Fortunas a salvo: o papel dos gestores profissionais
O economista Wilson Barcellos é o CEO da Azimut Brasil, empresa de gestão de fortunas pertencente ao grupo italiano que tem seu nome associado a um elenco sofisticado de investimentos, que vão do mercado financeiro a itens como carros e iates de luxo. Listado na Bolsa de Milão, o Grupo Azimut opera em 18 países.
Uma longa trajetória de estudos e experiências profissionais trouxe Barcellos desde a faculdade de Economia até o posto que ocupa hoje, liderando a única empresa internacional de gestão de fortunas no país que não está vinculada a nenhuma instituição financeira. “Isso nos permite atuar com total independência, mantendo o foco exclusivo na qualidade do serviço e na gestão do portfólio de nossos clientes, sem conflitos de interesse”, observa.
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Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, o economista trabalhou no Banco Bozano Simonsen e no Opportunity Asset Management, construindo uma base sólida em gestão de ativos e investimentos estruturados. O período foi decisivo para a criação da Unifinance, sua própria companhia, que já conta com 18 anos de existência.
Na Harvard Business School, completou o GMP 19, expandindo sua visão sobre liderança e gestão de negócios globais. Atualmente, de volta à Harvard Business School, cursa o programa para líderes empresariais OPM 64.
Nesta entrevista para a TOPVIEW, Wilson Barcellos, que é conselheiro do player de negócios World Trade Center, fala um pouco sobre seu jeito de viver a vida e se debruça sobre temas como investimentos e a gestão de fortunas, um serviço que vem ganhando adesão crescente entre os brasileiros interessados em proteger seu patrimônio e fazê-lo crescer.
O cenário é sempre desafiador para os investidores. Mais ainda quando o ano começa com grandes novidades na maior economia do mundo. O que 2025 reserva para o mercado de gestão de fortunas?
Temos um novo presidente eleito nos Estados Unidos. Esse novo comando está gerando volatilidade nos mercados globais e pode, em algum momento, afetar relações comerciais com diversos países, incluindo o Brasil. No entanto, não enxergamos isso como o cenário base. Recentemente, observamos no Brasil sinais de alívio nos preços dos ativos brasileiros, com o dólar recuando e a bolsa se valorizando.
O foco principal para o Brasil deve estar menos nas dinâmicas externas e muito mais na gestão do cenário interno. Reformas estruturais, consolidação fiscal e uma redução do ruído político são fatores fundamentais que esperamos do governo eleito. Isso é essencial para estabelecer uma trajetória econômica mais estável, segura e previsível, o que, por sua vez, pode resultar em ativos mais valorizados, controle mais eficaz da inflação e juros em patamares sustentáveis e, assim, uma boa avaliação de seus eleitores. Com esses pilares no lugar, o Brasil pode oferecer oportunidades significativas para investidores em busca de retornos consistentes e protegidos contra volatilidades globais.
O brasileiro ainda guarda “dinheiro no colchão” ou mesmo entre os donos de patrimônio pequeno e médio já há ampla consciência sobre a importância da gestão profissional?
Embora ainda existam investidores conservadores, especialmente aqueles que mantêm recursos na poupança, a conscientização sobre a importância da gestão profissional tem crescido rapidamente. Isso é resultado do maior acesso à informação financeira, da digitalização de investimentos e da atuação de consultorias independentes e gestoras especializadas. No entanto, há um longo caminho a percorrer, especialmente no segmento de investidores médios, que, muitas vezes, têm recursos dispersos e poderiam se beneficiar de uma gestão consolidada e focada em metas claras.
Como o investidor brasileiro deve se comportar não apenas para proteger seu patrimônio, mas, principalmente, para fazê-lo crescer?
A chave para o crescimento sustentável do patrimônio está na diversificação bem planejada e na disciplina. O investidor brasileiro deve evitar a tentação de concentrar seus ativos exclusivamente na renda fixa, mesmo em um cenário de juros elevados. Nada se compara a uma carteira bem equilibrada e diversificada, que combina diferentes classes de ativos.
Ativos de maior complexidade, como ações, fundos imobiliários, fundos de infraestrutura e outros ativos de maior volatilidade, apresentam riscos, mas também grandes oportunidades de retorno no longo prazo. É nesse ponto que a atividade profissional pode fazer toda a diferença. A ajuda de gestores profissionais, que entendem o mercado e conseguem otimizar as alocações em ativos mais voláteis, permite ao investidor tirar o melhor proveito de cada situação.
Estudar o passado, conhecer seu próprio perfil de investidor, definir suas metas e o tamanho de sua tolerância, conhecer as opções de investimento… isso basta para enxergar o futuro e tomar decisões seguras?
Esses passos são fundamentais, mas não garantem decisões completamente seguras, porque o mercado financeiro é dinâmico e frequentemente influenciado por fatores externos, o que traz alta imprevisibilidade. É importante entender que não podemos evitar todas as perdas. O mais importante é saber tolerá-las dentro do perfil de investimento de cada um. Evitar totalmente o risco pode, muitas vezes, ser um grande erro quando pensamos no longo prazo. O segredo está em buscar assimetrias na relação de risco e retorno. Portanto, além de conhecer o próprio perfil, definir metas claras e compreender as opções de investimento, o investidor deve ter flexibilidade e humildade para se adaptar às mudanças de cenário.
A Azimut lançou um fundo de investimentos especializado em carros clássicos de luxo. Os brasileiros gostaram da ideia?
O brasileiro vem demonstrando um interesse crescente por alternativas de investimento não convencionais, que têm proporcionado maior diversificação para seus portfólios e taxas de re-
torno satisfatórias em relação ao risco. O fundo de carros Azimut Heritage Car, que investe em Carros Clássicos e Hypercars, é um exemplo claro dessa tendência. Essa combinação única de paixão e potencial de valorização tem atraído clientes muito especiais e de alto patrimônio, que buscam mais do que apenas retornos financeiros: eles querem experiências exclusivas e um portfólio sofisticado.
Esse fundo possui um histórico impressionante, com retornos médios históricos de aproximadamente dólar mais 8% ao ano, baixa correlação com qualquer outro ativo financeiro e perdas muito menores em comparação aos ativos negociados tanto na Bolsa de Valores do Brasil quanto em bolsas internacionais. Além disso, os investi- dores desse fundo têm acesso exclusivo
a eventos privados e restritos, criando uma experiência única que vai além da simples alocação financeira.
Um exemplo interessante da gestão estratégica desse fundo é o caso da Ferrari nas 24 Horas de Le Mans. Após 50 anos sem participar dessa lendária corrida, a Ferrari retornou no ano de 2023. O gestor do fundo já havia antecipado essa oportunidade ao adquirir o protótipo do carro antes da competição.
O fundo já havia se posicionado, sendo o carro vitorioso duas vezes consecutivas em Le Mans, gerando uma expressiva valorização no portfólio.
Fora do trabalho, o que você mais gosta de fazer?
Sou aficionado por esportes e por explorar novos países, especialmente aqueles que combinam riqueza cultural com belezas naturais. Meu grande hobby é o esqui. Uma vez por ano, reservo duas semanas para ir com a família e amigos a Courchevel, onde consigo relaxar e desfrutar dessa paixão. Viajar pelo mundo me permite conhecer novas culturas, expandir horizontes e renovar energias. Esses momentos de lazer são essenciais para equilibrar a rotina profissional e pessoal, proporcionando novas perspectivas e aprendizados constantes.