PODER

Cultura organizacional x identidade individual

Como formar uma cultura forte e única sem perder a riqueza da diversidade

Se você, que está lendo este texto agora, estivesse me ouvindo, perceberia meu sotaque alemão. Estou no Brasil há sete anos e sou um apaixonado pela cultura brasileira. Desde os pontos mais visíveis – como a comida, a música, as paisagens, a caipirinha – até aqueles detalhes que muitas pessoas daqui nem se dão conta, mas que eu vejo como um valor inestimável. Entre eles, a resiliência, a criatividade e a vontade de fazer dar certo.

São características da identidade regional e do povo brasileiro que não podem ser desmerecidas dentro do ambiente empresarial. É fato que não há como construir uma marca de sucesso sem uma boa cultura organizacional. O DNA da companhia deve ser claro, forte e presente – desde o espaço físico até a comunicação e a forma como tratamos clientes e colaboradores. Mas como garantir que essa cultura bem consolidada também permita a maleabilidade que uma instituição feita por pessoas e suas individualidades requer?

“Ao meu ver, colaboradores buscam pertencimento! Muitas vezes, passam mais tempo na empresa, conectados com a cultura organizacional, do que na própria casa.” 

Por isso, querem encontrar um pouco deles mesmos em uma marca. A tendência é valorizarmos e nos dedicarmos mais a tudo o que nos faz “sentir parte”. É assim que se criam laços de relacionamento entre o indivíduo e a marca. Contudo, até onde pode ir essa flexibilidade? A grande questão talvez seja entender que é possível que a cultura organizacional sobreviva ao crescimento da empresa e que a diversidade de identidades individuais não precise significar desalinhamento do que é essencial para cada companhia.

Os líderes têm papel fundamental nisso. São eles, principalmente, que levarão o discurso para a prática, criando rituais que reforcem a cultura organizacional, fazendo da empresa um espaço para colaboradores engajados e cientes de que esse alinhamento não desmerece sua individualidade. É assim que construiremos empresas vivas, movidas por seus valores, sua missão e seus propósitos – e inspiradas por pessoas, para pessoas. 

* Coluna originalmente publicada na edição #246 da revista TOPVIEW.

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