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A corte de Lula

Condenado duas vezes por saquear os cofres públicos, o ex-presidente deveria voltar para a cadeia, mas o Supremo Tribunal Federal parece trabalhar para que ele volte à presidência

Se, no passado, o ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva acusou o Supremo Tribunal Federal (STF) de ser “acovardado” agora, o petista assiste de camarote a uma série de decisões da suprema corte que podem desaguar na concessão de um passe livre para que possa voltar a disputar da presidência.

A trama ardilosa está em curso há meses na Segunda Turma do STF e é tocada sem qualquer discrição. Em agosto do ano passado, uma sentença contra o ex-presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, acusado de pedir R$ 17 milhões em propinas, foi anulada. Recentemente, veio o segundo ato. Desenterraram o caso Banestado, julgado por Sérgio Moro, e anularam uma sentença contra o doleiro paranaense Paulo Roberto Krug, acusado de ajudar a desviar mais de U$ 30 bilhões. Nos dois casos, alegaram que Moro teria sido parcial porque ouviu delatores do esquema depois dos réus. As decisões são absurdas e desautorizam o sistema judiciário, que tinha confirmado as sentenças em todas as instâncias que pelas quais tinham passado. Coincidentemente, Lula se encaixa na mesmíssima situação e deve ter o caso julgado em breve.

Não há dúvidas de que Lula montou um grupo para saquear os cofres públicos. Foram devolvidos R$ 4 bilhões – e, convenhamos, ninguém devolve o que não roubou. Existem confissões, delações e provas robustas. Por tudo isso, foi condenado duas vezes por corrupção e lavagem de dinheiro em dois processos diferentes: triplex do Guarujá e sítio de Atibaia. É ficha suja e impedido de se candidatar. Aliás, se não fosse a ajuda do STF em acabar com a prisão em segunda instância, ele estaria duplamente preso.

Lula age como um maestro operando para que o STF o atenda mais uma vez. De cinco ministros da famigerada Segunda Turma, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski estão afinados com o petista. Já Edson Fachin e Cármen Lúcia jogam do lado da lei. O quinto elemento, Celso de Mello, está em licença médica, logo, teremos um empate. Aí vem a grande jogada petista. No placar de 2×2, será aplicado o chamado “in dubio pro reo”, que dá vitória a Lula. O Judiciário se curvará a um homem milionário e poderoso. Pelo jeito, só as urnas poderão livrar o país do mal petista.

Frase do mês 

(Foto: Marcello Casal Jr | Agência Brasil)

“Com o empate de 2×2 no STF, fica anulada minha sentença que condenou um doleiro no caso Banestado – um marco do combate ao crime.” – Sérgio Moro, lamentando a anulação de uma das sentenças do caso Banestado. 

*Coluna originalmente publicada na edição #240 da revista TOPVIEW.

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