Dupes core: a tendência traz imitações de produtos pouco acessíveis
Se existisse apenas uma palavra que definisse o mercado de luxo, qual seria ela? “Exclusividade”? Segundo Maiara Kososki, doutora em Administração, especialista em Autenticidade de
Marca e professora de Administração Internacional e Marketing da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), essa é uma boa palavra para definir o mercado de luxo.
“Luxo é um objeto de desejo, algo distante do consumidor. Mas, além de um produto, também pode ser uma experiência única e valiosa, que dificilmente volte a acontecer”, afirma.
Ditando as tendências no mercado, o termo ainda gera representação. “Para muitas pessoas, estar nesse mercado gera aceitação e, caso não esteja inserido, sua própria autoestima acaba sendo afetada. Há objetos de luxo que são cultuados por uma geração”, revela Maiara.
No entanto, seja por motivos de oferta – já que o luxo trabalha com a escassez de produtos – ou de preço, os produtos desse segmento acabam não sendo acessíveis para toda a população. Mas, se há demanda, por que não criar oferta?
Apesar de não ser uma novidade, o dupes core se tornou muito popular nos últimos anos, principalmente por conta dos vídeos que viraram febre nas redes sociais. A tendência traz imitações ou alternativas mais baratas de produtos pouco acessíveis.
“Nos EUA, isso existe desde 2016. A proposta é apresentar um produto que traga os mesmos benefícios que o mais caro, só que por um preço muito mais barato”, conta a especialista. Além disso, ela reforça que os produtos de luxo carregam o nome de uma marca, com herança e história, tornando-os mais caros também por isso.
E foi justamente essa herança que fez a influencer e atriz Livia Matuti começar a procurar produtos de maquiagem similares aos de marcas de luxo. Ela aponta que sente um assédio por parte do marketing dessas empresas, que geram uma expectativa muito grande. “Às vezes, você compra o produto e vê que ele é bom, mas o marketing foi tão intenso que você esperava mais e, nesse momento, busca outras possibilidades”, comenta.
Foi assim que ela começou a fazer conteúdos “dupes” nas redes sociais, sem a intenção de viralizar, mas, sim, de ajudar outras pessoas que, como ela, tinham essa vontade. “Eu faço conteúdo como forma de ajuda. Assim, o público não precisa comprar o que está no hype apenas por comprar”, conta Livia.
Além disso, ela conta que esse movimento ajuda as pessoas a ter consciência de que há bons produtos nacionais e que é possível criar uma make linda, por exemplo, com um valor mais em conta. “Isso não pode ser algo que impeça!”
Eu posso ter o luxo, mas não o quero!
Por mais que algumas pessoas tenham acessibilidade e poder aquisitivo para adquirir um produto de luxo, há um público que prefere não fazer compras com esse valor. Maiara Kososki explica que, nesse caso, os consumidores não compram a marca, mas, sim, o reflexo de sua tendência.
“Quando a classe A tem acessibilidade e, mesmo assim, compra o falso, ela adquire só a imagem que o produto pode causar nele. Não compra o prazer pessoal, mas o aspecto de imagem que os outros vão dizer sobre ela”, conclui a especialista.