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Voz para quem alimenta o mundo

Blairo Maggi, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, fala com exclusividade ao Made in Paraná

A alta performance do campo brasileiro evidencia a competência de empresários para colocar o Brasil como endereço de solução para alimentar o mundo.  Nosso país é responsável por cerca de 10% da produção mundial de trigo, soja, milho, cevada, arroz e carne bovina. Em 2020, o setor registrou a maior participação no PIB (Produto Interno Bruto) da sua história, com 26,6% do total, segundo a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). De tudo o que exportamos ano passado, 48% teve origem no agronegócio, o que representou US$ 100,81 bilhões (mais de R$ 520 bilhões) na balança comercial brasileira.

Em que pese diferentes interpretações sobre números e o gigantismo do agronegócio brasileiro, a supremacia conquistada foi uma condição construída em conjunto pelo profissionalismo dos empresários do campo, somado ao investimento consistente em pesquisa nas últimas décadas e em inovação. Nos últimos 60 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para protagonizar a condição de provedor para o mundo. Um dos expoentes do agronegócio no Brasil é o paranaense de São Miguel do Iguaçu Blairo Maggi, que concedeu uma entrevista exclusiva à nossa coluna “Made in Paraná”, do LIDE Paraná, à TOPVIEW.

Como começou sua relação com o agronegócio?

Blairo Maggi: Passei minha infância toda no oeste do Paraná. Era ainda uma região muito inóspita, a única coisa que tinha era floresta. Fui estudar em Curitiba e me formei em Agronomia no Campus da UFPR do Juvevê. Tenho um amor enorme por essa terra, onde nasci e me formei. No final dos anos 1970, acabei indo para o Mato Grosso, onde meu pai comprou uma propriedade em Rondonópolis. Casei-me e acabei ficando por lá. Nessa época, o Paraná já despontava como um grande produtor agrícola, brigando com o Rio Grande do Sul, e acredito que levei essa vontade de transformar o Mato Grosso em um importante produtor – e fiz isso junto com outros paranaenses, gaúchos e catarinenses. Fomos desbravar aquelas terras e iniciar uma agricultura diferente, ainda com pouca pesquisa, mas prosperamos.

O Brasil, hoje, é considerado um celeiro de alimentos para o mundo e o investimento em pesquisa foi fundamental para que conquistássemos isso. Qual é a sua visão sobre a ciência relacionada ao agronegócio?

Blairo Maggi: Na época que iniciamos, tínhamos a Embrapa, mas a entidade deu uma fraquejada naquele governo do presidente Collor e decidimos criar a Fundação Mato Grosso de Apoio à Pesquisa, que nos dava suporte à pesquisa de novas doenças e pragas que surgiram. Depois disso, nossa Fundação entrou na área de algodão e também na de milho. Hoje, nós temos uma área de pesquisa bastante grande ligada à Fundação Mato Grosso, a TMG Tropical Melhoramento e Genética, com sede em Cambé, aí do lado de Londrina.

Hoje, vocês se envolvem no ciclo completo da produção?

Blairo Maggi: Sim, da pesquisa até o suporte técnico para a produção agrícola, na comercialização, no transporte rodoviário, ferroviário, fluvial e marítimo e também na industrialização. O que fizemos e conquistamos na produção do Mato Grosso tem origem paranaense.

*Coluna originalmente publicada na edição #252 da revista TOPVIEW.

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