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Marca curitibana Reptilia viaja pelos abismos da Terra na coleção Tectônica

Enquanto o mundo volta os olhos para o céu em busca de novas fronteiras, a Reptilia mergulha em direção oposta. Em seu segundo desfile na São Paulo Fashion Week (SPFW), edição N59, a marca curitibana comandada por Heloisa Strobel volta-se para o que há sob nossos pés: a força invisível, porém, transformadora, da Terra.

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Inspirada nos movimentos geológicos que moldam o planeta, a coleção intitulada Tectônica explora a constante mutação das camadas terrestres — uma metáfora potente para a evolução do design da marca. A alfaiataria ganha destaque, com cortes que evocam fissuras, deslocamentos e sobreposições que remetem às placas tectônicas. As peças estruturadas apresentam múltiplas versões, como a camisa “Camadas”, cujas mangas podem ser ajustadas em diferentes comprimentos conforme as sobreposições são removidas ou acrescentadas.

(Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite)

Referências da Era Vitoriana surgem em detalhes como pelerines e capas conectadas por zíper, em diálogo com a estética arquitetônica já presente no DNA da Reptilia. A cartela de cores, dominada por tons terrosos, marrons profundos, cinzas e azuis foscos, reforça a conexão com os minerais e a superfície do solo.

Mantendo o compromisso com práticas sustentáveis, a marca aprofunda sua atuação no design de desperdício zero, utilizando resíduos têxteis para criar texturas únicas. Nesta edição, a técnica evolui com o uso do corte a laser, que permite acabamentos precisos e aproveitamento total das sobras, transformadas em aplicações manuais orgânicas e volumétricas.

(Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite)

A coleção marca ainda a estreia oficial da marca na moda masculina, com 20% das criações voltadas a esse público. Pela primeira vez, a marca apresenta também estamparia própria, baseada em fotos analógicas feitas por Heloisa no Oriente Médio. Impressa em tecido misto de seda e rami, a estampa revela fissuras e traços de água sobre o solo árido, conectando memória, viagem e superfície.

(Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite)

Com “Tectônica”, a Reptilia reafirma sua identidade ao unir rigor técnico, sensibilidade estética e compromisso ambiental, revelando que há muito a descobrir quando se olha para dentro — e para baixo.

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