Sobre “poder”: quando a liderança feminina redefine o conceito
Quando você pensa em poder, qual imagem vem à sua mente? Um homem de terno, em uma sala de reuniões? E se essa imagem fosse de uma mulher, com toda a sua feminilidade, liderando e conquistando seu espaço? Por séculos, o poder teve um rosto masculino. Desde as civilizações antigas, o comando esteve nas mãos dos homens – reis, imperadores, líderes militares e políticos.
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Mesmo quando mulheres assumiam o poder, como rainhas ou imperatrizes, eram vistas como exceções. A Revolução Industrial reforçou ainda mais esse paradigma. Enquanto os homens ocupavam cargos de liderança nas fábricas e no comércio, as mulheres eram relegadas ao trabalho doméstico ou a funções de menor prestígio. O ambiente corporativo moderno surgiu nesse contexto, consolidando a imagem do homem engravatado como símbolo de autoridade.
Mas os tempos mudaram – e nós estamos no centro dessa transformação. A moda sempre refletiu essa evolução. Durante anos, roupas femininas simbolizaram restrição: espartilhos, saias longas e regras rígidas sobre o que era “adequado”. Nos anos 1920, Coco Chanel libertou as mulheres dos espartilhos e popularizou as calças femininas. Em 1966, Yves Saint Laurent lançou o Le Smoking, desafiando a ideia de que poder e elegância pertenciam apenas ao guarda-roupa masculino. Nos anos 1980, com mais mulheres no mercado de trabalho, os ternos com ombreiras largas tornaram-se um símbolo de autoridade.
Hoje, o verdadeiro poder está na liberdade de escolha. Podemos usar alfaiataria ou vestidos fluidos, salto ou tênis – o importante é como nos posicionamos no mundo.
Empreender também é isso. Não se trata de copiar modelos masculinos, mas de criar novas formas de liderar, inovar e transformar. Quando fundei meu negócio, enfrentei desafios: falta de incentivo e preconceito por ser jovem e mulher dentro de um universo masculino, além da dificuldade de ser levada a sério. Mas isso só fortaleceu minha missão de apoiar mulheres na conquista de sua independência financeira. No Brasil, 34% dos negócios são liderados por mulheres, mas menos de 3% dos investimentos vão para esses negócios. Isso precisa mudar. Empreender não é só sobre lucro; é sobre impacto. Quando uma mulher conquista sua autonomia financeira, transforma sua família e sua comunidade e inspira outras.
Meu compromisso vai além do meu próprio negócio. Quero ver mais mulheres ocupando posições de poder, tomando decisões estratégicas e criando empresas que geram impacto real. Isso só acontece com conhecimento, rede de apoio e ação.
Em março de 2023, participei do evento do Pacto Global da ONU, em Nova York, sobre equidade de gênero. Junto com líderes de diversos países, concluí que o primeiro passo é inspirar meninas e mulheres para que saibam que elas podem ser o que quiserem.
Neste mês, convido você a refletir: o que significa poder para você? Para mim, é a liberdade de escolher meu próprio caminho e abrir portas para que outras mulheres façam o mesmo. Juntas, somos mais fortes. Vamos nos inspirando e conquistando cada espaço
*Matéria originalmente publicada na edição #298 da TOPVIEW