionalizados. O que mais o Paraná deve e pode fazer para se tornar líder em comércio exterior e atração de investimentos?
Seria difícil pensar em um estado com tamanha diversidade competitiva quanto o Paraná. Do agronegócio ao setor de tecnologia, passando por vários setores industriais, o Paraná é um ponto de luz no Brasil. Governo e empresas precisam dar as mãos para seguir na melhoria do ambiente de negócios, desburocratização, projetos infraestruturais transformadores e uma vigorosa promoção comercial e de investimento no exterior.
O senhor ingressou no conselho do World Trade Center (WTC) em várias cidades brasileiras. Qual é a importância do WTC para essas localidades?
O WTC é uma plataforma crucial para promover negócios e cooperação internacional, ajudando a fortalecer a economia local e a atrair investimentos estrangeiros.
*Matéria originalmente publicada na edição #291 da TOPVIEW
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