Economia da Afetividade: os sentimentos em alta nos negócios e no dia a dia
Você já ouviu falar da Economia da Afetividade? Esse movimento mercadológico surge para resgatar os sentimentos deixados de lado, como roupas que tenham um laço afetivo e que pertenciam à sua avó ou lugares que resgatam a vontade de estar entre amigos e família.
O mundo atual vem exigindo que as empresas foquem mais no valor do toque, fugindo do tangível. Por isso fui conversar com a especialista em Imagem e Estilo Pessoal com foco no Varejo de Moda Cristine Carvalho que me apresentou um pouco dessa vertente que vem ganhando espaço nas mais diversas áreas, e que depois disso-tudo que vivemos vai se consolidar.
Resgate da empatia
Cristine explica que a o conceito da Economia da Afetividade surge exatamente da ideia de afetarmos alguém de alguma forma.
“É afetar o outro e também no sentido afetivo, resgatando sentimentos como carinho e amor. Na moda podemos trabalhar com roupas que tenham um laço afetivo, como o tricô e o crochê ou algo que pertenceu aos seus ancestrais. É a economia de maior valor. A Amaro, por exemplo, lançou a primeira marca em cima do gene da pessoa”, diz.
A profissional lembra ainda que essa tendência busca resgatar a empatia, a importância de entender o outro deixando de julgar e passando a enxergar.
Na consultoria de imagem, área em que Cris trabalha, ela salienta que a afetividade é repensada através da técnica das cores – comumente usada por profissionais do ramo, mas trabalhando nas medidas do corpo humano.
“Acabamos brincando mais, usando o Baralho de Estilo criado pela profissional Rachel Jordan, por exemplo. Fica algo mais dinâmico. O objetivo é resgatar itens que fizeram parte da história da pessoa e que ela às vezes nem se lembrava. A técnica não é mais a protagonista e sim a pessoa. O ser humano interfere mais. Por exemplo, se percebo que o cliente é mais nostálgico, levo ele até um antiquário. O objetivo é provocar sensações”, acrescenta.
Varejo em processo de mudança
Segundo Cris, o varejo também está mudando e estão olhando mais para os clientes e colaboradores de forma individualizadas, criando experiências que mexem com o coração e colocando a venda como última instância.
“Os colaboradores estão com vozes mais ativas, podem mostrar os seus potenciais. Os empresários estão vendo que eles não são máquinas, estão investindo mais em capacitações, potencializando laços. Já com os clientes o foco está sendo em convidá-los para eventos (mesmo os online), conversando e compartilhando ideias em momentos mais intimistas, não só em lançamentos de coleções e eventos de grande porte”, analisa.
A consultora cita a loja de departamentos Macy’s, que inovou e passou a entregar produtos do setor de cosméticos para os colaboradores testarem, assim eles podem falar efetivamente das maquiagens a serem comercializadas.
“Os colaboradores testam e passam a ter opiniões reais, podendo falar o que realmente pensam para os clientes e vender de forma mais efetiva. É o pensamento na pessoa, contemplando o ser humano”, completa.
Algo que está cada vez mais comum e que integra essa tendência que veio para ficar é, de acordo com a profissional, a moda sem gênero (roupas unissex), além da questão ageless (sem idade).
“As lojas estão vendo a importância de ter uma equipe diversificada, de idades, gêneros e até mesmo etnias diferentes, onde o cliente possa se enxergar e se sentir ainda mais bem-vindo”, afirma.
Uso no dia a dia
Outro conceito da Economia da Afetividade é o combate ao hiperconsumismo, segundo Cris o foco é adquirir só o que nos faz feliz, e isso é possível ser exemplificado até mesmo nos famosos ‘looks do dia’.
“Podemos usar peças que causem emoção estética para passar como nos sentimos, como o uso de tons escuros quando estamos tristes, o bordado quando estamos mais sentimentais. Podemos e devemos integrar a Economia da Afetividade em nosso dia a dia, seja ouvindo o outro – tendo escuta ativa e realmente prestar atenção, olhando nos olhos. Ser afetivo é enxergar o ser humano como único, personalizado. É entender todos somos diferentes, é a conexão com o outro”, finaliza.