PODER

Isay Weinfeld e seu olhar sobre a arquitetura por Beto César

A influência que a arquitetura exerce sobre o marketing pelo olhar do grande arquiteto Isay Weinfeld

Isay Weinfeld é meu arquiteto favorito. Isay Weinfeld, antes de ser arquiteto, no entanto, é cineasta.

E, antes de ser cineasta, como ele mesmo se define, é um espectador, um curioso. Da sua curiosidade, nasce um olhar. Não do arquiteto, mas do indivíduo. Dos vários olhares, por outro lado, nasce um acúmulo de conteúdo que vem a ser traduzido por Isay Weinfeld como repertório. Além disso funciona como uma bússola, mostrando, a partir dela, as marcas que queremos imprimir no mundo.

A arquitetura, nesse sentido, caminha muito próxima da publicidade, pois ambas têm o mesmo fio condutor: a geração de experiências. Ambas expressam claramente, ainda que de forma silenciosa, argumentos e sensações e estão a serviço do mesmo objetivo: comunicar (e, por que não, lucrar?).

Quando unidas, essas duas áreas são imbatíveis. Quer um exemplo? As igrejas.

Arquitetura e Marketing?

Parênteses para dizer que quem fez esta análise, e a quem dirijo todo o crédito, foi Alex Periscinoto, papa da publicidade no Brasil e fundador da Almap, uma das agências mais icônicas do país. Alex pergunta: qual é o mais perfeito logotipo criado? A cruz.

O mais eficiente outdoor? A torre das igrejas, onde a cruz era colocada em lugar no qual pudesse ser visualizada de qualquer ponto da cidade. Os melhores anúncios? Os vitrais da Igreja. E o confessionário? O mais perfeito departamento de pesquisa já criado.

Observem que, em cada exemplo, há sempre a intersecção entre a arquitetura e a publicidade, a fim de que o objetivo seja alcançado. No final, é tudo a mesma coisa: seja o filme produzido, o projeto desenhado ou a campanha realizada.

 

O resultado depende do que a gente leu, aprendeu e viveu. Ou, com as palavras do próprio Isay Weinfeld, “a reunião das paixões nas outras áreas acaba afunilando e saindo através daquilo que você escolheu para se comunicar”.

Assim sendo, abra seu livro, escute sua música. Escolha a igreja, a religião que quiser, mas seja fiel a uma só coisa: o seu olhar sobre o mundo.

*Matéria publicada originalmente na edição 227 da revista TOPVIEW.

Deixe um comentário