FASHION

O sustentável é o novo básico: marcas com conceito sustentável são a nova moda

Básico: que faz parte da base; basilar. O novo sinônimo de básico agora também significa sustentável. E se é novo, tendência e básico, a moda abraça e transparece isso muito bem. A moda sustentável não é mais um plus, mas uma exigência para marcas que desejam se consolidar e ter boa e leal aceitação do público

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Segundo o report da Ellen MacArthur Foundation, a indústria da moda é responsável por 8% da emissão de gás carbônico na atmosfera, ficando atrás somente do setor petrolífero. O poliéster, uma das fibras mais utilizadas no mercado fashion, por exemplo, é responsável pela emissão anual de 32 das 57 milhões de toneladas globais. 

Além do carbono emitido neste processo de produção, o descarte também é algo preocupante na indústria. Ainda segundo o report, cerca de US$ 500 bilhões são perdidos com o descarte em aterros e 25% de tudo que é produzido vira lixo. 

Em 2019, uma pesquisa divulgada pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), apontou que 87% da população brasileira prefere comprar produtos e serviços de empresas sustentáveis. Os números ainda mostram que 70% dos entrevistados disse que não se importa em pagar um pouco a mais por isso. 

Pensando não só no que o cliente quer, mas no que a sociedade precisa, muitas marcas nasceram com o DNA sustentável, pregando a importância sobre o tema para nada mais nada menos que a saúde do planeta e a sobrevivência humana – sem exageros. 

Sustentabilidade e alto padrão. Assim se define parte do trabalho criado pela Transmuta, marca curitibana de upcycling de alto padrão. Definindo upcycling, a marca utiliza a moda regenerativa. Ou seja, a Transmuta pega peças que iriam para o descarte e cria novas roupas com elas. ‘Nós queremos atingir um público que se interessa por moda sustentável e de alta qualidade”, afirma o um dos sócios da marca e diretor de marketing, Cleydson Nascimento. 

Coleção 2020 da Transmuta. Foto: Vitor Augusto.

A marca oferece peças criadas em coleções e também sob encomenda. “A pessoa pode reinventar peças do armário dela que ela não usa. Nós sempre temos aquela peça que não usamos mais, mas não conseguimos nos desfazer”, afirma Nascimento. Ele ainda conta que no modelo sob encomenda é possível solicitar peças pré-definidas em um catálogo, com preços mais acessíveis, ou criações únicas e personalizadas, não que qualquer outra peça da Transmuta não seja. Apesar de não ter uma loja física, a marca vende suas peças por plataformas online. 

Também com vendas digitais, outra marca que nasceu querendo unir sustentabilidade, conforto e design é a Linus, empresa que produziu a primeira sandália de plástico vegana do Brasil. A proprietária, Isabela Chusid, que desde os cinco anos de idade era uma pequena militante, como ela mesma se define, lembra de brigar com a vendedora de uma loja porque havia um casaco de pele à venda no local, o que era cruel e inaceitável para ela. 

Seguindo seus princípios, ela comercializa na Linus produtos compostos por 70% de fontes renováveis, material 100% reciclável e com todas as curvas de apoio que os pés precisam. Nascida em 2019, pouco antes da pandemia do novo coronavírus, a marca inovadora cresceu 700% durante a quarentena e até foi chamada pela Carlton Jones para participar do desfile da marca nova-iorquina no NYFW de 2021.  

Desfile da marca Carlton Jones, na NYFW, com as sandálias da Linus. Foto: Divulgação.

A marca também possui os selos Eu Reciclo, Carbon Free, além de ser certificada pela organização internacional de direitos dos animais PETA.

O público quer ser sustentável

Segundo o sócio da Transmuta, apesar da marca ter ótima aceitação nas redes sociais, a maior parte do público entende que o upcycling é um produto mais inferior. Ele diz que essa aceitação é muito importante para o posicionamento real da marca, que é comunicar sobre  as mudanças que o mundo está enfrentando em relação às questões climáticas. Ele afirma que o público até engaja, mas na hora de comprar, vai no mesmo lugar de sempre, não causando uma mudança de comportamento e consumo significativa. 

Isabela também destaca que o mercado consumidor que a população se acostumou está com os dias contados. “Eu enxergo como uma obrigação de cada um fazer tudo que está ao seu alcance para mudar isso. É preciso chacoalhar a indústria que está acostumada a fazer a mesma coisa há tanto tempo”, finaliza a proprietária da Linus. 

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