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Grands por Bessa entrou com exclusividade na casa do escritor Dalton Trevisan; Vampiro de Curitiba viveu ali por 68 anos

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A casa se encontra fechada desde 2022, ano em que Dalton se mudou para um apartamento no Centro de Curitiba. (Foto: Lucas de Paula)

O jornalista Reinaldo Bessa entrou com exclusividade na casa do escritor Dalton Trevisan na manhã desta quinta-feira (12). Jamais um jornalista teve acesso ao imóvel enquanto Dalton, morto na última segunda-feira (09), viveu nele durante quase sete décadas. 

Considerado um dos maiores contistas brasileiros, o curitibano Dalton Trevisan ficou conhecido, além do talento literário, pelo estilo recluso, avesso a qualquer tipo de aparição em público ou entrevistas. Viveu por 99 anos em plena introspecção e dedicado ao ofício de escrever. Dalton passou grande parte de sua vida na casa situada à Rua Ubaldino do Amaral esquina com a Amintas de Barros no Alto da XV, onde viveu por 68 anos, até 2022. O terreno foi adquirido por uma família curitibana e posteriormente negociado com uma construtora.

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A construtora e incorporadora Hugo Peretti é a proprietária do terreno onde fica a casa, local de seu novo empreendimento. O imóvel será restaurado e preservado. (Foto: Lucas de Paula)

A casa se encontra fechada desde que Dalton se mudou para um apartamento no Centro de Curitiba, aos 96 anos de idade, e hoje pertence à construtora e incorporadora Hugo Peretti, que irá erguer no terreno o seu próximo empreendimento residencial, a Andaluz, uma torre de dez pavimentos. A casa será restaurada e preservada pela empresa. O imóvel, que já foi cassino e armazém, é uma Unidade de Interesse de Preservação (UIP) do município. 

O velho casarão possui três quartos, sala, cozinha e sótão, além de um amplo quintal. Os cupins tomam conta do chão, assoalhos e teto. As escadas rangem a cada passo, anunciando a entrada de estranhos que conheciam a casa somente pelo lado de fora, protegida por enormes muros com arames farpados.

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O Vampiro de Curitiba morou na casa por 68 anos. (Foto: Lucas de Paula)

A casa possui dois pisos, além de um porão, que só se consegue acessar pelo quintal. O papel de parede está rasgado em quase todos os cômodos e não restam mais do que uma mesa de canto na sala principal, utensílios de cozinha e, nas escadas que levam ao sótão, um corrimão que se soltou da parede. As cortinas que guarnecem as velhas janelas são das poucas coisas intactas na casa. Mas o Vampiro de Curitiba não poderia se despedir sem deixar para trás alguns rastros e sinais de suas obras. O tesouro da casa estava em um dos quartos no andar debaixo. Um quadro com fotos de familiares e correspondências trocadas com amigos escritores como Carlos Drummond de Andrade e Otto Lara Resende. 

Dalton Trevisan possui mais de 50 obras publicadas e uma legião de admiradores em todo o Brasil. Ainda em vida doou seu acervo pessoal, como a biblioteca, correspondências, diários e prêmios, para o Instituto Moreira Salles. As cartas estavam distribuídas em sacolas, no chão de um dos cômodos. Também há DVDs nomeados por título e diretor, comprovantes de compra de seus livros, enciclopédias e até roteiro adaptado de “A Polaquinha”.

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Mesmo vazia, a casa ainda guarda as cartas que Dalton recebia de admiradores de todo o Brasil. (Foto: Lucas de Paula)

Do lado de fora, o mato alto toma conta do quintal e se estende até os fundos da casa. As árvores faziam sombra na tarde ensolarada desta quinta, o que parecia um convite para a visita, ao contrário da noite chuvosa de segunda-feira (09), quando Dalton morreu aos 99 anos.

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