Embaixadora business woman: Cintia Malaquias, outubro de 2018
O bate-papo desta edição é com Wanderley Nunes, profissional que atua no disputado mercado de beleza. Ele começou como cabeleireiro, influenciado pelo pai, um barbeiro, e, ao longo do tempo, firmou-se como um grande empreendedor. Possui hoje oito unidades do Studio W espalhadas pelo país e cerca de 900 funcionários. Em Curitiba, ele é sócio de Leonardo Guedes no Casa W, da qual sou cliente. Foi lá, inclusive, que minha filha Maju e eu nos produzimos para a sua festa de 15 anos. Wanderley acaba de voltar da badaladíssima Semana de Moda de Nova York e conversou comigo sobre o início de sua carreira e seus planos para o futuro.
Conte-nos um pouco de sua trajetória.
Sou paranaense, meu pai foi o primeiro barbeiro de Maringá. Aos 10 anos, já me interessava por cabelos. Com o tempo, fui aprendendo. Um dia, meu pai disse que eu não saberia cortar cabelo de jeito nenhum. Aquele foi o meu maior desafio e acabou me motivando.
Quais são as peculiaridades do mercado de beleza no Brasil, se comparado com os internacionais?
Acho que o Brasil tem um grande mercado, apesar de praticarmos leis esquisitas. Aqui, você corta o cabelo da mulher dez vezes e o valor de nove vai para o governo. Não que lá fora não tenha impostos, mas eles são bem aplicados. No Brasil, é muito difícil ganhar dinheiro, administrar um salão e ser reconhecido como um artista. As clientes sim, mas o governo não reconhece o tanto que você dá de emprego. Por outro lado, o brasileiro é muito criativo, tem muitas ideias e executa muito bem. Considero o profissional brasileiro um dos melhores cabeleireiros do mundo.
Ao longo dos anos, o que você aprendeu sobre o seu público?
Acho que o melhor consumidor é aquele que considera justo o preço e o melhor cabeleireiro é aquele que cobra justo também. As mulheres do interior dão mais valor aos cabeleireiros de cidades grandes, mas deveriam olhar um pouco para onde moram, porque sempre há bons profissionais.
O que caracteriza o Wanderley como gestor?
Eu sou visionário, não mudo muito como cabeleireiro ou empresário. Na minha opinião, todo artista tem um pouco de dificuldade para ser empresário e eu tive sorte, pois desde pequeno sei administrar os negócios. Sou muito ético, justo e humano com as pessoas em quem invisto. Eu acho que o mercado de Curitiba é muito prostituído, muito salões trabalham de forma irregular e a “casa vai cair” para um monte de gente. Uma cidade como Curitiba não pode ter essa informalidade. É uma cidade grande, moderna, com muita cultura, pessoas importantes. E muita gente pratica a profissão de forma marginal, isso mesmo entre salões conhecidos. Eu acho isso péssimo para a profissão.
No seu perfil no Instagram, você se coloca como um amante da culinária. Esse é o seu hobby para relaxar?
A maneira com que eu mais relaxo é com a arte. Vou ter uma loja de arte em São Paulo que se chama Use, um espaço maravilhoso, que vai ter uma exposição fotográfica permanente e aula de culinária. Eu curto muito a vida viajando, indo atrás da história da arte, da gastronomia e fazendo cabelo, que é a minha vida.
3 LIÇÕES DE NEGÓCIOS QUE APRENDI COM WANDERLEY NUNES
- Acredite em si mesmo, sempre!
- Seja justo e reconheça talentos.
- Tenha um hobby e pratique-o.
*Matéria originalmente publicada na edição 216 da revista TOPVIEW.