Do algoritmo ao estilo: a presença da inteligência artificial no nosso dia a dia
A inteligência artificial já está moldando o setor da moda e beleza de uma forma muito mais real do que parece. Para muitos, ainda soa como futuro, mas ela já está presente em coleções, campanhas e na rotina de consumo. E, às vezes, é até assustador, não é mesmo? A realidade já está acontecendo diante dos nossos olhos.
Marcas globais utilizam algoritmos como aliados criativos. A Mango lançou uma campanha jovem inteiramente desenvolvida com IA, das imagens ao styling. A Meta também já apresentou em Londres uma coleção
criada com a tecnologia, que participou desde a concepção até a narrativa final. Você já parou para pensar que
isso significa que a moda está sendo cocriada por máquinas junto com os estilistas?
Se, antes, o uso da inteligência era para estudo de dados, hoje, vai muito além. Por exemplo, no atendimento ao consumidor, a IA começa a ocupar um espaço interessante. Algumas pesquisas já mostram que muitas pessoas abrem suas dúvidas de estilo diretamente. com a IA. Perguntam o que vestir em uma ocasião especial, como combinar cores ou quais peças valorizam o corpo. É como se cada pessoa tivesse ao alcance uma consultora virtual pronta para responder em tempo real. Marcas já exploram esse movimento, como a Ralph Lauren, com o Ask Ralph, um assistente que sugere looks completos a partir da descrição do evento ou do desejo do cliente.
O impacto também está nos números. Estudos apontam que a personalização por IA aumenta as taxas de conversão e reduz devoluções, já que provadores virtuais e recomendações assertivas ajudam o consumidor a acertar na compra. Existem startups desenvolvendo ferramentas que permitem criar imagens realistas de pessoas em diferentes roupas e contextos, tornando a experiência de compra mais envolvente e menos arriscada. Imagine se, daqui a alguns anos, escolher roupas no espelho virtual for mais comum do que no provador físico.
No backstage, a tecnologia colabora com a sustentabilidade. Algoritmos analisam dados de comportamento de consumo e ajudam marcas a prever a demanda, evitando estoques excessivos e desperdício. A IA também acelera a prototipagem e permite testar estampas, cortes e combinações antes da confecção, otimizando tempo e matéria-prima.
Se, antes, o desafio da moda era equilibrar desejo e necessidade, agora, a inteligência artificial surge como mediadora. Ela transforma dados em produtos relevantes e devolve ao consumidor a sensação de exclusividade, como se cada peça tivesse sido pensa da para ele.
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Essa não é apenas uma tendência, mas uma mudança já em curso. A criatividade continua sendo humana, mas
encontra na IA uma copilota capaz de ampliar o alcance da expressão individual. E, talvez, a grande questão seja
esta: estamos preparados para conviver com uma moda que já não depende só do humano? A inteligência artificial não substitui o estilo, apenas potencializa o que há de mais valioso na moda, que é a identidade de quem a veste.
*Matéria originalmente publicada na edição #305 da TOPVIEW.