Mostra individual “Inquietações”, de Vicenzo Smntt, leva a reflexões na arte
Julio Cesar Lima, especial para o Portal Reinaldo Bessa
O artista visual Vicenzo Smntt não está preocupado com rótulos, por isso adotou um pseudônimo buscando fugir de julgamentos e vínculos que remetam à sua origem. O direcionamento de sua pesquisa em arte contrapõe ideais culturais, éticos e estéticos perpetuados pelo colonialismo. Em entrevista ao portal, o jovem artista curitibano conta um pouco sobre sua recente estadia na Itália, onde frequentou o curso de extensão em pintura contemporânea na Academia de Belas Artes de Firenze, e destaca sua verve na mostra individual “Inquietações”, na Círculo Galeria de Arte, em Curitiba.
“Por gerações fomos incentivados a acreditar em falsos ideais de supremacia que apagaram, excluíram e violaram epistemológicas que os contrapunham. E se os índios tivessem colonizado a Europa? Por ser cidadão Italiano, desde a infância cativei uma certa sensação de pertencimento à cultura europeia, mas precisei vivê-la em meu cotidiano para me conscientizar que, por ser latino-americano, não faço parte deste grupo. A hegemonia preconizada pelo eurocentrismo não pode mais ser vista como uma verdade única”, diz.
Vicenzo conta que em sua relação com a arte precisou quebrar alguns paradigmas e ressignificar conceitos. Para ele, produzir arte na contemporaneidade significa repensar sobre as funções da mesma, incluindo seus suportes, convenções e limitações. Sua produção investiga e combate universalismos impostos como ideais para o ser-humano. “As pessoas gostam de representações miméticas pois elas permitem uma interpretação facilitada e que não exige grandes reflexões. Compreender um trabalho abstrato exige do observador um viés de pensamento não linear, pois sua estética proporciona uma experiência desconfortante que atravessa os limites de sua consciência”, explica.
Segundo ele, muitos ingredientes contidos em suas obras indagam temáticas sócio-políticas da atualidade. Seu processo busca fugir de dogmas que possam impor limitações. “Gosto de pintar com tinta a óleo pois ela nunca se comporta da mesma maneira, mesmo sendo um arquétipo tradicional, durante seu longo processo de secagem, ela me permite investigar a relação da obra com o espaço que ocupa e sua relevância para o âmbito social”.
O artista iniciou seus primeiros trabalhos aos 15 anos, mas foi durante os anos da faculdade que profissionalizou sua produção. No momento, é pós-graduando na Belas Artes de São Paulo. “Um bom artista não pode levar em consideração apenas a fruição visual de suas obras, mas sim deve buscar ultrapassar os limites da visão e se questionar acerca das tangentes e contaminações de seu trabalho com outros campos do conhecimento” diz.
Sobre os efeitos da pandemia nas artes, ele avalia que o mundo virtual auxiliou na difusão das expressões visuais, mas não necessariamente fez com que a arte se tornasse democrática. “As feiras, galerias e instituições tiveram que rever valores e inventar novos formatos para não acabarem, algumas passaram a realizar eventos virtuais que, de certa forma, expandiram a propagação das expressões visuais, mas, por outro lado, isso deixou ainda mais saliente a barreira de acesso tecnológico enfrentada no Brasil. Já se menosprezou muito o mundo virtual, mas mercadologicamente hoje tem sido uma das poucas a saídas para a maioria dos setores”, analisa.
A mostra Inquietações vai até 18 de dezembro. O online viewing room foi disponibilizado no www.vicenzo.art.
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Uau!! esse cara é um gênio.
Visitei outra exposição do início da carreira…….. quanto conteúdo!
Parabéns.
amei amei amei amei amei !!!
visitei o atelier em curitiba e são paulo e sou colecionadora ……..
beijos da Luh