Giuliano Pilagallo criou uma atração única em Curitiba: o Ópera Arte
A Ópera de Arame é uma velha conhecida, que acolhendo grandes espetáculos e celebrações há 26 anos e é um cartão postal e para obrigatória para quem quer turistar pela capital. Agora, toda a sua beleza rodeada pela natureza ganhou mais um ponto para visitação, o Ópera Arte. Quem conhecia o antigo subsolo da Ópera de Arame não consegue acreditar que o espaço inóspito deu lugar a um restaurante e ponto de encontro cultural agradabilíssimo.
Descendo poucos degraus, já é possível enxergar essa evolução: vê-se um design bastante contemporâneo e acolhedor, música ao vivo rolando no deck flutuante e uma arquitetura que respeita e integra-se à natureza. Passear pelas mesas, aliás, é como viajar pelo país: muitos sotaques se misturam enquanto câmeras registram a queda d’água no fim do deck ou a apresentação dos músicos sobre a água. Toda essa junção de sensações vem da vontade inovadora do empresário Giuliano Pilagallo.
Apaixonado por velocidade e graduado em Formula Kart, Giuliano somou a competitividade das pistas com os ensinamentos em administração para iniciar na vida do empreendedorismo, com pequenas experimentações. O Ópera Arte nasceu assim também, primeiramente como o Quiosque Ópera Arte, um pequeno espaço na entrada da Ópera, em 2015, em que se vendiam quitutes e bebidas, até este ano, com a abertura oficial. Atendendo à equipe da iluminação e resolvendo outra questão no telefone ao mesmo tempo, Giuliano participa de tudo – assim mostrou quando recebeu a reportagem no Ópera Arte. Nesta entrevista, ele conta um pouco sobre a sua história no ramo empresarial e como surgiu com essa nova vertente do entretenimento na cidade.
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Como se interessou pela área empresarial?
Por conta da minha história nas corridas, sempre tive esse gosto por trabalhar com pessoas e participar de eventos. Além disso, minha mãe sempre foi uma inspiração para isso. Ela sempre foi muito festeira: qualquer evento, por menor que fosse, ela se dedicava e tornava aquilo um marco. Mas acho que eu entrei de fato na área quando fui convidado para a diretoria jovem do Iate Clube de Caiobá e do Graciosa Country Club e assumi essa parte social, para movimentar os jovens e trazê-los mais para dentro dos clubes com os eventos. Nós fizemos um sport bar na praia, com DJ’s, sushi e um espaço para os jovens se encontrarem com os amigos no verão.
Qual é a sua relação com o ramo da cultura na cidade?
Quero ver as pessoas usufruindo as coisas da cidade e do entretenimento. Foi assim no Iate Clube e é assim, aqui, na Ópera. Aqui, eu tive que obedecer muitas regras do estabelecimento, por ser um espaço público e ter muita história por trás, que fala principalmente da diversidade, que é o berço da cultura e da arte.
De onde veio a ideia de criar o espaço no subterrâneo da Ópera?
Eu sempre tive na minha alma de empreendedor a vontade fazer algo diferente. Quando vim aqui, eu sabia que tinha muita circulação de pessoas, mas não sabia o quão fundo eu poderia ir e nem se iam comprar a minha ideia. Mas desde o começo eu achei esse lugar superespecial e com um potencial maior ainda! Era tudo barro e entulho aqui embaixo, e o café ocupava uns 90 m² do espaço só. Então, a ideia veio para fomentar a vinda das pessoas para cá, entrarem em contato com a arte e elas se sentirem muito bem com isso.
No que você pensou quando criou o conceito do Ópera? Qual a proposta do seu espaço?
Eu precisei entender o que as pessoas esperavam daqui para poder oferecer a elas um conceito. Me baseei muito nas avaliações dos sites na internet, olhei para as críticas e vi onde precisava ser melhorado. Assim, suprimos uma necessidade grande dos curitibanos em interagir com a arte. Nossa proposta é presentear Curitiba com arte e interação. É dar um espaço para as pessoas curtirem seus momentos e entrarem em contato com a história da cidade.
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Quais são os destaques do menu do restaurante? E entre as atrações culturais?
Nós estamos na Torre Eiffel do Paraná (risos), então, é claro que nós recebemos muitos turistas ao longo do dia. Por conta disso, junto ao cef Will Ribeiro, oferecemos um cardápio bem típico do estado para apresentar nossa cultura para os nossos visitantes. Temos várias opções de barreado, também pierogi e o nosso maior diferencial: o hambúrguer de barreado, algo que ninguém fez ainda. A partir desse mês, vamos começar nossas operações noturnas, que funcionarão apenas com reservas. Nossas atrações surgem a partir da parceria com o Vale da Música, que fazem essa curadoria maravilhosa e trazem a música para nosso deck no lago.
A natureza compõe bastante o cenário em volta do espaço. O que ela agrega para o Ópera Arte?
Como estamos em um lugar público, nós precisamos respeitar muito. Isso aqui é um patrimônio da humanidade! Tivemos muitas reuniões com o pessoal da prefeitura e do meio ambiente e precisamos provar para eles que nós tínhamos propostas que respeitassem e incluíssem a natureza no nosso projeto. Ela faz parte de toda a experiência. Nós fazemos questão de preservar isso, com a limpeza e conscientização para que os clientes possam desfrutar desse conjunto de sensações.
Como é o desafio de atender tanto turistas quanto o público curitibano? Há diferença nesses dois nichos?
É bastante interessante essa relação. Nosso movimento durante a parte do dia é 90% turistas e 10% curitibanos. Agora, quando atendemos à noite, esse número se inverte! A população daqui está mais presente para os eventos e shows da Ópera de Arame. Os turistas geralmente ficam mais impressionados com o lugar em geral e estão mais dispostos a conhecer a história, mas os curitibanos também vêm nos prestigiar.
O Ópera não é só um restaurante, é um mix de gastronomia, arte, cultura… é uma característica não muito comum pela cidade e pode iniciar uma tendência a partir daí. Como você vê isso?
Um pouco difícil pensar assim. Veja, nós estamos em um lugar único da cidade. Existe um conjunto de fatores que fazem o Ópera ser o que é. A natureza, a música, a arte e, principalmente, o lugar. Não existe outro espaço como esse no mundo todo. Então, a ideia de ser uma tendência fica meio complicado de enxergar por essa razão, não sei se é possível fazer algo parecido por conta do lugar. Pode até ser que seja, mas, com essa magnitude, não vejo como.
Qual é a parte mais desafiadora de manter um estabelecimento assim? E a mais prazerosa?
O mais difícil, além de todo o processo para a construção desse projeto, é manter o nosso objetivo aqui, preservar a natureza e trazer as pessoas para mais perto da cultura, do entretenimento e do lazer. Para isso, a gente precisa entender o que as pessoas querem e como querem, é sempre uma novidade. A parte mais prazerosa é ver o resultado disso, é olhar as crianças encantadas com o lago e os patinhos, os turistas com a beleza natural e nossos clientes com a mudança do espaço e da oportunidade de viver a arte de outra forma.
Em que outros projetos está envolvido?
Um outro projeto nasceu durante o desenvolvimento aqui do Ópera, que foi o Smart Moov. Ele surgiu depois que lembrei que eu não conseguiria colocar um container ou um food truck aqui na Ópera de Arame, eu precisava de algo mais compacto e também eficiente. Foi quando vieram nosso carrinhos elétricos que possuem uma tecnologia que permite muitas funções em pouco espaço. Ainda estamos em alguns testes e logo mais teremos os carrinhos por aí!