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Abertura da exposição pelos 80 anos de Juarez Machado reúne convidados do Paraná e Santa Catarina no MON

Abertura da exposição pelos 80 anos de Juarez Machado reúne convidados do Paraná e Santa Catarina no Museu Oscar Niemeyer

Da Redação

O casal Eduardo e Dani Talamini (à esq.) e Liliana Cabral, da Artestil, a superintendente de Cultura Luciana Pereira e Rebeca Gavião (à dir.) (Fotos: Divulgação)

A abertura da exposição “Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos”, reuniu familiares, amigos do artista, personalidades da cultura, autoridades e convidados do Paraná e de Santa Catarina na noite desta quinta-feira (02) no Museu Oscar Niemeyer. A mostra comemora os 80 anos do artista nascido em Joinville, mas que estudou e começou sua carreira em Curitiba. Ele completou 80 anos em 2021, mas só agora a exposição pode ser inaugurada. Ele não esteve presente porque se recupera de uma pneumonia no Rio de Janeiro, onde passou a residir desde que voltou para o Brasil. A curadoria é de Edson Busch Machado, irmão do artista.

O nome da exposição — uma referência ao clássico de Júlio Verne — traduz, em parte, o movimento constante de Juarez depois de correr o mundo. Entre os presentes à abertura estava a equipe do Instituto Juarez Machado, com sede em Joinville, que forneceu parte das obras juntamente com o acervo pessoal do artista e a Artestil Galeria de Arte, de Curitiba, que o representa.

A exposição reúne mais de 170 obras de diversos estilos: pintura, desenhos, fotos, escultura e instalação. A coletânea abrange desde o início da carreira do pintor na capital paranaense até sua fase internacional, com a mudança para Paris, em 1986, passando pelos períodos no Rio de Janeiro, onde se destacou também como ilustrador, cenógrafo para televisão e teatro, figurinista, escultor e cartunista, entre outros ofícios criativos.

Abertura da exposição pelos 80 anos de Juarez Machado reúne convidados do Paraná e Santa Catarina no Museu Oscar Niemeyer
Anne Machado, Eula Regina Maciel, Marcos Bento e Michelle Machado. (Foto: Patrícia Klemtz)

“Seu despertar como artista teve início em Joinville. Mas foi em Curitiba que ele fundamentou esse trabalho antes de seguir pelo mundo”, diz Edson Machado. A mostra conta, por exemplo, com desenhos feitos com graxa para sapato na Rua XV de Novembro, no início dos anos 1960, quando Juarez nem sequer tinha dinheiro para comprar tintas. “O público de Curitiba irá se identificar com o Juarez que viveu na cidade de 1961 a 1964, quando também fez grandes amizades com nomes como Fernando Velloso, João Osorio Brzezinski, Fernando Calderari e Domício Pedroso”, diz o irmão e curador.

A mostra inclui obras produzidas em diferentes locais — sobretudo em ateliês de Paris, mas também em locais temporários em que Juarez viveu, como Veneza e Saint Paul de Vence, na França. “Cada ateliê é representado com cores, códigos e uma linha pictórica diferente, que a exposição reúne muito didaticamente”, explica Edson.

“Lúdica e poética como tudo o que Juarez Machado produz, a mostra percorre com interatividade diferentes décadas, estilos, localidades, materiais, técnicas, mídias e vertentes artísticas”, afirma a diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer (MON), Juliana Vosnika. “Artista com obra no acervo, ele escreve agora o seu nome definitivamente na história do MON, num importante momento em que o museu completa 20 anos e se consolida entre os principais museus da América Latina”, acrescenta.

Influência no cinema francês

A obra de Juarez Machado tornou-se patrimônio mundial, colecionando prêmios nacionais e internacionais. Suas criações, ricas em ousadia, complexidade e humor, influenciaram gerações de artistas no Brasil e no exterior. Entre os artistas influenciados por Juarez Machado está o diretor de cinema francês Jean-Pierre Jeunet, que se inspirou no inconfundível universo de cores do pintor para criar o visual do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001). Jeunet conheceu Juarez no início dos anos 2000, comprou quadros e estudou seu estilo.

Segundo Edson Machado, é possível relacionar a temática, as paletas de cores e diversas nuances do famoso filme com todas as pinturas da exposição, pois Jeunet se inspirou diretamente nas obras de Juarez. “O público conseguirá identificar cores como o verde veronese e o vermelho terral que são vistos em Amélie”, explica.

No Brasil, Juarez Machado também deixou sua marca em referências da cultura popular como o semanário impresso “O Pasquim” e a TV Globo, onde criou quadros humorísticos e musicais, além de assinar a criação de cenários e figurinos. Muitos ainda se lembram dos vídeos de mímica que Juarez criou e estrelou para o programa “Fantástico” nos anos 1970. A exposição faz referência a este famoso personagem nacional com a exibição de alguns desses vídeos em dois monitores.

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A equipe do Instituto Internacional Juarez Machado também esteve presente na abertura da exposição. (Foto: Patrícia Klemtz)

Também tiveram a assinatura de Juarez Machado capas de livros e discos e projetos de design e arquitetura ao lado de nomes como Sergio Rodrigues e o próprio Oscar Niemeyer. Algumas das mais de 200 capas de discos e livros criadas pelo artista poderão ser vistas na vitrine de artes gráficas da mostra, que ajudará a compor a retrospectiva da vida e obra de Juarez, juntamente com um painel de fotografias e informações biográficas.

Entre os destaques da exposição estão dezenas de esculturas, com as quais Juarez se destacou logo no início da carreira. Há obras em bronze, metal e gesso, além da conhecida instalação criada com estátuas de Branca de Neve e os Sete Anões. Também faz parte da mostra a famosa bicicleta com rodas quadradas que inspirou o logotipo do Instituto Juarez Machado.

Instituto Juarez Machado

Mais recente empreendimento de Juarez Machado em Joinville, o instituto que leva seu nome foi fundado por ele em 2014, com a ideia de estimular a arte em sua cidade natal. A instituição, que ocupa uma antiga casa da família construída em meados da década de 1930, desenvolve pesquisas, resgate e promoção de obras de Juarez e de outros artistas locais. O instituto vem desenvolvendo mostras paralelas a partir da aprofundada pesquisa sobre a trajetória de Juarez Machado para a exposição que agora pode ser vista no Museu Oscar Niemeyer.

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O vice-governador Darci Piana, a superintendente de Cultura Luciana Pereira e o curador da exposição Edson Machado. (Foto: Patrícia Klemtz)

Bicicleta

Segundo o curador da exposição, Edson Busch Machado, a ideia é que o público percorra a mostra como se estivesse fazendo um passeio de bicicleta — um dos ícones do universo pictórico de Juarez. Esse é o tema da projeção de vídeo que encerra a exposição. “Juarez mescla a bicicleta, um elemento da infância em sua cidade natal, com a descoberta da figura humana, seja no estudo da anatomia na Belas Artes ou das belas mulheres que ele tão bem retrata em suas pinturas. E, a partir desses dois elementos, a curadoria parte para suas demais obras. É uma viagem de bicicleta que percorre esses 80 anos e relembra todos esses elementos, os ateliês, as paisagens, as mulheres”, explica Edson Machado.

“Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos” fica em cartaz na sala 3 do MON até 18 de setembro. A exposição é uma realização da Secretaria Especial da Cultura (Ministério do Turismo) e do Museu Oscar Niemeyer e tem patrocínio da Vonder.

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