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Três mulheres casadas se vestem de noiva mais uma vez e respondem – “o que fariam diferente?”

"Não mudaria nada" foi a resposta unânime entre elas. Ainda assim, entraram na brincadeira e elegeram um segundo vestido de noiva

Lançamos a três mulheres casadas o seguinte desafio: escolher um novo vestido de noiva e imaginar o que mudariam em suas festas de casamento. Um, dez ou quarenta anos depois, elas não mudariam nada – mas entraram na brincadeira e vestiram-se de noiva mais uma vez. A seguir, essas três mulheres fortes, de diferentes gerações, revisitam e contam sobre a celebração, o relacionamento e a roupa que marcaram suas vidas

“Você escolheu aquele amor. Você tem que lutar.”
Suzy Garofani, 39 anos de casamento

(Foto: Daniel Katz)

“Eu te amo mesmo quando te odeio.” A frase foi lida pelo marido de Suzy Garofani, Marino, após um desentendimento, e é trazida pela empresária quando falamos sobre um casamento duradouro – neste caso, de 40 anos em setembro. Pois hoje, até mesmo o evento de casamento e o vestido de noiva permaneceriam idênticos, ainda que frutos da primeira (de muitas) festas que Suzy organizaria: “Eu não mudaria nada”, diz, categórica. Só de casamentos, ainda viriam três, de seus filhos (um homem e duas mulheres). “Os casamentos eram bonitas festas familiares e não grandes produções, como hoje se apresentam”, compara. “Eu contesto essa distorção, porque perdeu-se um pouco do conjunto familiar e passou a ser uma grande e cinematográfica produção.” Família é o principal para a empresária de 63 anos, que levou a sério o conselho da mãe antes de se casar: “seja a companheira e a amiga do seu marido, pois vocês se escolheram para a vida”. Nos negócios e nos momentos de lazer, eles estão juntos – exceto, talvez, aos sábados, quando ele joga golfe e ela jardina –, ao ponto de Marino viajar ao exterior, certa vez, por cinco dias e, no sexto, mandar uma passagem para Suzy ir ao seu encontro. “Nunca deixamos de fazer pelo menos uma viagem por ano sozinhos, para namorar. Sei que há casais que têm dificuldade em se reencontrar, em se ver sozinhos. Não é o nosso caso. A gente se diverte muito juntos, a sós ou em companhia dos filhos ou dos amigos”, avalia ela, sem, no entanto, romantizar. “Nós temos um casamento normal, construído no dia a dia.” Enquanto tocavam canções de Louis Armstrong e Ella Fitzgerald em uma confeitaria de Curitiba, ela dava seu conselho: não tomar decisões na hora da raiva. E resumia a experiência de quatro décadas: “Você escolheu aquele amor”, disse, sem deixar as lágrimas caírem. “Você tem que lutar.”

A empresária Suzy Garofani ama receber pessoas e dar festas – o que faz com frequência e muito bem. A seguir, pinçamos duas dicas de Suzy para quem recebe e para quem é recebido:

“Uma festa tem três pés – o resto é acessório. Se você tiver bebida à vontade de boa qualidade, uma lista de convidados que se entenda ou se surpreenda e música de qualidade, a festa está feita.”

“Uma festa sempre é uma faca de dois gumes: você pode agradar as pessoas que convida e desagradar as que não pôde convidar. Entretanto, eu sempre digo que quem reclama de não ter sido convidado é quem nunca deu uma festa. Quem já deu, entende como é difícil uma lista de convidados. E, se for convidado a uma festa, vá, porque você é uma pessoa muito especial para quem te convidou. Porque ela tem uma dificuldade enorme de montar uma lista de convidados. É muito caro convidar hoje em dia. Honre o convite que você recebeu.”

“O casamento com o meu melhor amigo”
Emmanuelle Bertoldi,9 anos de casamento

Em novembro, quando completa 10 anos de casada, Emmanuelle Bertoldi, 38, gostaria de ter uma cerimônia intimista, em Veneza, para renovar os votos com seu marido, Fernando. No entanto, a médica dermatologista reconhece que a falta de tempo e os compromissos profissionais tornam o sonho difícil de concretizar – uma visão mais pragmática que aquela de uma década atrás. O modelo de comemoração também é quase o oposto de seu casamento, que teve 600 convidados – mas nem 200 eram convidados do casal, de fato. É somente por ter tido a experiência de uma grande cerimônia, na igreja de Santa Teresinha, e de uma grande festa, que Emmanuelle se permite sonhar com uma comemoração menor: ela não mudaria nada da ocasião de seu casamento. Nem mesmo o vestido, bem tradicional, sobreposto por um casaqueto fechado e já selecionado com vistas ao gosto da noiva 10 anos depois. Nesse ínterim, o que ela observa é que as festas evoluíram: “Estão muito mais glamourosas, com 1001 recursos, durando mais tempo e a decoração está mais sofisticada”, aponta a mãe de Maria Augusta, de um ano e dois meses. Conviver com pessoas, ela, nos seus modos tranquilos, concorda, é difícil. E, prestes a renovar a promessa de união de vida, com ou sem cerimônia ou festa, pequena ou grande, Emmanuelle aconselha: “Vejo que pessoas que pensam parecido são mais fáceis de conviver, criam cumplicidade. (…) E tem que ter cumplicidade, tem que pensar que o seu marido é o seu melhor amigo”.

 

“Vejo que pessoas que pensam parecido são mais fáceis de conviver, criam cumplicidade.”

“A festa durou até as 10h da manhã”
Alexia Taques, 1  ano de casamento

À parte o momento em que a luz acabou, minutos antes de entrar no salão, Alexia Taques não foi uma noiva nervosa – pelo contrário, sentia-se bem segura no dia de seu casamento, como agora. “Eu tinha certeza de que era a pessoa certa, estava com ele há anos”, diz hoje, aos 23 anos e pouco mais de um ano depois do matrimônio, sobre o marido, o médico Felipe Yared. Desde então, a vida ficou mais leve, segundo a arquiteta. O casamento, para cerca de 400 pessoas, aconteceu na casa da família da noiva e terminou às 10h, com os noivos ainda na pista de dança: “Eu não queria um clube, um lugar onde seria só mais um casamento. Na minha casa, só pelo fato de ser o nosso lugar, já tinha uma energia diferente”, explica Alexia, que não mudaria nada em seu casamento, mas, em uma segunda festa, escolheria a ilha grega de Míconos, onde Felipe propôs e sua família passa as férias. “Em Míconos, teria a vibe que eu queria, mas não teria a minha cara”, avalia a arquiteta, que, no Brasil, pôde escolher os fornecedores a dedo, bem como a decoração.

*Matéria publicada originalmente na edição 208 da revista TOPVIEW.

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