A influência do marketing no mercado da arte
Esta edição da TOPVIEW traz um olhar aprofundado sobre a arte. Aproveitei o tema para entrevistar meu amigo Guilherme Assis, sócio da conceituada galeria de arte Simões de Assis, para entender, na visão dele, quais relações existem entre o marketing e a arte. Confira nossa conversa na íntegra!
Gui, para começo de conversa, qual é a influência do marketing no mundo das artes?
Lá no século passado, quando não havia a integração digital que existe hoje, os marchands — profissionais que negociavam obras de arte — já montavam estratégias de marketing para promoção de seus artistas. Desde publicações de catálogos à realização de eventos para debater arte, tudo era pensado para gerar conteúdo, promover informação e despertar nas pessoas o desejo de consumo.
Cabe mencionar aqui um caso bem interessante sobre um galerista de Nova York da década de 1950 chamado Leo Castelli. Para quebrar a hegemonia da arte europeia tradicional, ele começou a propagar, a partir de jantares entre as pessoas mais influentes da época, a notícia de que Nova York era o novo centro da arte. Desde lá, aplicava-se o famoso marketing boca a boca a partir de influenciadores. O marketing tem esse poder — de ampliar o tamanho do mercado. Por isso, ele não pode nunca estar separado do trabalho dos artistas e dos galeristas.
Quais caminhos um artista pode seguir para se tornar mais conhecido?
O artista tem o papel de se aproximar dos agentes do mercado — formadores de opinião, curadores e críticos de arte — , pois são essas pessoas que podem propagar a qualidade do seu trabalho. O universo da arte é restrito. O networking é, portanto, uma chave fundamental para romper as barreiras existentes. O artista, individualmente, também pode mostrar seu trabalho, principalmente a partir de ferramentas como o Instagram. O
romantismo de ficar dentro do seu ateliê esperando um curador aparecer já não é mais uma possibilidade.
Como é que se aumenta o valor da obra de um artista?
A valorização de um artista e suas obras tem relação direta com a administração de sua carreira. A galeria é quem cuida da ponte entre o artista e o mercado e busca, por meio de feiras internacionais, posicionar o artista em novos mercados e dolarizar o seu trabalho. Quanto mais global o alcance do artista, maior é sua valorização.
*Matéria originalmente publicada na edição #259 da revista TOPVIEW.