As flores de Curitiba têm nome e endereço: Chico Winiarski, da Chilflor Floricultura

Zegmundo Winiarski mal sabia o que o futuro reservava quando, com apenas oito anos, colhia copos de leite e vendia na porta do cemitério. Aos 16 anos, começou a trabalhar com decoração e, no início da década de 70, foi contratado pelo Clube Curitibano. Não demorou muito para abrir a Chilflor, floricultura especializada em eventos. Após o seu falecimento, quem está à frente da loja é seu filho, Chico Winiarski, ao lado da mãe e do irmão, ambos sócios.

Nesses 47 anos de história de floricultura, observando seu pai e agora tocando o negócio de família desde 2012, Chico pode observar a mudança no ramo, principalmente nas preferências dos clientes. Quando percebe que o cliente está com medo de errar, sempre sugere flores brancas e, embora isso geralmente agrada os curitibanos que possuem gostos mais tradicionais, vê que a cidade vem seguindo as tendências nacionais de São Paulo e Rio de Janeiro. “Aos poucos, os tons mais claros estão sendo deixados de lado por tons mais fortes, ou então decorações completamente coloridas, em cores vibrantes”, explica ele, que também não acredita que exista um tipo certo de flor para cada evento.

A Chilflor faz a decoração de casamentos, festas de 15 anos, eventos empresariais e aniversários. São doze funcionários fixos, além de entregadores e freelas. Foi Chico e sua equipe que fizeram a decoração do Prêmio TOPVIEW Gastronomia 2018. Assim como o prêmio, outro evento desafiador foi um casamento em Foz do Iguaçu, para mais de 800 pessoas. A dificuldade se deu em parte pela distância, mas também pelo pedido dos noivos, que exigiram arranjos de seis metros de altura, teto e caminho de flores ao longo do salão.

As flores vêm da cidade de Holambra (SP) e são armazenadas em refrigeradores enormes que, em dias de evento, ficam lotados. Já as folhas verdes, usadas na base dos arranjos, são produzidas na loja mesmo, vindo de mudas que o Zegmundo fez, anos atrás. Quanto às flores que sobram nos eventos, embora a maioria seja descarte, Chico particularmente gosta quando os próprios convidados levam para casa. “Assim, eles aproveitam as flores por mais tempo”.

Chico reconhece a inegável valorização das flores em eventos, tanto pela beleza quanto pelo cheiro que exalam. Ele explica que, quanto aos odores, depende muito do gosto do cliente. “Alguns gostam do ambiente todo perfumado, então borrifamos de tempos em tempos. Outros não gostam do cheiro, então optamos por flores que quase não possuem fragrância”, conta. Entretanto, embora as flores estejam sendo cada vez mais valorizadas, Chico também percebe que muitos não conseguem arcar com o valor que elas exigem, principalmente quando escolhem flores que não estão em época, ou que costumam florescer em abundância somente no exterior. “Como peônias, que são européias. Nesse caso, ainda mais fora de época, a decoração encarece”.

O comércio de floricultura física, com vendas em balcão, também não é fácil. Hoje, às famílias costumam comprar flores no supermercado ou, quando precisam de algo mais elaborado, compram pela internet. A Chilflor possui site e outras duas lojas físicas, uma no Cemitério Água Verde e outra na praça Rui Barbosa, ambas com público bem definido. Formado em administração, Chico gosta da parte de gerenciar e, para o futuro, pretende expandir a marca.

Na época em que assumiu a Chilflor, quem mais o incentivou foi sua esposa e sua família. Hoje, isso não mudou. A rotina, como Chico mesmo explica, é de “segunda a segunda, com raros dias de folga”. Quando perguntado sobre presentear pessoas com flores, não se conteve: “Quando vejo uma flor diferente das demais, que tem um tom mais especial, levo para casa e dou para a minha esposa.”