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Daniela Barranco fala das maravilhas de Jerusalém e Belém em sua coluna de viagens

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Daniela Barranco

Jerusalém e Belém

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Cidade velha de Jerusalem, em Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Jerusalém é um dos principais destinos históricos do mundo, sendo o berço do judaísmo, cristianismo e islamismo. A cidade comprova a rica e multicultural história dessa região sagrada para muitas religiões.

A Cidade Velha de Jerusalém foi construída no topo do Monte Moriah, segundo a Bíblia, Abraão quase fez o sacrifício de seu filho Isaac sob às ordens de Deus – mais especificamente, onde está hoje o Domo da Rocha, que coroa Jerusalém. Posteriormente, o islã santificou o mesmo morro porque foi de lá que Maomé supostamente subiu aos céus. E foi também, dentro dessas mesmas muralhas da Cidade Velha que Jesus foi sacrificado.

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Cidade Velha de Jerusalém, em Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Jerusalém foi construída e destruída diversas vezes. Fundada pelo Rei David, que instalou seu imenso Templo de Salomão em cima do Monte Moriah, e depois destruída pelos babilônios. Ela foi então reerguida pelo Rei Herodes, que fez uma imensa plataforma em cima do monte e lá construiu seu Templo de Jerusalém, depois destruído pelos romanos – as “paredes” dessa plataforma são, hoje, uma pequena parte do Muro das Lamentações.

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A arquiteta Daniela Barranco em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Jerusalém é um dos poucos lugares no mundo que foi controlado em vários momentos pelas civilizações mais influentes do mundo. As principais atrações de Jerusalém deixam os visitantes maravilhados, inspirados e espiritualmente revigorados.

Via Dolorosa

Alguns dos locais mais sagrados do Cristianismo podem ser encontrados em Jerusalém, incluindo a Via Dolorosa. Traduzido como o ‘Caminho da Tristeza’, este percurso na Cidade Velha inclui pontos críticos na procissão de Jesus rumo à crucificação, incluindo a Fortaleza Antônia e a Igreja do Santo Sepulcro.

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Santo Sepulcro, em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Suas ruas estreitas estão cercadas pelo comércio, repletas de peregrinos de todas as partes do mundo. Existem 14 estações sagradas ao longo da rota da Via Crucis. Cada uma delas marca um evento que aconteceu durante a ultima caminhada de Jesus antes da crucificação. Nove desses pontos se encontram na Via Dolorosa e os outros cinco ficam dentro da Igreja do Santo Sepulcro. Para quem gosta de unir história e religião, vale a pena conhecer esse local sagrado para os católicos.

Igreja do Santo Sepulcro

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Santo Sepulcro, em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Considerado o local da crucificação de Jesus, bem como seu sepultamento, acredita-se que a primeira igreja neste local no atual bairro cristão foi construída pelo imperador Constantino I em aproximadamente 325 EC. Ela passou por destruições, reconstruções e renovações ao longo dos séculos, mas a Igreja do Santo Sepulcro que existe hoje foi reconstruída pelos Cruzados, em 1149 EC.

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Santo Sepulcro, em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Uma edificação discreta na parte externa, a arquitetura verdadeiramente atraente está no interior, com uma interessante mistura de estilos, incluindo românico, bizantino e gótico. Ele também tem influências ortodoxa grega, católica e armênia – esses estilos são encontrados na ornamentação deslumbrante e nas obras de arte das inúmeras capelas internas. A Pedra do Calvário, onde se acredita que a crucificação ocorreu, está envolta em vidro no luxuoso Altar da Crucificação e é a área mais visitada dentro da igreja.

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Santo Sepulcro, em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Sinagoga Hurva

A Sinagoga Hurva foi arrasada em 1721 (poucos anos depois da sua construção) e explodida durante a Guerra da Independência de Israel, em 1948. Depois, foi reconstruída na virada do milênio e reaberta em 2010. Hurva é uma sinagoga de quatro andares construída no estilo do renascimento bizantino. Passeios pelo interior ornamentado da estrutura fornecem uma história completa da Cidade Velha, desde os tempos bíblicos até o presente culminam em uma viagem ao telhado da sinagoga, que possui algumas das melhores vistas da cidade do Monte do Templo.

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Sinagoga Hurva, em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

O telhado abobadado é sustentado por pilares maciços. No interior, destaca-se a grande arca da Torá com seus portões ornamentais. Como uma das estruturas mais altas da Cidade Velha, a Sinagoga Hurva pode ser vista a quilômetros de distância.

O Muro das Lamentações

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Muro das Lamentações, em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Por cerca de 1000 anos, o primeiro e o segundo templos sagrados judeus situaram-se no que hoje é conhecido como a Cidade Velha, a área central murada de Jerusalém. Embora o Segundo Templo tenha sido destruído em aproximadamente 70 dC, um remanescente da estrutura de retenção do Monte do Templo ainda existe e é conhecido como Muro das Lamentações. O Muro das Lamentações continua sendo um dos principais lugares sagrados do mundo, onde os judeus têm permissão para orar e é o principal local de peregrinação do judaísmo. Visitar o enorme edifício de pedra oferece uma oportunidade de testemunhar judeus de uma variedade de culturas em profunda oração.

Cúpula da Rocha

A Cúpula da Rocha é um santuário muçulmano construído no Monte do Templo, coração de Jerusalém. Construído por Abd al-Malik, entre 691 e 692, durante a dinastia omíada, a primeira do Islã, carrega em seus elementos arquitetônicos os princípios da religião muçulmana e características das arquiteturas clássica, bizantina e sassânida. A rocha sobre a qual o santuário foi construído é sagrada para muçulmanos e judeus. Embora não seja uma mesquita, é o primeiro grande monumento muçulmano para adoração pública.

A função original e o significado da Cúpula da Rocha são incertos. O prédio não é uma mesquita e não se encaixa facilmente em outras categorias de estruturas religiosas muçulmanas. Desde a sua construção, a Cúpula da Rocha foi modificada várias vezes. Uma restauração significativa, substituiu os mosaicos externos por azulejos de cerâmica coloridos. No século 20, ornamentos internos e externos danificados foram reparados ou substituídos e a cúpula recebeu uma nova cobertura de ouro.

Monte das oliveiras

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Vista do Monte das Oliveiras, em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Apesar de não estar, dentro dos muros da Cidade Velha de Jerusalém, o Monte das Oliveiras é considerado parte desse pedaço da cidade. É do seu mirante, inclusive, que você tem a melhor vista das muralhas, com o Domo da Rocha ao fundo.

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Cúpula da Rocha vista do Monte das Oliveiras, em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

No monte também estão: a Igreja do Paternoster, onde acredita-se que Jesus ensinou a oração do Pai Nosso; a bela Igreja de Maria Madalena, com sete cúpulas douradas; a Igreja de Todas as Nações, também chamada de Basílica da Agonia, por ter sido o local onde Jesus teria realizado uma oração um dia antes de ser preso; e o jardim de oliveiras centenárias Jardim de Getsêmani.

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Vista do Monte das Oliveiras, em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Jardim e Gruta de Getsêmani

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Jardim de Getsêmani, em Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

Aos pés do Monte das Oliveiras, Jesus teria orado pouco antes de ser preso. O local, conhecido com Jardim de Getsêmani, é ocupado por oliveiras que podem ser tão antigas quanto as histórias bíblicas. O nome, que significa prensa de azeite, é referência direta a elas. E foi sob aquelas árvores que Jesus teria passado seus últimos momentos em oração, antes de suar sangue sobre a pedra (representada hoje pela rocha dentro da Basílica da Agonia).

No jardim, oliveiras continuam sendo plantadas pelos novos papas da Igreja Católica. O jardim é vizinho à gruta onde seus discípulos teriam aguardado por Jesus enquanto ele orava. E, segundo as tradições bíblicas, sob aquela gruta Jesus teria sido traído por Judas. Hoje a gruta é ponto de peregrinação e oração e em um pequeno altar recebe celebrações.

Basílica da Natividade

A Basílica da Natividade fica em Belém, na Cisjordânia, hoje faz parte do território Palestino e está sob domínio muçulmano, distante apenas 10 quilômetros de Jerusalém. Construída sobre o lugar onde, segundo a tradição, Jesus nasceu, é o segundo lugar mais visitado na Terra Santa, depois do Santo Sepulcro.

Aqui, vários períodos da história aconteceram. No ano 135, Adriano profanou o lugar do Nascimento de Jesus, plantando no local um bosque, com estátuas dedicadas a Adonis. Em 326, Constantino edificou a grande Basílica da Natividade. Em 529, os Samaritanos destruíram a basílica. Porém, esta foi reconstruída pelo imperador Justiniano, mais tarde, em maiores proporções, conforme a estrutura atual. Escapou da invasão dos Persas (614) e dos Muçulmanos, graças ao respeito deles pelo nascimento de Jesus. Os Cruzados, posteriormente, decoraram a basílica com lindos mosaicos, que recordam os ascendentes de Cristo. Na parte alta, inscrições que recordam o Concílio ecumênico de Constantinópolis. Outro mosaico, representa a incredulidade de S. Tomé e a ascensão de Cristo.

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A arquiteta Daniela Barranco na Basílica da Natividade, em Belém, no Estado da Palestina. (Foto: Acervo Pessoal)

A igreja tem uma excepcional riqueza artística, com mosaicos dourados nas paredes laterais, maravilhosos castiçais de prata e ricos ornamentos religiosos. A Gruta da Natividade, principal motivo das peregrinações, está situada numa caverna subterrânea, consagrada como sendo o local exato do nascimento de Cristo. É marcado por um altar e no chão uma linda estrela de prata com 14 pontas, rodeada por lâmpadas de prata lindamente decoradas. O complexo da Natividade é constituído pela Basílica, a Gruta da Natividade, a Igreja de Santa Catarina, Igreja Armênia Ortodoxa, Gruta do Leite, Mesquita do Califa Omar e a Praça da Manjedoura.

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Jerusalém, Israel. (Foto: Acervo Pessoal)

A Basílica tem uma singularidade: ao contrário de catedrais e igrejas espalhadas pelo mundo, com magníficas portas esculpidas, na Natividade a entrada se dá por uma pequena porta com apenas 1,30 metro de altura. Chama-se a Porta da Humildade.

Para entrar onde Jesus nasceu, é preciso inclinar-se e, nessa atitude, podemos compreender uma verdade profunda, a de que precisamos ser humildes para entender o mistério de sua vida.

Hotel Walled-Off

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Hotel Walled-Off, na Palestina. (Foto: Acervo Pessoal)

O Hotel Walled-Off, erguido no interior de um edifício residencial vazio, tem quartos com vista para o muro, um símbolo concreto do conflito entre israelenses e palestinos. O nome do hotel é uma referência à rede de estabelecimentos de luxo Waldorf e ao muro. São nove quartos, sete deles decorados por Banksy e dois por artistas canadenses e palestinos.

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O hotel, idealização do artista Banksy, foi construído em segredo absoluto durante um período de 14 meses. A base do projeto foi o objetivo de contar a história de cada lado do muro aos visitantes e dar a oportunidade de descobri-la por si mesmo. Absolutamente nenhum fanatismo é permitido.

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Hotel Walled-Off, na Palestina. (Foto: Acervo Pessoal)

Os conflitos, o muro e os Territórios Palestinos são uma fonte de inspiração para Banksy, grafiteiro conhecido por suas obras anônimas em espaços públicos. Em 2015, por exemplo, entrou na Faixa de Gaza para pintar três obras nos muros do território devastado um ano antes por uma guerra entre o movimento palestino Hamas e Israel. Banksy é um dos artistas contemporâneos mais intrigantes da atualidade, sua identidade até hoje não foi revelada de forma 100% segura.

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A arquiteta Daniela Barranco na entrada do Hotel Walled-Off, na Palestina. (Foto: Acervo Pessoal)

A Grã-Bretanha teve a Palestina em suas mãos em 1917 e por isso a decoração do piano bar remete ao tema colonial. Têm ventiladores de tetos e belíssimos sofás revestidos em couro. Os hóspedes e visitantes encontram uma inusitada coleção de obras de Banksy, como pinturas à óleo de locais vandalizados e estátuas sob efeito de gás lacrimogêneo.

Ao lado do hotel tem uma loja onde se pode comprar uma lata de tinta e escrever uma mensagem no muro bem à frente. O Hotel é real e é administrado pela comunidade local, a quem foi doado.

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