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SPFW N51: os desfiles da última noite da semana de moda

O line-up do último dia contou com apresentação das coleções de 8 marcas

Os desfiles 100% online da São Paulo Fashion Week N51 encerraram ontem (28), com a apresentação das coleções de 8 marcas. Ao longo dos cinco dias de programação, os internautas e amantes da moda puderam ver 43 marcas, com 10 estreias – além do Projeto Sankofa – e 2 retornos nesta temporada. Confira as coleções apresentadas na última noite da semana de moda. 

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WILSON RANIERI

Ranieri retorna ao line-up da São Paulo Fashion Week com coleção inspirada em uma estampa floral, comprada há mais de três anos. As cores fúcsia, tijolo, piscina e roxo dão o tom para as peças repletas de caimentos e texturas de diferentes tecidos, como malha, cetim e seda. A personalização é uma das principais linhas da coleção, guiando o consumidor à materialização dos seus desejos de consumo.

“O pensamento aqui é personalizar… a gente quer personalizar tudo…os tecidos, as peças, os acessórios que tudo seja feito de acordo com o que a pessoa/loja quiser… e que essas peças possam se misturar a tantas outras que faremos e que já existam. Personalizar é o mood das pulseiras até as roupas… mudar tecidos, texturas, cores, caimentos…”, conta o criativo.

SOUL BASICO

A coleção “RE-VERSO”, do criativo Zeh Henrique Domingues, traz uma reflexão sobre o tempo durante o isolamento e brinca com a passagem do tempo pela luz, começando por uma paleta de cores mais leve até a mais escura, como uma analogia do dia para a noite. O estilo da marca é assinado por Wilson Ranieri.

Camisas-jaqueta, calças dupla face, tecidos tecnológicos e ecológicos são alguns dos destaques da coleção.

 VICTOR DA JUSTA

A coleção “Cognição Faminta” carrega uma discussão sobre a dualidade entre o tecnológico e o analógico, as nocividades da tecnologia e da informação em excesso, todas vividas diariamente neste momento de pandemia. Confeccionada em três estampas, desenvolvidas pelo designer Victor da Justa, as peças têm referências orientais e resgatam o futurismo dos anos 1980, idealizadas na identidade andrógena da marca.

A alfaiataria desconstruída mistura-se à adereços de streetwear e pijamas, desenvolvidos em materiais como algodão brilhoso, lona grossa, jeans, tules, detalhes e simbologia: o garfo representa a ideia de um banquete insaciável, cujo prato é a informação.

“Uma ode à cultura. Um estímulo à leitura, em que o lúdico e a criatividade exploram nosso inconsciente. Em um país que incentiva a ignorância, ler e pensar são atos de resistência.”

PONTO FIRME

O estilista Gustavo Silvestre marca a sua quarta participação no São Paulo Fashion Week à frente do projeto social Ponto Firme, que ensina técnicas artesanais do crochê aos detentos da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos (SP). 30 looks e 6 máscaras foram apresentadas na coleção desenvolvida por Silvestre e mais três egressos do Ponto Firme (Anderson Figueiredo, Tiago Araújo e Anderson Joaquim), confeccionada a partir de descarte têxtil, reaproveitamento de peças de doações e acervos, que foram ressignificados com o crochê.

“Tivemos como ponto de partida as máscaras artísticas produzidas pelo artesão Anderson Figueiredo, que empregou as suas habilidades em crochê desenvolvidas durante o período de cárcere, para o reaproveitamento de resíduos e lixo. As máscaras surgem como verdadeiras esculturas de forma totalmente autoral e são um elemento visual cheio de simbolismo e significado tanto para seu criador quanto para o projeto”, comenta Gustavo.

“É um trabalho coletivo que promove um olhar para o reaproveitamento na moda e gera uma reflexão sobre o ciclo de vida das roupas aliado às práticas socioambientais. Estamos propondo prolongá-lo ao máximo possível com essa coleção”, completa o artesão Anderson Figueiredo.

RENATA BUZZO

Inspirada em um poema autoral chamado “Júpiter e Saturno”, escrito no dia da conjunção astronômica desses dois planetas, em 2020, a coleção é contada no filme por dois personagens que possuem diversos desencontros. Os quatro elementos da natureza, ar, fogo, terra e água, foram utilizados como figura de linguagem para descrever diferenças psicológicas e materiais dos personagens.

Nas peças, mangas exageradas, silhuetas mais marcadas, detalhes e texturas, cores inspiradas nos planetas, em tons terrosos e rosados de Júpiter, e amarelados de Saturno, pintam a coleção que traz um mood dos anos 60 e 70.

 WEIDER SILVEIRO

Weider Silverio integra o lineup da semana de moda de São Paulo pela primeira vez, trazendo como inspiração a mulher contemporânea e o corpo feminino com a coleção Citá. São 30 peças inéditas apresentadas em um vídeo-desfile, que faz uma simbiose entre tecnologia, moda, arte e elementos futuristas, tendo o rooftop do Edifício Copan como palco do desfile.

“Pensar nessa estreia tem sido um desafio, mas também é o resultado de anos de trabalho e compromisso. Venho mostrando meu potencial criativo na Casa de Criadores há mais de uma década, para uma plateia e imprensa ávidas por isso. Agora é a fase de fortalecer minhas criações frente a um mercado maior, levando meu trabalho para novos espaços”, afirma Weider Silveiro sobre sua estreia no evento.

 WALÉRIO ARAUJO

O fashion film transita entre o preto e branco e o colorido para mostrar a coleção “Minha História” retratando, em looks estampados e repletos de elementos, bordados, pedrarias e franjas, a trajetória de Walério Araújo em seus 30 anos de carreira. Personalidades LGBTQIA+ são protagonistas do filme, da coleção e da marca, que carrega o DNA da diversidade.

FLAVIA ARANHA

Ao som dos pássaros e de respiros intensos, Flávia Aranha apresenta sua coleção, desenvolvidas a partir de resíduos acumulados pela marca no último ano, no fashion film “Sopro”, que mostra a conexão entre mulheres e a natureza. Referência em sustentabilidade na moda, a designer trouxe para a SPFW deste ano roupas volumosas e leves, elaboradas em algodão, linho, seda e lã naturais e orgânicas, além de acessórios que nos convidam a enxergar a vida sob uma nova perspectiva. A cartela de cores da coleção foi criada a partir de cascas de cebola, sementes, caldos de arroz e outros processos naturais, recriando os tons do céu e as suas transformações diárias.

Destaque para as peças em patchwork, desenvolvidas a partir dos retalhos do ateliê e transformados em novos tecidos. Foram reaproveitados quase 500 quilos de tecidos acumulados para a criação da coleção.

“Esse filme é um devaneio utópico em tempos distópicos. Um olhar sensorial e atemporal para a vida que nos atravessa. A câmera se coloca como o ar: flutua, plana, corre. Registra seu próprio caminhar pelo corpo, pele, tecido dessas mulheres que habitam nossas roupas-plantas”, diz Flavia Aranha.

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