Papa não veste Prada: Bento XVI foi ícone fashion da Igreja Católica
A Igreja Católica anunciou a morte do Papa emérito Bento XVI (Joseph Ratzinger) no último dia de 2022 (31), aos 95 anos. A saúde do religioso já estava sob alerta. Em 30 de dezembro, o Vaticano tranquilizou os católicos ao afirmar que a saúde de Bento XVI estava estável. Comunicado que contrariou a versão dada por Papa Francisco em 28 de dezembro: na ocasião, o pontífice explicou que o colega estava gravemente doente e convidou o público a rezar por ele.
#RezemosJuntos pelo Papa emérito Bento XVI, que no silêncio continua a rezar pela Igreja. Peçamos ao Senhor que o console e o sustente neste testemunho de amor à Igreja, até o fim.
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) December 28, 2022
Com uma trajetória marcada por polêmicas, como a acusação de ter encoberto casos de abuso infantil, o ex-pontífice renunciou ao cargo em 2013. Desde então, vivia como Papa emérito, aconselhando Papa Francisco e servindo à Igreja Católica.
Bento XVI mantinha forte influência no Vaticano, ainda que não pudesse decidir as ações da Igreja. O ex-pontífice viveu os últimos dias no Mosteiro Mater Ecclesiae, do Vaticano.
Papa Bento XVI e a moda
Desde que assumiu o cargo, em 2005, Joseph Ratzinger já mostrava os sinais de que era um apreciador da moda. Quando eleito, dispensou a equipe de Annibale Gammarelli, família que vestia os pontífices desde 1792. Isso porque os trajes escolhidos para o cardeal no dia em que foi eleito como Papa ficaram levemente curtos e incomodou o religioso ao se olhar no espelho. Desde então, Alessandro Cattaneo e Raniero Mancinelli, especialista em indumentárias religiosas de luxo, foram convocados para vestir o pontífice.
Durante toda a trajetória, Bento XVI optou por vestes que resgatassem as diretrizes dos manuais dos Papas e tradicionalismos da Igreja Católica – ações não comuns entre o seu antecessor, João Paulo II e o seu sucessor, Francisco.
Em uma de suas primeiras aparições oficiais, usou um camauro – gorro de veludo vermelho bordado em arminho branco, semelhante a um gorrinho de Papai Noel. Destinado aos Papas, o acessório estava em desuso desde os anos 1960.
O acessório também foi usado por Bento XIV.
Os famosos sapatos vermelhos de Bento XVI foram reconhecidos pela revista americana Esquire, voltada ao público masculino, como o acessório mais elegante do ano (2005).
Na época, a imprensa internacional especulou sobre serem da grife italiana Prada. A Igreja Católica chegou a emitir um comunicado no jornal oficial “Papa não veste Prada, veste-se de Cristo”, mas não esclareceu quem fabricava os icônicos sapatos vermelhos que marcaram a trajetória de Bento XVI.
Uma apuração da Reuters explicou as origens: as peças foram fabricadas pelo artesão peruano Antonio Arellano, que os fazia à mão. Antes de servir ao pontífice, o artesão serviu a Joseph Ratzinger, na época cardeal, para consertar sapatos.