FASHION MODA

Novos diretores criativos assumem as grandes maisons

As estreias de diretores criativos em Milão e Paris marcam uma nova era para as grandes maisons e apontam os rumos do luxo global

O calendário de moda deste mês promete um dos momentos mais aguardados da indústria com as estreias de novos diretores criativos em algumas das principais maisons do mundo. Em Milão e Paris, a sucessão de mudanças transforma a temporada em um verdadeiro palco de expectativas.

Na moda, o diretor criativo é o responsável por guiar a estética, o posicionamento e a narrativa de uma grife. Cada troca nesse comando representa mais que um ajuste de bastidores, mas trata-se de uma virada estratégica capaz de redefinir o DNA de uma marca no cenário global.

Estreias aguardadas de diretores criativos

A era Demna na Gucci

(Foto: reprodução)

Demna assume a Gucci nesta terça-feira (23) em Milão, depois de anos à frente da Balenciaga. Sua estreia já começou com a provocação de um lookbook que revisita estereótipos italianos de forma caricata. Conhecido pela ousadia e desconstrução radical, o designer georgiano chega à Gucci em um momento sensível para a marca, que representa metade das vendas do grupo Kering. 

Versace: a ousadia de Dario Vitale

Julia Roberts veste Versace no Festival de Veneza. (Foto: reprodução)

Dario Vitale estreia na Versace em 26 de setembro, tornando-se o primeiro diretor criativo da casa sem o sobrenome da família. Sua chegada acontece em meio à aquisição da marca pela Prada, em um movimento histórico para o luxo italiano. Com passagens por Bottega Veneta e Miu Miu, Vitale já deu sinais de sua estética ao vestir Julia Roberts e Amanda Seyfried no Festival de Veneza.

Bottega Veneta com Louise Trotter

Louise Trotter apresenta sua primeira coleção para a Bottega Veneta em 27 de setembro. A britânica sucede Matthieu Blazy e traz consigo uma estética que mistura utilitarismo e feminilidade, sempre com foco no artesanato. A expectativa é de continuidade do crescimento da marca, valorizando o couro intrecciato como assinatura, mas em uma versão ainda mais discreta e sofisticada.

Dior e Jonathan Anderson

O desfile feminino da Dior, marcado para 1º de outubro, é uma das estreias mais aguardadas da temporada. Jonathan Anderson, que fez história na Loewe, agora assume todas as linhas da maison francesa, sucedendo Maria Grazia Chiuri. A chegada do estilista britânico é vista como um movimento estratégico da LVMH, que busca renovar a força estética e cultural da Dior.

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Balenciaga e o romantismo de Pierpaolo Piccioli

Após 25 anos na Valentino, Pierpaolo Piccioli estreia na Balenciaga em 4 de outubro na Semana de Moda de Paris. Conhecido por sua maestria na alta-costura e pelo uso de volumes esculturais e cores icônicas, o estilista italiano sucede Demna. A expectativa é que sua visão traga de volta ecos da tradição de Cristóbal Balenciaga, com uma estética menos pautada pelo choque e mais pela sofisticação emocional, sem abrir mão de certo experimentalismo.

Mugler: teatralidade em novas mãos

No dia 2 de outubro, em Paris, Miguel Castro Freitas estreia na Mugler, substituindo Casey Cadwallader. O português, que acumula passagens por Dior, Saint Laurent e Sportmax, deve preservar a teatralidade da maison, mas em uma linguagem mais refinada. O objetivo é equilibrar impacto visual com narrativas contemporâneas, transformando a Mugler em sinônimo de luxo moderno.

Loewe: a visão americana 

Com a saída de Anderson para a Dior, a Loewe passa a ser comandada pela dupla Jack McCollough e Lazaro Hernandez, da Proenza Schouler. O desfile, em 3 de outubro, deve dar pistas sobre como os estilistas americanos irão dar continuidade ao legado de crescimento da marca espanhola  que se consolidou como uma das mais desejadas da última década.

Olhar renovado de Matthieu Blazy na Chanel

Em 6 de outubro, Matthieu Blazy estreia na Chanel após três anos de sucesso na Bottega Veneta. O franco-belga assume o cargo deixado por Virginie Viard, colaboradora de Karl Lagerfeld. Com foco no artesanato e na inovação sutil, Blazy deve trazer um frescor criativo a uma marca que, embora comercialmente sólida, carecia de impacto artístico nos últimos anos.

Outras estreias

Além dos grandes destaques, outras grifes também passam por mudanças: Simone Bellotti na Jil Sander, Mark Thomas na Carven, Glenn Martens na Maison Margiela e Duran Lantink na Jean Paul Gaultier.

*Matéria feita sob supervisão da jornalista Ananda Oliveira.