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Na sua empresa existe lugar para um vitral falso?

"A frase “But I know” (no português "mas eu sei") é até hoje usada na The Walt Disney Company como uma explicação do porquê os valores da empresa são inegociáveis"

Dizem alguns dos biógrafos de Walt Disney que quando o primeiro parque da Disney, a Disneyland na Califórnia, EUA, estava sendo finalizado numa reunião de projetos em frente ao castelo da Bela Adormecida, um dos Imagineers (que é como até hoje se chamam os engenheiros responsáveis pelas atrações) teria dito:

– Walt, por que, ao invés de comprarmos um vitral original, não colocamos um vitral falso na parte superior do castelo? Ninguém nunca vai saber!

Walt teria então respondido:

– Ninguém sabe, mas eu sei. EU SEI.

A frase “But I know” (no português “mas eu sei”) é até hoje usada na The Walt Disney Company como uma explicação do porquê os valores da empresa são inegociáveis. Diz-se na Disney que
“a cultura antecede os lucros”.

Sou privilegiado por ter trabalhado nessa empresa maravilhosa entre 2002 e 2003 e posso garantir que os valores deixados por Walt e seu irmão Roy são guardados e defendidos quase que religiosamente por todos até hoje.

Essa ideia de valores inegociáveis me traz uma reflexão importante: e nas nossas empresas? Existe lugar para um vitral falso?

Em tempos de discussão de temas como ESG, diversidade, equidade de gênero, compliance e LGPD, as empresas e os líderes estão realmente conscientes dos problemas que podem causar e deixar para as futuras gerações caso decidam cumprir alguma norma somente para não serem multados, autuados pelo Estado ou então cancelados pelos seus clientes e fornecedores?

Não existe saída, as novas gerações não comprarão de empresas irresponsáveis. Recentemente nos Estados Unidos uma marca de roupas famosa foi cancelada ao ser questionada pelo uso de penas de ganso e pelo de raposa em seus casacos. No Brasil algumas empresas em casos recentes deram manchete por não se posicionarem contra racismo, homofobia e até mesmo a favor da vacinação contra a Covid19.

Somente dizer e fazer propaganda do que faz, mas sem fazer, ou pior, colocar “um vitral falso no topo do castelo” pode enganar alguns por um tempo, mas não sustenta a empresa por muito tempo pois, um dia, todos vão descobrir que tudo não passou de uma fantasia e o final não será feliz.

Sobre o colunista

Diego Godoy é headhunter e sócio da RecrutamentoFacil.com. Trabalhou em empresas multinacionais do segmento de serviços profissionais como PwC, Michael Page e Walt Disney Company. Também é fundador do Projeto Um Por Cento, reconhecido como iniciativa oficial pelo ACNUR e que trabalha na recolocação de refugiados no mercado de trabalho do Brasil. Foi eleito pelo LinkedIn um dos “Top Voices” em 2021.

Diego Godoy (Foto: acervo)

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