Longe de casa, perto do sucesso
A letra da música Road Trippin’, da banda Red Hot Chili Peppers, conta a história de amigos que viajam sem destino, mas com a intenção de se encontrarem. Viagens planejadas de última hora podem, de fato, ser grandes aventuras e jornadas de descoberta pessoal. Mas tão instigantes quanto elas está a busca por fazer parte ou toda a formação fora do Brasil, que traz o crescimento pessoal atrelado à infinitas oportunidades profissionais.
Em um mundo totalmente integrado, no qual as informações correm rápido, pensar uma formação que acontece em apenas um país é quase um paradoxo. Assim como as empresas, profissionais são cada vez mais “multinacionais”.
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Depois de se graduar em História e durante a formação em Jornalismo, Maria Luisa Cordeiro decidiu fazer parte das matérias na Universidade do Porto, em Portugal. “A maneira de ensino deles é muito diferente da nossa. São muito mais práticos e voltados à tecnologia”, conta.
Entre os principais ganhos durante seu período fora, Maria Luisa destaca o desenvolvimento do inglês, língua que utilizou para se comunicar em grande parte do tempo e a possibilidade de viajar para outros países próximos. A escolha por Portugal se deu por conta da facilidade de entrar no país e com a língua.
“Lá, tive a possibilidade de entender outros modos de viver e outras perspectivas de comunidade”, conta Maria sobre seu desenvolvimento profissional. No âmbito profissional, a estudante destaca o contato próximo com a tecnologia e as oportunidades de networking, principalmente.
Movimento global
Areta Galat é coordenadora coordenadora do Núcleo de Relações Internacionais da FAE Centro Universitário, uma das duas faculdades em Curitiba que possui escritório do EducationUSA, órgão oficial do Departamento de Estado para informações sobre estudos nos Estados Unidos. Em um universo de cinco a seis mil alunos, cerca de 80 deles buscam uma formação em outro país todo semestre.
Segundo Areta, o crescimento da busca por intercâmbio e experiências internacionais foi notado principalmente no pós-pandemia. Para ela, a preocupação maior com o futuro fez com que aumentasse a busca por uma preparação mais robusta diante de desafios profissionais futuros. “Hoje, o mundo está pedindo uma capacidade de adaptação com outras culturas. Pense em Curitiba, por exemplo. Quantas multinacionais nós temos aqui?”, questiona.
Hoje, o Brasil é o quinto país que mais envia alunos para universidades e escolas dos Estados Unidos, de acordo com pesquisa elaborada pelo escritório de advocacia imigratória AG Immigration e com base em dados oficiais do Serviço de Imigração e Controle Alfandegário (ICE) americano. Em 2022, dos mais de 1,3 milhão de estudantes internacionais matriculados nas instituições de ensino dos EUA, cerca de 37,9 mil, 2,78% do total, vieram do Brasil.
A médica Ana Laura Loyola Munhoz da Cunha fez esse movimento há 14 anos. Após se formar pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e finalizar as residências em ortopedia e traumatologia e em ortopedia pediátrica também em Curitiba, ela partiu para dois fellowships em alguns dos principais centros de referência nos EUA: o Scottish Rite Hospital, em Dallas (TX), e o Rady`s Childrens Hospital, em San Diego (CA).
“Enquanto estive lá, pude aprimorar meus conhecimentos, fazer pesquisas científicas e participar de grupos de estudos e discussões com os maiores expoentes da minha área de atuação”, conta Ana sua experiência, essencial ao seu desenvolvimento. A volta para o Brasil aconteceu cheia de motivação para o início da atuação na prática como ortopedista e especialista na área pediátrica, além da vontade de compartilhar conhecimentos com colegas.
As formações também contribuíram para o aprimoramento do idioma e seu crescimento pessoal. “Construí também laços de amizade e fiz contatos profissionais com ortopedistas pediátricos de diferentes hospitais da américa do norte e outros países do mundo”, conta.
Crescimento exponencial
“Sair da zona de conforto é importante para aprender a lidar com novos desafios como gestão de tempo, dinheiro, crescimento pessoal, entre outros”, afirma Areta. Na visão das empresas, segundo a professora, a diferença está justamente na capacitação maior e na confiança de quem já passou por uma experiência completa em determinado país.
A profissional ainda assegura que, seja qual for o destino e a motivação para escolhê-lo – interesse pela cultura, facilidade com a língua, identificação ou possibilidade de trabalho, em qualquer momento da carreira uma formação internacional pode ser estratégica. Hoje, as possibilidades permitem que a experiência internacional aconteça do Ensino Médio até o Doutorado.
*Matéria originalmente publicada na edição #288 da TOPVIEW.