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Jayme Bernardo está no topo

Com projetos em arquitetura, design e eventos, Jayme Bernardo conquistou uma carteira de clientes exigentes e se tornou referência em luxo e criatividade

O escritório do arquiteto Jayme Bernardo não poderia ter vista mais nobre e privilegiada: os jardins do Castelo do Batel – visão acessível somente a quem está lá no alto. Metaforicamente, é onde Jayme está: em posição privilegiada, nas alturas. Jayme, que nasceu em São Paulo, mas viveu, estudou e fez nome em Curitiba, assina projetos na capital paranaense, em Jurerê Internacional, em São Paulo, Nova York, Miami, Paris… Só para citar algumas cidades.

Seus clientes circulam na alta roda e parecem se encantar não só pelo trabalho, mas por sua natureza comunicativa e sutilmente simpática. Por causa disso, sua relação com as pessoas, especialmente clientes, mescla-se ao seu trabalho e às suas criações. “Ele consegue captar em seus projetos o que o outro gostaria de ver”, afirmou Estela Sandrini, diretora cultural do Museu Oscar Niemeyer (MON), no prefácio do livro que estampa as obras assinadas pelo arquiteto, expostas no museu entre dezembro de 2013 e março de 2014.

Assim, propondo um projeto como um todo – desde a arquitetura até o design de interiores, com decoração e mobiliário – ele foi conquistando clientes e se diversificando. Até que um deles quis sua assinatura na festa de casamento. Foi quando ele incorporou o party designer também. “No meu escritório a gente procura atender o cliente em tudo: arquitetura, design, decoração, mobiliário… Ele gosta disso e confia”, revela. “Mas evento mesmo é um trabalho muito específico e voltado para os clientes mais próximos.” Sim, o selo Jayme Bernardo em um evento é também cobiçadíssimo por sua exclusividade.

Questionado sobre qual foi a primeira grande porta que se abriu para que ele conquistasse uma carteira de clientes tão privilegiada, Jayme – que tem em seu portfólio o luxuoso e exclusivíssimo Palazzo Lumini, no Ecoville – acha que não existe ponto definido de partida. “É uma questão de coerência. Sou um workaholic, trabalho 24 horas por dia, fiz alguns hotéis bacanas e residências que agradaram tanto que estreitaram o vínculo com os clientes.” Enquanto ele justifica, chega o recado de um cliente de São Paulo pedindo que Jayme e sua equipe façam considerações sobre o elevador da casa e sobre a possibilidade do jardim ser transformado em um grande escritório.

Um funcionário da criação recebe as instruções – e sai para pôr mãos à obra. A equipe da Jayme Bernardo Arquitetura, formada por cerca de 30 funcionários, não é somente executora, mas fonte de inspiração. “Gosto de conversar com eles, trazem suas visões. É uma troca”, diz. “Cada vez que circulo pelo escritório conversando, são novas ideias que surgem. Nessa profissão é preciso ser curioso”, afirma.

Design

Há pouco tempo, o antigo flerte com o design ganhou lugar na vida agitada do arquiteto workaholic. Jayme, que sempre gostou de desenhar, resolveu montar um departamento dedicado ao tema no escritório. No início foi direcionado apenas a clientes, mas a demanda cresceu e do casamento da arquitetura com design nasceu uma importante linha de móveis, alguns deles premiados no IDEA, prêmio nacional de excelência em design. Já produzidas em escala industrial, 25 peças de mobiliário da Jayme Bernardo Arquitetura – entre mesas, aparadores, bancos, pufes, cadeiras, poltronas e sofás – foram apresentadas na exposição do MON. No entanto, segundo ele, as peças que definitivamente o resumem são três: a lúdica mesa Polly, cujos numerosos pés são resultado das dobras feitas em seu tampo; o nobre conjunto de módulos de mesas Poligonal, feito em bronze e adaptável a qualquer estilo de ambiente; e a delicada mesa de madeira Yara. “Cada peça e cada linha são fruto de muito trabalho e da busca constante por aperfeiçoamento, desde seus aspectos criativos aos de inovação tecnológica e sustentabilidade”, diz.

Inspiração

As fontes das ideias de Jayme brotam de todos os lugares. “O arquiteto tem que saber sobre tudo. Um detalhe de moda se torna inspiração. A troca de informação com os mais novos também é importante.” Fora do Brasil, Nova York tem sido desde sempre uma cidade inspiradora para ele, que recentemente passou a se encantar também com Xangai e Hong Kong. “Xangai equilibra antigo e moderno. Você vê obras impressionantes, mas continua vendo a Xangai original lá dentro.”

Certos nomes também o inspiram. Um deles é o de José Hermeto Sanchotene, arquiteto que foi seu professor na Universidade Federal do Paraná. “Ele me mostrou o que é arquitetura. Até então eu achava que queria ser arquiteto, mas não sabia como é que era realmente. Devo muito a ele.” Oscar Niemeyer obviamente está em sua lista – por ter sido referência de ousadia e levado o nome do Brasil ao mundo. Assim como a genial iraquiana Zaha Hadid – que, para Jayme, é capaz de brincar com a arquitetura dando surpreendente movimento a seu trabalho – e o norte-americano Frank Lloyd Wright, considerado um dos arquitetos mais importantes do século 20.

No terraço arborizado do escritório, lugar que Jayme diz pouco aproveitar para lazer porque lhe falta tempo, instalou-se uma colmeia. Dali sai um mel que ele manda embalar, estampa com o selo Jayme Bernardo e presenteia a quem ele tem em alta conta. O lugar é tão bonito e aconchegante que alguém poderia morar ali. Jayme mora em um apartamento inteiramente reformado por ele no alto de um prédio no Alto da Glória. Mas ele poderia morar em qualquer lugar. “Acontece que gosto de Curitiba. E gosto de ver a cidade do alto.” Jayme Bernardo, o arquiteto que adotou Curitiba no coração, definitivamente habituou-se a estar no topo.

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