Agassiz Linhares Neto
Formado em Engenharia Agrônoma desde 1987, prestou serviços para uma multinacional. Em 1993, começou a plantar e em 2003 se inseriu na pecuária e ainda mantém programas de pesquisas ligados aos grãos. Agricultor e pecuarista, já levou inclusive seu conhecimento para a Secretaria de Agricultura de Cascavel, no oeste do Paraná. Envolvido com a tecnologia e as novidades que podem ser empregadas no campo, acredita que é preciso inovar — e é o que tem feito.
Uma lembrança da infância que o campo lhe remete?
São duas situações. Eu tinha 7 ou 8 anos de idade e meu pai comprou uma chácara. Por lá, havia produção de mandioca, batata-doce, abóbora, e minha mãe fazia doces para nós. A outra lembrança é de quando eu tinha 12 ou 13 anos e o esposo da minha irmã me levava na fazenda dos pais dele. A gente tomava leite direto da vaca, com canela.
O que a vida agro proporciona que a urbana não?
A vida agro, acima de tudo, proporciona mais do que a urbana um conhecimento do que se vive nesse mundo. Hoje se faz muita propaganda do agro, mas a grande maioria das pessoas não tem conhecimento nem da agricultura, nem da pecuária, nem do que come. A vida agro oferece o reconhecimento da produção do alimento.
O que a agricultura traz para o profissional que outras áreas de atuação não?
O profissional da agricultura passa por muitos desafios. Um deles é a compreensão climática. A gente fala que o agricultor produz a céu aberto; muitas vezes, não entendem que o clima faz a diferença. Nós contamos com tecnologia e melhores equipamentos, mas ainda assim dependemos desse estudo do clima. O produtor, mesmo que plante só soja, milho ou trigo, precisa se atualizar, mas não pode esquecer a importância do clima.
Qual é a diferença do mundo agro hoje para o de quando você era criança?
Quem iniciou a agricultura nas décadas de 1960 e 1970 tinha muito menos tecnologia, porém, tinha mais lucratividade. Hoje, na atividade agrícola, as margens diminuíram muito, a concorrência aumentou e a gente tem que produzir cada vez mais com custos menores.
Última tecnologia que implantou em sua propriedade?
Ano a ano, a gente implanta uma nova tecnologia. Neste ano, por exemplo, compramos aplicadores, ensiladeiras novas que agilizam o processo de moer o milho. É muito difícil imaginar que cada ano tem uma inovação e é preciso acompanhar. Em 1998, tive acesso à agricultura de precisão, em 2012, comprei os primeiros monitores de colheita na agricultura e desde sempre muda alguma coisa. A agricultura não para. Por estes dias, comprei dois drones para fotografar a propriedade também.
O que mais o marcou em 2019?
Foi um ano muito produtivo. Consegui colocar em prática um projeto de carne. Trabalho com a raça Angus, criando reprodutores e fêmeas, desde 2005. Já nesta época, abatendo na fazenda, tinha o projeto de levar essa carne para mais pessoas. Esse projeto, chamado Farm Families, leva uma carne especial que hoje só se produz fora do Brasil.
O que você espera de 2020?
A gente quer que esse projeto cresça e atinja outros mercados fora do oeste, para que a gente possa crescer ainda mais.
*Matéria originalmente escrita por Thiago Leandro e publicada na edição #233 da revista TOPVIEW.