Colunista Daniela Barranco fala sobre a arquitetura e os monumentos de Roma
Nesta edição da coluna de viagens, a arquiteta Daniela Barranco fala sobre a arquitetura e a história dos monumentos mais famosos de Roma, cidade que, segundo ela, merece um texto inteiro para cada detalhe. Confira:
Arquitetura de Roma
Daniela Barranco
Roma é um destino inesgotável de descobertas, história e sensações. Não apenas para os amantes da arquitetura, mas para aqueles que amam enriquecer seus conhecimentos e ampliar seus horizontes. Isso tudo regado ao melhor vinho e a uma comida dos deuses. Anteriormente já escrevi sobre os tetos de Roma, porque nesta cidade cada ângulo vale um texto inteiro. Desta vez vou falar sobre a arquitetura e história dos monumentos mais famosos. No próximo, falarei da arquitetura da Cidade do Vaticano. Mesmo depois de 3 textos, tenho certeza que a cada viagem terei um novo olhar e mais coisas para falar sobre essa região apaixonante.
A arquitetura romana deu continuidade ao legado deixado pelos arquitetos anteriores do mundo grego. O respeito romano pelas ordens arquitetônicas estabelecidas, especialmente a coríntia, são evidentes em muitos de seus grandes edifícios públicos. No entanto, os romanos também foram grandes inovadores e rapidamente adotaram novas técnicas de construção, usaram novos materiais e combinaram de forma única as técnicas existentes com design criativo para produzir uma ampla gama de novas estruturas arquitetônicas.
Construída ao longo de três milênios e conhecida como a cidade eterna, Roma abriga um dos mais ricos patrimônios construídos do mundo todo, obras que influenciaram e inspiram arquitetos ainda hoje. Talvez sua maior atração esteja nas inúmeras camadas de história que foram sendo sobrepostas ao longo do tempo.
Coliseu
O Coliseu, uma das estruturas mais reconhecidas do mundo, é o maior de todos os anfiteatros romanos. Sua forma elíptica era um local para competições que acomodava cerca de 70 mil pessoas. Construído durante a dinastia Flaviana, já foi um dia um lago da luxuosa Villa Palácio de Nero. A construção já foi usada para competições de gladiadores, espetáculos públicos como reconstituições de batalhas famosas, produções teatrais, caçadas de animais e execuções.
A entrada e a saída do edifício influenciaram seu projeto como um todo: são 76 aberturas com arcadas no piso térreo que levavam os espectadores diretamente aos seus assentos nos diferentes níveis do edifício de 48 metros de altura. Os três primeiros níveis são formados por arcadas emolduradas por meias colunas desde o andar térreo dórico, passando pelo jônico e pelo coríntio – e terminam na superfície plana do andar do sótão com seus pilares compostos.
Em seu apogeu, o estádio todo em mármore Travertino teria sido ainda mais impressionante porque cada uma das aberturas em arco, agora vazias, já foi preenchida com estátuas de mármore. Numa visita guiada pelo interior, essa obra fica ainda mais impressionante, imaginar este gigantesco estádio em sua era de gloria, nos faz ter a dimensão da capacidade de construção dos romanos na época.
Fórum Romano
Localizado no coração da cidade de Roma, o Fórum Romano é uma praça retangular cercada pelas ruínas de vários prédios governamentais antigos. No auge do Império, o local foi palco de discursos públicos, julgamentos criminais, partidas de gladiadores e centro comercial. Com o tempo, tornou-se muito mais versátil e funcional, à medida que as relações públicas eram realizadas na área.
O Fórum Romano foi reconstruído várias vezes durante sua existência. Isso permitiu que diferentes formas de arquitetura se fundissem. A influência de cada período pode ser vista no projeto e na construção dos edifícios. Escavações estão constantemente em andamento dentro e ao redor do Fórum. Os historiadores ainda estão tentando descobrir novas descobertas que possam dar-lhes respostas sobre a idade exata de Roma.
Pantheon
A composição circular do Pantheon, projetada para refletir os céus e o sol, desvia-se da arquitetura grega e romana anterior, onde recintos retangulares serviam como templos. O templo original foi construído por Marcus Agrippa, em 27 AC, mas a estrutura atual foi criada pelo imperador Adriano, em 120 DC. O templo foi dedicado aos deuses e construído com uma abertura redonda no topo do telhado para funcionar como uma porta aberta para as divindades. Iluminado apenas pela luz que passa pelo telhado, a beleza do prédio muda com o sol.
Para suportar o peso da cúpula, que é totalmente autoportante, os materiais de construção tornam-se progressivamente mais leves. As seções inferiores são feitas de pedra, as seções intermediárias de tijolo e a seção superior de concreto. Seu interior é todo em mármore polido e o piso é inclinado para escoar a água da chuva que entra pela abertura. Todo o edifício é uma obra-prima da engenharia romana. Ao mesmo tempo, representa uma mistura perfeita entre as formas arquitetônicas gregas tradicionais e a criatividade romana.
Mercado de Trajano
Mercado de Trajano é o nome dado no início do século 20 DC a um complexo de edifícios nos fóruns imperiais de Roma, construído durante o reinado de Trajano. O complexo, feito de tijolo vermelho e concreto, tinha seis níveis e incluía um mercado coberto, até 150 lojas e um bloco de apartamentos residenciais.
Considerado o primeiro centro comercial da história, foi amplamente restaurado nos últimos anos e desde 2007 abriga o Museu Dos Fóruns Imperiais. Caminhando pela área, o Mercado parece relativamente intacto, enquanto pouco resta do Fórum, exceto por colunas e ruínas. A Coluna de Trajano, no entanto, está em condições impecáveis e apresenta um friso de 190 metros ilustrando a batalha de Trajano na Dácia.
Castelo de Sant’Angelo
Também conhecido como mausoléu de Adriano, é uma fortaleza cilíndrica que fica às margens do Rio Tibre, perto da Cidade do Vaticano. O imperador Adriano encomendou o mausoléu como local de descanso para ele e sua família.
No século VI, o Castelo deixou de funcionar como um túmulo e tornou-se uma fortaleza papal. Durante o século 13, o Papa Nicolau III ligou a estrutura atual à Cidade do Vaticano por meio de um corredor, ao longo do topo da parede circundante. Essa rota de fuga de emergência “secreta” salvou a vida de vários pontífices sitiados.
O que chama a atenção na visita interna ao castelo é o contraste absoluto entre as celas escuras e úmidas dos andares inferiores e os quartos e galerias superiores bem ventilados e refinados. Com vista para o panorama envolvente do terraço da cobertura do prédio, está uma enorme estátua do século 18 do Arcanjo Miguel.
Monumento a Vittorio Emanuele
Ao lado da Praça Venezia, no topo do Monte Palatino, está o notável monumento branco em homenagem ao primeiro rei da Itália unificada, Vittorio Emanuele II, também conhecido como Altar da pátria, ou ainda “Bolo de casamento”, projetado por Giuseppe Sacconi.
O complexo abriga o túmulo do soldado desconhecido da Itália, bem como um museu dedicado à história da unificação do país. Mas o ponto mais bonito fica no topo do terraço, que oferece vistas panorâmicas da cidade e de suas ruínas. Este edifício popular é tão grandioso e ornamentado que chega a impressionar. Das magníficas estátuas de carruagens puxadas por cavalos no telhado aos detalhes do interior tudo é incrível.
Fontana di Trevi
A fonte está localizada no bairro de Trevi, ao lado do Palazzo Poli. Uma fonte anterior no local foi demolida no século 17 e um concurso de design para uma nova fonte foi ganho por Nicola Salvi em 1732.
A ideia de combinar a fachada do palácio e a fonte nasceu de um projeto de Pietro da Cortona, mas a grandiosa pompa do arco triunfal central da fonte com suas figuras mitológicas e alegóricas, formações rochosas naturais e água jorrando foi de Salvi. A Fontana di Trevi levou cerca de 30 anos para ser concluída.
A imensa fonte tem cerca de 26 metros de altura e aproximadamente 49 metros de largura. No centro está a estátua de Oceanus, de Pietro Bracci, que fica no topo de uma carruagem puxada por cavalos-marinhos e é acompanhado por tritões . A fonte também possui estátuas de Abundância e Saúde. Sua água, do antigo aqueduto chamado Acqua Vergine, por muito tempo foi considerada a mais suave e saborosa de Roma; durante séculos, barris dele foram levados todas as semanas para o Vaticano. No entanto, a água agora não é potável.
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Praça Navona
A praça foi construída no antigo Estádio de Domiciano, uma arena em forma de ferradura para corridas a pé construída no século I DC.
O estádio era conhecido como ‘Circus Agonalis’. Acredita-se que com o tempo o nome mudou para ‘in agone’ para ‘navone’ e, eventualmente, para ‘navona’. Ou pode ser porque “Navona” significa grande navio, referindo-se às simulações de batalhas navais ali realizadas.
No centro da praça encontra-se a maior das três fontes da Piazza Navona, a Fontana dei Quattro Fiumi ou Fonte dos Quatro Rios. Construído entre 1647 e 1651, o projeto foi encomendado pela primeira vez a Borromini, mas mais tarde foi assumido por Bernini. Os quatro Deuses do rio representam a autoridade papal em todo o mundo. O Nilo (África), o Danúbio (Europa), o Ganges (Ásia) e o Rio del la Plata (América).
A arquitetura romana, nos forneceu estruturas magníficas que resistiram durante milhares de anos. Ao combinar uma ampla gama de materiais com designs ousados, os romanos foram capazes de ultrapassar os limites da física e transformar a arquitetura em uma forma de arte. O resultado foi que a arquitetura se tornou uma ferramenta para demonstrar ao mundo que Roma era culturalmente superior porque somente ela tinha a riqueza, as habilidades e a audácia para produzir tais edifícios.
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