PODER NEGóCIOS & CARREIRA

Collab sutil e poderoso

Como a Louis Vuitton promoveu uma ação de marketing bem conduzida e alinhada com o propósito da marca

Nós temos uma tendência a associar publicidade a anúncios, comerciais e outdoors. Isso faz com que, muitas vezes, esqueçamos outras facetas que a comunicação pode assumir.

Recentemente, vivenciei uma dessas ocasiões. Fui convidado para uma ação da Louis Vuitton em Istambul que ocorreu dentro de um palácio francês do século XIX, no qual fica hoje a Embaixada da França na Turquia. A conexão com a marca já começa por aí: uma empresa genuinamente francesa se apropriando de sua casa em outro país. Uma boa demarcação de território.

Hall de entrada do palácio. (Foto: acervo pessoal)

Ao entrar no palácio, os baús que tornaram a marca famosa estavam dispostos ao lado de um atendente, posicionado ali especificamente para contar aos desconhecidos a história da Louis Vuitton a partir daquele ícone. Esse é um bom exemplo para mostrar que nós não compramos marcas, mas, sim, a história por trás delas e o que elas nos remetem.

Passos adentro, com uma música francesa tocando ao fundo, o passeio obedece a uma sequência muito bem planejada, obrigando o visitante a percorrer todos os ambientes. No marketing, chamamos isso de “walk through”, uma estratégia bastante utilizada nos aeroportos, que nos obrigam a passar pela área de duty-free e que é usada também pela Disney, expert em nos fazer passar pela lojinha na saída do brinquedo.

Pois bem, o foco desse evento era expôr a linha de móveis e decoração da Louis Vuitton e, para isso, eles adotaram mais uma boa estratégia de marketing, conhecida como collab.

Os icônicos baús da Louis Vuitton. (Foto: acervo pessoal)

E essa colaboração foi feita com ninguém menos que os Irmãos Campana, a dupla de designers brasileiros que se tornou mundialmente famosa por seus mobiliários e que, por sinal, já é conhecida por assinar a decoração do restaurante do Museé D’Orsay, em Paris. Reparem no cuidado para que exista vínculo em cada etapa do evento.

“(…) NÓS NÃO COMPRAMOS MARCAS, mas, sim, a história por trás delas e o que elas nos remetem.”

Para completar essa história, vale narrar a cereja do bolo, que me chamou muito a atenção pela sutileza da jogada: o coquetel aconteceu na varanda do palácio e se dividiu entre um bar de Cognac – majoritariamente frequentado pelos homens – e um bar de champagne – este mais frequentado pelas mulheres (ambas bebidas francesas). Ao lado do bar de conhaque, ficavam expostos todos os itens de apelo masculino, como relógios, pastas e carteiras. Já ao lado do bar de champagne, estavam dispostas as joias para as mulheres. No meio do caminho, atendentes sorridentes esperando pelos cartões de crédito. Genial.

*Matéria originalmente publicada na edição #264 da revista TOPVIEW.

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