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Dalton Trevisan, discreto e enigmático até na hora da morte

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Nas redes sociais Rafael Greca postou esta imagem, onde aparece a casa em que Dalton viveu por muitos anos na esquina das ruas Amintas de Barros com Ubaldino do Amaral, no Alto da XV. O prefeito também lamentou a morte do escritor e decretou luto oficial.

Discreto e misterioso, por muitos anos Dalton Trevisan optou por ser recluso. Saía poucas vezes de casa, de maneira discreta, sem querer chamar a atenção de fãs de seu trabalho ou de curisosos. E foi assim até na hora de sua morte. A noite chuvosa de segunda-feira (09) foi recheada de enigmas que muitos jornalistas e amigos tentaram descobrir para saber se realmente o Vampiro de Curitiba havia morrido. Depois de muitas especulações e negativas, o Serviço Funerário da prefeitura de Curitiba, perto das 21h30, informava: morreu em casa, aos 99 anos, Dalton Jerson Trevisan. Porém, minutos depois a informação foi apagada supostamente por solicitação da família que teria recebido ordens de Dalton para que seu funeral fosse o mais discreto possível. Provavelmente um dos últimos pedidos do escritor que ganhou o apelido depois de publicar, em 1965, o livro “O Vampiro de Curitiba”. E, como dizem, eles são imortais. Em grupos de WhatsApp, jornalistas comentavam em tom de brincadeira que Dalton morreu antes de completar 100 anos para evitar homenagens pelo centenário.

Advogado formado pela antiga Faculdade de Direiro do Paraná, exerceu a profissão por sete anos, mas abandonou a atividade para trabalhar na fábrica de cerâmicas da família. O curitibano estreou na literatura com a novela “Sonata ao Luar” (1945). Entre 1946 e 1948, liderou em Curitiba o grupo literário que publicava a revista “Joaquim”. O folhetim foi um marco cultural que reuniu ensaios de grandes escritores, como Carlos Drummond de Andrade e também traduções de Proust e Sartre.
Ao longo das décadas, produziu diversos livros e contos que foram publicados em diferentes idiomas. Considerado um dos maiores contistas contemporâneos, foi vencedor de diversos prêmios, como o Camões, em 2012. Na época, a organização do prêmio afirmou não ter conseguido contato com Dalton para que ele fosse à cerimônia.

Nas redes sociais, diversas autoridades lamentaram a morte de Dalton Trevisan. O ex-prefeito de Curitiba Gustavo Fruet era parente do escritor, uma tia dele por parte de mãe foi casada com Dalton. No instagram, Fruet escreveu: “O anúncio de seu falecimento também entrará na lenda do Vampiro”.

O prefeito Rafael Greca decretou luto oficial e disse: “Perdemos o contista único, um dos melhores escritores do Brasil. Nascido em Curitiba em junho de 1925. Sua casa natal, na Rua Emiliano Perneta, ainda está em pé, remanescente da vidraçaria de sua tradicional família. Dalton venceu o Concurso Nacional de Contos em 1965, no governo Paulo Pimentel. Ficou famoso por seus contos e fez sucesso com a obra “O Vampiro de Curitiba”, datada de 1965. Publicou com seu amigo e ilustrador Poty Lazarotto a famosa revista “Joaquim”. Ganhou por quatro vezes o valoroso Prêmio Jabuti de literatura. Também recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra, em 2012. No mesmo ano, foi agraciado, em Portugal, com o Prêmio Camões. Dalton era grande e era nosso. Fez seu legado e não será esquecido. Um homem pode ser eterno se sua memória permanecer”, escreveu Greca no Instagram.


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