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Armaduras do poder: como a moda ajuda mulheres na liderança a desafiar estereótipos

Das palavras ditas às peças de roupas escolhidas, mulheres em posição de poder enfrentam desafios diários

A presença feminina em cargos de liderança cresceu ao longo dos últimos anos. A proporção de mulheres em cargos de liderança no Brasil (38,8%) superou a média dos países membros do G20 (30,58%), de acordo com um levantamento divulgado pela ONU em setembro de 2024 com dados referentes a 2021. O país ficou em terceiro lugar no ranking mundial, atrás da Rússia (46,2%) e dos Estados Unidos (41,4%).

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Apesar da posição representativa das mulheres, a liderança feminina, embora tenha características valorizadas no ambiente corporativo, ainda sofre com alguns impasses ligados aos estereótipos de gênero. A jornada das mulheres para ocupar e se manter em posições de poder é repleta de desafios que vão muito além das competências técnicas.

A psicóloga e mentora de líderes Thirza Reis destaca algumas características que normalmente são associadas à liderança feminina, como: empatia, inteligência emocional, comunicação colaborativa, visão holística e adaptabilidade e promoção de diversidade e inclusão. Ela afirma, no entanto, que “Ao falar de liderança feminina, primeiramente, é importante ter em mente que, como qualquer liderança, ela pode ser plural e multifacetada.”

“Embora haja esse olhar para a liderança feminina, precisamos cuidar para não reforçar estereótipos de gênero, pois isso pode mais atrapalhar o desenvolvimento da mulher líder do que ajudar”, completa a especialista.

Desafios

Segundo Thirza, “mulheres em posições de poder enfrentam desafios não só por serem mulheres, mas, também, porque frequentemente as expectativas sociais impõem uma visão limitada sobre como elas ‘deveriam’ se comportar”. Isso significa, segundo ela, que atitudes consideradas comuns em homens, como a assertividade e a tomada de decisões rápidas, podem ser interpretadas de forma negativa quando vindas de uma mulher. Ela explica: “Quando uma mulher é assertiva ou toma decisões firmes, pode ser rotulada de ‘agressiva’ ou ‘dominadora’, enquanto comportamentos semelhantes em homens são muitas vezes vistos como sinais de liderança e firmeza.”

A Chanel foi uma das primeiras marcas a incorporar códigos tradicionalmente masculinos no vestuário feminino. (Foto: shutterstock)

Outro desafio apontado por Thirza é a dificuldade de formação de alianças nos ambientes corporativos predominantemente masculinos, o que dificulta o acesso a oportunidades estratégicas. “Trabalhar a inteligência relacional e a criação de alianças genuínas dentro e fora do ambiente de trabalho é uma estratégia importante”, enfatiza.

Mais do que qualquer contexto externo, é importante que a mulher líder ou que aspire à liderança seja capaz de se reconhecer como se é, vendo seus pontos fortes e aqueles que precisa desenvolver com segurança e autoconfiança, indica a psicóloga. “O mais relevante é observar as habilidades que elas trazem para a mesa de forma única e genuína, sem que essas habilidades precisem se encaixar em caixinhas predefinidas de feminino ou masculino.”

No trabalho vs em casa

A necessidade de equilibrar papéis profissionais e expectativas sociais também é um obstáculo quase exclusivo das mulheres. As cobranças relacionadas à conciliação entre trabalho e vida pessoal – que envolvem cuidados com os filhos e a casa – ainda recaem de forma desproporcional sobre elas.

A chave para superar isso, segundo Thirza, começa pelo estabelecimento de limites claros e pelo cultivo de uma rede de apoio, tanto no ambiente de trabalho quanto pessoal.

*Matéria originalmente publicada na edição #298 da TOPVIEW

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