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Casamento: um abismo que a gente quer pular

Os votos de casamento são uma carta de amor, a revelação de uma escolha e o comprometimento com esse abismo que nós queremos pular

O melhor de um voto de casamento é que ele é uma carta de amor ao vivo e uma tese de admiração confessa.  Porque ele não é sobre quem escreve, mas sobre o outro. E é ritualístico.

É, ali, na frente de todo um mundo de pessoas que torce por um começo feliz. E é também nesses minutos em que a voz sai tímida que só as palavras pertencentes a um dicionário duplo fazem sentido – ou têm autorização para não fazê-lo.

Nenhum eu te amo com plateia bate um como você fica bonito com glitter no nariz.

Nenhuma promessa para uma vida inteira consegue competir com a madrugada virada que rendeu os bocejos mais comemorados da semana passada.

Nenhum elogio vence de alguém que nem repara ou se incomoda com as olheiras involuntárias em uma viagem com um fuso impossível. Um voto de casamento não tem prazo de validade.

Assim também é um voto de pobreza, um voto de castidade, um voto de fidelidade a uma profissão. Votos são uma fotografia em polaroide do comprometimento com uma causa, com um momento, com uma pessoa.

É portanto a revelação de uma escolha. E não há nada mais íntimo que dizer o que faz com que a gente se apaixone: a impaciência dos dedos esperando uma comida em um restaurante ou os títulos de uma biblioteca.

Um casamento, com uma causa ou com alguém, é um abismo que a gente decide pular porque sabe que as mãos não estarão mais desacompanhadas tateando no escuro um aperto.

Afinal, somos todos estrelas distraídas até achar nossa constelação.

E nada mais justo do que emoldurar esse encontro prometendo ser sempre um novo você. Sobretudo com o site de passagens aéreas sempre aberto e os passaportes lado a lado com a intimidade. De preferência, sem plateia.

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