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Estampa xadrez: tipos, história e tendências!

Do vintage ao grunge e de Beverly Hills para o Instagram, essa estampa é uma das favoritas da moda

Não há nada mais 1990 do que o xadrez. E é impossível ignorar o lugar dessa estampa icônica na moda. Tão impossível que coleções inteiras já foram dedicadas à ela.

São muitos os tipos de xadrez – e alguns são universais. O quadriculado é a versão mais simples, o tartan é o clássico e o Príncipe de Gales, o elegante. Quer uma versão fashionista? Burberry. Uma romântica? Vichy. Uma desconstruída? Houndstooth – ou pied-de-poule, para os fãs de Emily in Paris. Até mesmo a versão “lenhadora” tem seu espaço no universo fashion.

Aqui você descobre tudo sobre os xadrezes mais famosos da moda, suas histórias e momentos icônicos na passarela:

Quadriculado

(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

Por ser o mais básico dos xadrezes, o quadriculado é também o mais antigo. Com mais de 1600 anos, surgiu antes mesmo do jogo de tabuleiro que hoje chamamos de… xadrez! Lembrou de O Gambito da Rainha?

Mas a história dele na moda começa só no fim da década de 1970, com a segunda onda do movimento musical jamaicano Ska, que dominou Londres. Quando ele se juntou ao punk, cheio de rebeldia, os fãs adotaram o quadriculado preto e branco como forma de protestar contra a segregação racial.

O desenho virou um dos favoritos da “mãe do punk”, Vivienne Westwood, e pouco depois também marcou presença em uma peça icônica: o Classic Slip-On da Vans. Criado em 1977, esse tênis foi o queridinho dos skatistas nos anos 80 e até hoje é um sucesso.

Depois de perder espaço para o tartan nos anos 90, o quadriculado teve um retorno nos anos 2000, com a moda emo e Avril Lavigne na liderança. Desde então, ele retorna com frequência às das passarelas.

No mundo dos acessórios, o quadriculado chegou ainda mais cedo. Já em 1889, Georges Vuitton o escolheu para cobrir os baús da empresa fundada por seu pai, Louis Vuitton, e batizou o estilo de damier. Até hoje, o desenho faz parte do DNA da marca.

Tartan

(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

Um dos xadrezes mais famosos, o tartan que conhecemos surgiu na Escócia no século 3, mas versões parecidas já eram encontradas em tecidos de outras culturas há mais de 5 mil anos!

Com a primeira Revolução Industrial, a Escócia liderou a produção do tecido e o design ficou tão associado ao país que, em períodos de guerra contra exércitos escoceses, a Inglaterra chegou a proibir seu uso. Esse não é mais o caso e hoje o tartan é um queridinho até no guarda-roupa da família real – e era inclusive um favorito da princesa Diana.

Um mito popular associa os tartans de cores diferentes aos clãs escoceses históricos. Não é bem verdade. Até a metade do século 18, quando começaram fortes ondas patrióticas na Escócia, eles eram apenas variações coloridas pensadas para gostos diferentes.

Ganhando força no século 19 (em 1819, já eram mais de 250 variações registradas), o tartan só começou a surgir nas passarelas no anos 70. Seu momento mais significativo foi na coleção de outono/inverno de 1995 de Alexander McQueen. O estilista, que tinha raízes escocesas, pensou o desfile como crítica à exploração sexual histórica dos ingleses com os escoceses.

No mesmo ano, o tartan apareceu na versão mais icônica até hoje: em amarelo, no conjunto preppy que Alicia Silverstone usou em As Patricinhas de Beverly Hills (1995). Desde então, além das incontáveis referências ao figurino, o tartan não saiu de moda.

Príncipe de Gales

(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

Outro design famoso no mundo fashion, esse xadrez também é conhecido por seu nome de batismo: Glenurquhart, ou apenas glen. Lançado na metade do 19 pela Condessa de Seafield, uma nobre escocesa da região de Glenurquhart, essa variação chamou a atenção do rei Edward VII da Inglaterra, que adotou o estilo para suas viagens de caça.

Ainda mais ligado em tendências que o pai, Edward, o Príncipe de Gales (tio da atual rainha, Elizabeth II), levou o xadrez para Londres e inspirou todos os homens jovens a copiarem a nova moda. Quando abdicou do trono em 1936, o príncipe virou manchete internacional e levou consigo o desenho, que ficou associado à imagem de um homem moderno e apaixonado (já que ele deixou a coroa para se casar com a americana divorciada Wallis Simpson).

Nos anos 1950, o xadrez começou a aparecer em mulheres, mas ganhou força com a modelo Twiggy nos anos 60 e o movimento andrógino que seguiu. A ascensão da alfaiataria na década de 1980 terminou de consolidar a estampa como um ícone no guarda-roupa feminino e o “príncipe de Gales” aparece nas passarelas até hoje.

Houndstooth – ou pied-de-poule

(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

Literalmente “dente de cão de caça”, em inglês, também chamado de pied-de-poule (pé de galo, em francês), essa versão “quebrada” do xadrez é igualmente uma das mais antigas, com mais de 2.300 anos!

Usado como camuflagem pelos pastores escoceses, ela se tornou popular entre a aristocracia europeia no final do século 19. Foi apenas nos anos 1950, porém, que entrou definitivamente para o universo da alta-costura, graças a Christian Dior.

Em 1939, o estilista fez sua primeira criação de sucesso com esse xadrez enquanto trabalhava para Robert Piguet. Por esse motivo, escolheu o desenho como amuleto da sorte e o incluiu em várias de suas criações, como na caixa do perfume Miss Dior, em 1950. Até hoje, o houndstooth é uma das padronagens favoritas na marca.

Outras casas de moda também dividiram momentos icônicos com o pied-de-poule, como Oscar de la Renta, no outono de 1992, e Alexander McQueen, com o desenho em proporções exageradas, no outono de 2009. A última coleção de Karl Lagerfeld para a Chanel, no outono de 2019, também girou em torno da padronagem, dando a ela ainda mais importância e significado.

Vichy

(Foto: Reprodução)

Uma evolução do quadriculado, o Vichy é outro xadrez conhecido por mais de um nome. Ele chegou na Europa no século 17, como Gingham (termo provavelmente baseado na palavra genggang, que significa “listrado” na Malásia) e foi rebatizado em homenagem à região de Vichy, na França.

Essa versão da estampa ficou popular no período entre guerras, nas décadas de 1920 e 1930, graças ao cinema norte-americano. Judy Garland, no papel de Dorothy em “O Mágico de Oz” (1939), é um dos maiores exemplos, com um vestido em Vichy azul feito pelo figurinista lendário Adrian. Katherine Hepburn, Lauren Bacall e Ingrid Bergman foram outros nomes de Hollywood que apostaram nesse xadrez, que oferecia o contraste perfeito nos filmes em preto e branco.

Em 1959, Brigitte Bardot se casou com Jacques Charrier usando a estampa, dando a ela um ar romântico que conquistou o mundo. Nos anos 60, a estrela de Lolita (1962) Sue Lyon também fez sucesso com o Vichy, assim como Marilyn Monroe e Jane Birkin. A partir dos anos 80, mais ícones entraram para o time, como Linda Evangelista e a princesa Diana, e desde então a estampa não saiu de moda.

Burberry

(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

Assim como o quadriculado que ficou muito associado à Louis Vuitton, esse tipo de xadrez entrou para a história com o nome da marca que o popularizou. E, assim como seus “primos”, ele também é um dos queridos da família real britânica.

Referência no universo das icônicas trench coats, que começou a fazer 1895, a Burberry criou seu xadrez no fim da década de 1910 para forrar a criação. O desenho foi parte central da marca por décadas e começou a aparecer em acessórios a partir de 1967, depois que uma cliente, Jacqueline Dillemman, sugeriu a ideia.

Em 1970, o xadrez foi lançado no famoso cachecol de caxemira da marca e fez sucesso até ser colocado de lado nos anos 2000, depois de uma onda de popularidade que colocou o design em risco de se tornar brega.

Em 2017, a Burberry reviveu o xadrez, quando a nostalgia pelos anos 90 e 2000 estava começando a surgir. Em 2018, ele ganhou a versão “Rainbow”, em homenagem à comunidade LGBTQIA+.

Bufallo

(Foto: Reprodução)

Encerrando a lista, impossível não falar do clássico e clichê xadrez “Bufallo”. Intimamente associado com a cultura estadunidense, os lenhadores e o movimento grunge dos anos 90, é um dos mais misteriosos. Segunda a lenda, ele chegou nos Estados Unidos na primeira metade do século 19, através de Jock McCluskey, suposto descendente do lendário herói escocês Robert Roy MacGregor. Por isso, esse xadrez vermelho era incialmente conhecido como “Rob Roy”.

McCluskey foi um dos grandes defensores dos povos nativos dos EUA e também acabou se tornando uma figura heroica, associada ao ideal de masculinidade do Velho Oeste. Suas camisas de flanela ficaram famosas em todo o país e, em 1850, a indústria têxtil Woolrich Woolen Mills começou a copiar o design, dizendo tê-lo inventado. Como o dono da fábrica também possuía uma fazendo de búfalos, rebatizou o xadrez com o nome do animal.

A história é cheia de controvérsias, mas o xadrez ficou icônica na cultura popular americana, ainda que não tenha conquistado as passarelas com a mesma proporção que os outros.


(Via: Vogue)

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