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ESG Culture: especialista afirma que é necessária nas empresas

Confira o artigo da CEO da Yabá Consultoria e professora de sustentabilidade nas universidades Mackenzie, UMSC e UNIP, Andrea Moreira

A sigla ESG diz respeito a governança ambiental, social e corporativa e é uma forma de entender o quanto uma corporação está atuando prol de objetivos sociais para além das atividades comuns. Nas empresas, isso é algo que deixou de ser apenas uma tendência e se tornou uesgma realidade sem volta.

O fortalecimento desses princípios teve como raiz a década de 1970, quando as companhias americanas passaram a ser cobradas por sua responsabilidade perante a sociedade. Depois, evoluiu para o conceito de sustentabilidade – que inspirou a importância dos impactos da tomada de decisão para as gerações futuras e chegou até o que conhecemos hoje.

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A CEO da Yabá Consultoria e professora de sustentabilidade nas universidades Mackenzie, UMSC e UNIP, Andrea Moreira, escreveu um artigo sobre essa ascensão do ESG. Confira:

“A exigência de adotar os valores alinhados às questões ambientais, sociais e de governança passou a ser algo não somente praticado pelas empresas, mas bateu na porta dos colaboradores. Hoje, estamos diante de um momento no qual há entraves para aqueles funcionários que não estão congruentes com a cultura ESG da empresa onde atuam. Eles perdem espaço dentro da própria companhia ou acabam tendo menor empregabilidade. E isso vale também para PJs e fornecedores.

A pandemia acelerou a adoção do ESG no mundo corporativo. O investimento social, que até então era considerado custo, foi integrado às estratégias das empresas, que passaram a ser cobradas pela própria sociedade. E, da mesma forma que as organizações estão tendo que mudar a forma de atuar, pautadas nesses princípios, os colaboradores estão diante da necessidade de mudar seu mindset.

Por outro lado, vejo cada vez mais os executivos se perguntando sobre o quanto deve ser investido em ESG. Mas, muito mais do que isso, eles precisam olhar para os riscos que a operação gera e impactam as futuras gerações. Quando ele começar a fazer o mapeamento disso, vai colocar indicadores na gestão da relação com os públicos — incluindo seus próprios colaboradores.

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O ESG para os colaboradores pode vir por dois caminhos: pela escola – por meio de cursos disponíveis nas universidades, algo que também ainda é recente – ou pelas corporações. Nas empresas, o departamento de RH começa a cascatear esses princípios para dentro da empresa – seja por meio de treinamentos, workshops, entre outras iniciativas – inserindo-os na cultura.

A partir disso, atinge funcionários que vão desde aqueles “já convertidos” – que atuam na área de sustentabilidade e adotam isso como convicção — assim como os defensivos, que são resistentes às mudanças, e os processuais, que simplesmente executam as regras.

E há também aqueles que atuam como líderes nessas jornadas, que sabem que o ESG faz parte das normas da empresa e vão adotar estratégias para fazer as mudanças de mentalidade em seus times, algo de extrema importância para ajudar a disseminar e fortalecer essas práticas.

Essas iniciativas e comportamentos permeiam a empresa de tal forma que o colaborador que quer manter seu espaço na companhia tem que ser estratégico e incorporar o ESG em seu dia a dia. E isso só vai acontecer se a empresa promover essa mudança – está nas mãos dela.

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O colaborador que hoje não se adequar às regras ESG dentro de uma empresa tende, além de ter seu espaço de atuação reduzido, pode viver situações de constrangimento. No “S” (Social) do ESG já não é mais possível esconder debaixo do tapete situações como grosserias proferidas contra mulheres, obesos, negros ou pessoas que vivem com deficiência física e deficientes físicos pelos corredores da empresa, e nem pelas redes sociais – quem pratica hoje esse tipo de agressão em uma organização se coloca em uma situação de risco real, seja nas relações interpessoais como no mundo digital.

Hoje estamos diante de uma crise de confiança e valores no país. Esses, focados no indivíduo estão dando lugar para aqueles voltados para o coletivo, que devem ser princípios básicos para nossas ações. O colaborador ESG precisa ter uma visão sistêmica e compreender que estamos envolvidos em situações complexas e considerar a perspectiva do todo em suas decisões e comportamentos.

Em 20 anos de atuação acumulados na área de sustentabilidade, posso dizer que muita coisa mudou e melhorias foram e continuam sendo feitas, agora sob o guarda-chuva do ESG. Mas nenhum colaborador faz essa virada de mindset de um dia para a noite — é necessário passar por um processo de transição, o que envolve um olhar voltado para a diversidade, para a complexidade sistêmica, para as relações interpessoais e ter a consciência de que o passado ficou para trás. Vivemos uma nova era — o mundo não voltará mais a ser o mesmo.”

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