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“Eu tenho 20 anos de preenchimento preso no meu rosto”: há riscos no excesso de procedimentos?

“Eu tenho 20 anos de preenchimento preso no meu rosto”, declarou a jornalista britânica Alice Hart-Davis ao Daily Mail. A revelação foi feita durante um exame de ressonância magnética feita por um radiologista estético pioneiro na Austrália, chamado Dr. Mobin Master. Há mais de quatro anos desde a última explicação, ela conseguiu visualizar cerca de 35ml de produtos no rosto. A explicação para o aparecimento da imagem na ressonância magnética é que preenchimentos de ácido hialurônico atraem água e, por isso, ao anular os sinais da gordura e representar o preenchimento contra o tecido adiposo nas bochechas, é possível visualizar o preenchimento.

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Para a cirurgiã dentista doutora em Reabilitação Oral, Talita Dantas, apesar da durabilidade maior, a preocupação deve existir em casos específicos. “Esse produto foi colocado no tecido de maneira adequada? Se não foi responsável por nenhuma intercorrência e se esteticamente o paciente está satisfeito, não existe problema em ter o material ali injetado”, explica a cirurgiã. Mas, a profissional tranquiliza os pacientes: não existe necessidade de acompanhar a dissolução do ácido hialurônico caso não haja sinais ou sintomas que justifiquem a preocupação.

“Na verdade, a queixa dos pacientes é sempre que o procedimento dura pouco tempo, em média de 12 a 18 meses, mas essa é a grande vantagem dele: reversibilidade. Se o paciente se arrepende ou se há qualquer intercorrência, quando o injetável é ácido hialurônico puro, é possível reverter e remover com a hialuronidase, enzima que degrada o produto em horas”, diz.

Para ela, mesmo que um ácido hialurônico adequado, de boa qualidade e com técnica de aplicação correta tenha sido utilizado e, de repente permaneça um pouco mais no corpo – por questões biológicas e individuais de cada um -, tudo bem. “Desde que esse produto, esteja no corpo de maneira saudável, sem infecção ou contaminação, isso não é o problema. O problema é: por que esse produto está no organismo há mais de quatro anos? Será que ele é ácido hialurônico puro? Será que houve reação adversa do organismo que fez ele ser encapsulado e não degradado naturalmente? Esses são os questionamentos que devemos fazer”, explica a cirurgiã dentista.

Quando se preocupar com o excesso de preenchimentos faciais?

Talita explica que os riscos começam na escolha do profissional, algo que o paciente deve sempre ter cautela e pesquisar formação adequada e referências para o procedimento que quer realizar. Segundo ela, os riscos podem se potencializar quando um profissional sem conhecimento adequado escolhe usar um produto que não é certificado pela Anvisa e quando utiliza produtos com propriedades reológicas diferentes e misturá-los para injetar no rosto do paciente sem saber como pode ser a reação do organismo a esse produto. A grande questão é como o produto se comporta no corpo, se tem alguma infecção associada, se existe a presença de bactérias ou não e se ele está ali inerte e encapsulado, porque o risco vai depender de tudo isso.

Preenchimento facial é seguro?

Segundo o médico entrevistado pelo Daily Mail, os casos começaram a chegar em 2019, quando outros profissionais enviaram pacientes com inchaço ao redor dos olhos, que ele constatou serem preenchimentos residuais com idade entre dois e 12 anos. “Pela minha pesquisa, particularmente no meio do rosto e ao redor dos olhos, o preenchimento parece durar muito mais do que esperávamos inicialmente”, explicou.

Mas ele concorda que não há motivos para preocupação, apesar de não existir uma certeza em relação aos impactos do preenchimento residual no organismo, é improvável que seja ruim – ou já teríamos ouvido falar de efeitos negativos na saúde. “Os injetáveis existem há mais de duas décadas e há pouco ou nenhum relato de problemas de saúde. Mas, é claramente uma área que merece mais estudo. Afinal, não se pode esperar que consumidores individuais descubram por si mesmos se seu rosto ainda está cheio de preenchimento”, disse o médico.

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