Reinvente-se: a receita de Carolina Ferraz
Cimples! Assim, com “C” de “Carolina”. A marca de home e lifestyle foi criada durante a pandemia e é, hoje, quatro anos depois, uma das principais atividades profissionais da atriz Carolina Ferraz, que também é apresentadora do programa Domingo Espetacular, da RICtv Record.
A atriz, apresentadora, youtuber, produtora, cozinheira e mãe deixou o mundo das novelas – garante que para sempre – e abriu mais uma frente de trabalho em parceria com a filha mais velha, Valentina Cohen, que é formada em Economia e cuida da parte executiva do negócio.
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Carolina pode, então, dedicar-se à área criativa da empresa – e as primeiras inspirações vieram da sua própria coleção de louças e objetos para casa. Aliás, cuidar da casa, de cada detalhe, é uma de suas paixões, ao lado de atuar, escrever e, claro, apresentar notícias e histórias nas noites de domingo para todo o Brasil.
Aos 56 anos de idade e uma longa carreira bem-sucedida na teledramaturgia, Carolina Ferraz dispensa apresentações. A atriz fez parte do elenco de grandes novelas. Ao deixá-las, oito anos atrás, investiu na produção de conteúdo online, com um canal no YouTube, apresentou um programa de culinária e também lançou três livros.
Atualmente, Carolina divide os cuidados da filha caçula, Izabel, com o desenvolvimento de novas linhas para a Cimples by Carolina Ferraz, que vende seus produtos em site próprio e grandes lojas do segmento. Além de louças e utensílios, que aproveitam o boom de interesse em torno da arte da mesa posta, a marca lançou uma coleção de pijamas e outra de temperos.
No fim do ano, Carolina foi a convidada especial do WTC Woman, em Florianópolis, para contar sua trajetória às empresárias associadas ao player de negócios World Trade Center (WTC). Elas se reúnem periodicamente para discutir sobre negócios, especialmente negócios internacionais.
A marca Cimples ainda não saiu do Brasil, mas o céu é o limite. Valentina Cohen mora há mais de dez anos nos Estados Unidos, onde casou e trabalha no mundo empresarial. E Carolina nunca diz não a um novo desafio.
Você trocou a atuação pelo jornalismo e pelo empreendedorismo ou segue atuando em todas as áreas?
Não abandonei a atuação. Só não tenho mais disponibilidade para fazer novela. Exige muito tempo, disponibilidade física, presencial, o que não tenho neste momento. Quero ter mais liberdade, estar mais presente na minha casa. Ainda tenho uma filha pequena.
Eu precisava me transformar, me reposicionar, e abracei o trabalho de apresentadora há cinco anos e meio. Estou muito feliz à frente do Domingo Espetacular e tenho cada vez mais interesse em fazer melhor o que estou fazendo.
Mas não deixei de atuar. Acabei de fazer uma participação em um filme da Netflix, que vai estrear em outubro deste ano. Recebo sempre convites para teatro. O meu verdadeiro ofício é o de atriz.
Você se tornou muito conhecida como atriz de novelas, mas tem assumido vários papéis midiáticos, inclusive com uma passagem pela cozinha, como apresentadora e como escritora. A que atribui essa versatilidade?
A versatilidade vem de uma coisa que está além de mim. Deus me fez uma pessoa com recursos e eu me sinto assim. Há muitas áreas pelas quais eu me interesso, em que poderia atuar. Sou um ser humano interessado, curioso, gosto de aprender, não tenho problema algum em dizer que não sei, “por favor me ensine”, e recomeçar.
A grande habilidade do mundo moderno é a capacidade de adaptação, e eu me considero uma pessoa muito conectada com o tempo em que vive.
Os momentos de transformação são excelentes oportunidades de aprendizado, de melhora, de crescimento. Sou muito feliz por gostar de escrever, de cozinhar, de atuar, poder apresentar, ser uma empresária à frente de uma empresa de home e lifestyle, que é a Cimples by Carolina Ferraz, uma nova empreitada que abracei há apenas três anos.
A empresa foi criada em sociedade com sua filha. Como foi esse processo e como tem sido empreender em família? O desafio traz mais alegria ou desgaste no relacionamento?
Estamos indo muito bem. Só no ano passado, conseguimos mais do que duplicar nosso faturamento. Minha filha é uma excelente executiva e eu fico mais com a parte criativa.
A entrada no mundo do empreendedorismo foi uma aventura. Todos me diziam que empreender no Brasil é matar um leão por dia. E estavam certos. Mas eu sou muito apaixonada pelo que faço, pela minha empresa. Tenho certeza de que a Cimples tem um potencial enorme de amadurecimento e crescimento.
É um projeto de família em que eu e minha filha Valentina somos sócias. À medida que a empresa cresce, os problemas também crescem, e nós temos sido firmes e fortes, sempre aprendendo a atender o cliente da melhor maneira possível.
Trabalhar com minha filha é um prazer. Ela é uma pessoa extremamente capaz e criativa, uma excelente parceira. Como mãe e filha, tentamos separar bastante as questões de trabalho das questões pessoais. Mas estamos sempre juntas e muito conectadas, mesmo ela não morando no Brasil.
Que impacto teve na sua vida começar uma nova atividade profissional depois dos 50 anos? Hoje, aos 56, você sente alguma resistência da sociedade?
Eu me sinto jovem, pronta para aceitar desafios, para fazer coisas novas e diferentes. Recomeçar aos 50 anos foi realmente um ato de coragem, mas também de necessidade. Olhei minha vida pregressa, vi tudo o que fiz. Não preciso provar nada para ninguém, sou uma mulher bem-sucedida, tenho minha família, meu dinheiro, minhas coisas… Por que, então, fazer mais do mesmo? Se é para mudar vamos abraçar o novo, correr atrás.
Não foi fácil, foi muito difícil. Eu exigi de mim uma força hercúlea, tive que tirar energia das minhas entranhas para fazer essa virada, entrar no universo digital, me reposicionar como pessoa, como personalidade, para manter minha relevância nacional.
Troquei de emissora e de atividade, com determinação, e tem sido maravilhoso. Sou uma pessoa que gosta de trabalhar, uma feliz workaholic.
Foi um momento também de grandes transformações na vida pessoal. Terminei um relacionamento, tinha uma filha pequena, saí do Rio de Janeiro, onde morei por quase 30 anos, e voltei para São Paulo, terra da minha família. Acho que valeu a pena e faria tudo de novo.
O que você precisou aprender para tornar-se uma empresária, lançar uma marca, criar produtos e cuidar de um e-commerce?
Como empresária, eu aprendo todos os dias e, principalmente, aprendo quando erro. Claro que nós temos estratégia, uma equipe competente que trabalha conosco, temos um business plan. Mas a grande questão para mim é sempre a relação humana, a maneira como me relaciono com as pessoas que trabalham comigo, com os meus clientes. Como eu posiciono a minha marca, que tem por objetivo trazer aconchego, calor humano, mais harmonia para a casa das pessoas.
*Matéria originalmente publicada na edição #297 da TOPVIEW.