SPFW N51: veja como foi o primeiro dia de evento, que destacou diversidade e reconexão

Foi dada a largada! Na quarta-feira (23) começou a edição número 51 do São Paulo Fashion Week (SPFW), mais uma vez, em formato 100% digital. O evento, que vai até domingo (27), marca a abertura da semana de moda em formato de um festival que une criatividade, arte, moda, sustentabilidade, conhecimento e tecnologia com curadoria de Marcello Dantas e uma programação ativa que se estende por todo o ano.

Das 43 marcas participantes, 10 delas são estreantes. No primeiro dia, oito se apresentaram marcando raízes culturais diversas, reconexão, esporte e até festas. A TOPVIEW começa hoje uma cobertura completa da semana de moda de São Paulo! Confira os highlights:

ÀLG

A marca de Alexandre Herchcovitch e Fabio Souza apresentou a coleção de verão 2022 misturando fantasia e realidade. Em parceria com a Warner Bros, Consumer Products e Cartoon Network, a ÀLG produziu um fashion film em um quadra de basquete, com seus modelos desfilando ao lado de alguns personagens de Looney Tunes. A nova coleção é bastante esportiva, incluindo leggings e moletons, além de um styling que prioriza mistura de estampas e sobreposição.  

MENINOS REI

A dupla Júnior e Céu Rocha estreou na SPFW como parte do projeto Sankofa — que pretende racializar a moda por meio da inserção de 8 novas marcas de pessoas negras e indígenas na semana de moda —  e apresentação foi destaque no primeiro dia: uma homenagem ao orixá da comunicação e da linguagem, Exu.

A reconstrução de estampas africanas e o uso de patchwork são os diferenciais da marca, com recortes, colagens, e padronagens inovadoras que carregam história, ancestralidade e estilo.

ALUF

A nova coleção da Aluf, “Beleza Cotidiana”, foi idealizada antes do lockdown e convida o público a refletir a questão “Onde está a beleza do cotidiano?”. A marca convidou os seus seguidores e clientes a escreverem onde estaria a beleza de seus cotidianos e o resultado se transformou em uma carta coletiva. É ela a responsável por guiar o vídeo em um tom intimista e sensível.

Abrindo a porta de sua casa, a estilista transformou o tecido de seu sofá em estrutura para as peças, a madeira de seu mobiliário em brincos, o tassel de sua rede em um detalhe para as roupas e até o tal chiclete verde, do início, foi traduzido na cartela de cores.

ATELIÊ MÃO DE MÃE

Também por meio do projeto Sankofa, a marca Ateliê Mão de Mãe fez a sua estreia no SPFW. A coleção representa o momento de reconstrução de seus fundadores e propõe um uso mais moderno e urbano para o crochê. 

No fashion film, a brand cria um mood de boas energias com ventos baianos, som de pássaros e ondas do mar. Referências do candomblé e ancestralidade dos seus criadores também marcam a apresentação.

ANACÊ

As estilistas Ana Clara e Cecília, idealizadoras da ANACÊ, resgataram as crenças e processos de autocuidado passados de geração em geração em suas famílias na coleção. Dividida em atos, a produção ganhou o nome de RUTA, nome científico da planta arruda.

Shapes amplos, cores fortes e aviamentos diferenciados compõem as criações da etiqueta, sempre arrematadas por materiais com algum diferencial, seja na construção, na base das fibras ou no acabamento do tecido. “Inicialmente, a ideia era fazer uma alfaiataria de uma forma um pouco mais tradicional”, disseram à Elle. Essa intenção, no entanto, logo evoluiu e se desdobrou nas percepções e vivências pessoais de Ana Clara e Cecília durante a pandemia.

RONALDO FRAGA

Relacionando a moda com a poesia, Ronaldo Fraga apresentou a coleção Terra de Gigantes, que valoriza a cultura popular do Cariri Cearense, região localizada na Chapada do Araripe, no Ceará. Para ele, o nordeste brasileiro é a “amálgama de nossa cultura”, e, por isso, aceitou prontamente o convite do Sesc Ceará para explorar os Museus Orgânicos e dos Mestres da Cultura do Cariri, fundados em 2018, pelo próprio Sesc em conjunto com a Fundação Casa Grande, como disse à Elle.

O fashion film de Fraga foi todo filmado no Cariri e marca uma grande celebração.  “É a oportunidade das pessoas verem as roupas dentro do universo que as inspirou”, disse.

LILLY SARTI

As estilistas Lilly e Renata Sarti apresentam uma coleção de verão dividida em três cápsulas: uma sobre a “percepção do eu” (com peças como bermudas, camisas e conjuntos em fibras naturais, patchwork de jeans, listras e tricoline); “reflexão do ser” (com vestido em estampa de labirinto, looks em jeans, peças minimalistas que vão do azul noturno até o solar amarelo); e “dimensão do sagrado” (com peixinhos bordados e estampas já não tão contrastantes).

Do momento introspectivo e de entendimento pessoal em relação ao universo, surgem as estampas em forma de labirinto e os desenhos de planetas e estrelas. A cartela é quase toda neutra, com tons pastel ou cores esmaecidas. Os tecidos também apresentam uma cara mais cotidiana, com destaque para as fibras naturais tipo linho e algodão.

SAMUEL CIRNANSK

Em sua primeira apresentação no formato digital, Cirnansk retorna ao SPFW depois de 6 edições com uma coleção enxuta, mas muito marcante. O estilista é conhecido pela moda festa que transita entre técnicas tradicionais e inovadoras, e, no seu film, ele reproduz a ideia de um backstage com uma sessão de fotos que está prestes a acontecer. 

“Esta coleção é pequena, em função das limitações, mas representa uma vontade de estar junto, de mostrar uma roupa”, explica o estilista à FFW.