A ressignificação do luxo
O distanciamento social levou muita gente a ressignificar suas prioridades, que passaram a ser: a preocupação com a saúde da família, hábitos de vida saudáveis, alimentação balanceada, prática de exercícios físicos e, claro, um tempo maior e de qualidade com quem se ama. Pode até parecer clichê, mas raramente há quem discorde de que luxo passou a ser aquilo que era trivial. As relações com pessoas e marcas também foram impactadas.
Um dos grandes legados desse momento é diferenciar o que é essencial daquilo que é prescindível e, com isso, muitas marcas de luxo precisaram se reinventar. Quando se fala em bens de consumo, esses ganharam escalabilidade em suas vendas, pois o fato de ficarmos em casa mais tempo nos convidou a buscarmos mais recursos, como aparelhos tecnológicos mais modernos, sofás e cadeiras mais confortáveis e, até, ambientes inteiros mais aconchegantes e funcionais.
E, quando falamos de moda, a relação com as marcas também mudou. Em um foco voltado ao bem-estar, as pessoas têm buscado roupas mais confortáveis e, se as marcas atenderem aos quesitos de sustentabilidade e responsabilidade social, melhor ainda. Tornam-se as preferidas dos consumidores.
Com a facilidade de compras on-line e a presença digital das marcas, forçada pela pandemia, houve maior democratização no acesso a itens de consumo, entre eles os de luxo. É como se fosse um sistema de compensação para quem ficou recuado em suas casas por tanto tempo. E, quando os artigos não são mais exclusivos e escassos, surge um novo luxo. Aquele que é focado no modo de se comunicar com seus consumidores.
No momento em que se traz à tona o conceito de minimalismo, o luxo passou a se basear em qualidade de vida, estilo e bem-estar. Mas, quem leva isso a sério tem se engajado ainda mais com quem se preocupa de fato com a responsabilidade social e ambiental.
Hoje, percebemos que o verdadeiro luxo é ter saúde, moradia, conforto e amigos e família com quem possamos contar. O que passamos não será apenas moda, mas sim tendência: os novos hábitos adquiridos na pandemia vão guiar o cenário econômico de 2022.
*Matéria originalmente publicada na edição #257 da revista TOPVIEW.