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Como é que se vende o verão?

O que impulsionava as vendas foi repensado e, agora, é hora de aproveitar para curtir – com consciência

Acurta e desejada temporada de verão, naturalmente associada ao tema de férias, descanso e lazer, é um período de grande oportunidade para as marcas. Afinal, com a cuca fresca e a carteira cheia, essa tende a ser uma época em que se consome mais. O consumo vale para uma infinidade de produtos e serviços, desde cerveja e protetor solar até vestuário e carro novo. Vai ano e vem ano, a época chega e a pergunta que fica para os publicitários é sempre a mesma: “afinal, como é que se vende o verão?”

Já houve um tempo em que o verão era vendido com corpos exuberantes de quem tomava “coscarque”. Teve, também, a fase yuppie, em que atividades esportivas típicas de um público bem-sucedido, como acelerar o jet ski sobre as ondas, vendeu bem até pasta de dente. Quem é que se lembra do creme dental Kolynos e o seu slogan, “o gosto da vitória”?

Fato é que a nossa sociedade passou a refletir mais sobre comportamentos estigmatizados que nos deixavam em uma espécie de loop, repetindo atitudes arcaicas e preconceituosas só porque, até então, sempre tinha sido assim. A propaganda, por sinal, tem culpa em cartório nesse papo, pois foi conivente e, inclusive, incentivou a manutenção desse comportamento enquanto as vendas iam bem, obrigado. Enfim, houve um basta, liderado por ações de marcas como a Dove, com a campanha pela Real Beleza, que aceitou a verdade como a forma correta de se fazer propaganda. Minha esperança é que essa conscientização se mantenha.

O ano já foi duro o bastante para termos que aguentar propagandas com clichês ruins a essas alturas. Vamos vender o verão com filtro solar, mas sem os filtros das influencers. Dessa vez, vamos com a sinceridade de uma soneca na rede pós-almoço que sai todo mundo contente.

*Coluna originalmente publicada na edição #244 da revista TOPVIEW.

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