Dries Van Noten, o novo ícone da moda
Em um ano de alta rotatividade no mundo da moda (Christopher Bailey deixou a Burberry e Riccardo Tisci, a Givenchy, para ficar em dois exemplos), o belga Dries Van Noten se destacou nesse 2017 pela longevidade e autonomia criativa: até o seu centésimo desfile, manteve sua identidade, trouxe novas ideias e (ainda) se mantém independente de conglomerados (ao contrário de uma Louis Vuitton).
Van Noten ficou conhecido – como descrito na edição The Greats da revista do New York Times, que selecionou os principais artistas de 2017, de Nicki Minaj a Amy Adams – por criar moda para mulheres inteligentes. Alheio a tendências, ele se faz contemporâneo. Não nos moldes de uma Comme des Garçons, radical nas formas, mas ousado na construção de uma identidade própria. “Em uma época que recompensa a pessoa que consegue gritar mais alto, o ato verdadeiramente radical é abraçar o sutil”, escreve o NYT.
São esses aspectos que dois livros (assinados pelo renomado jornalista Tim Blanks, com fotos e insights sobre o processo criativo do designer) e um documentário (driesfilm.com) retratam e celebram pela primeira vez em três décadas de carreira.
“Para vestir uma roupa deve-se compreendê-la, senti-la.”
Dries Van Noten em entrevista ao jornal francês Le Figaro
Cores – muitas – contribuem para o rápido reconhecimento de seus designs. Elas se misturam entre si de modos que parecem inéditos, bem como estampas, bordados e diferentes tecidos. O resultado são looks que causam uma sensação boa, fazem referência à variedade de pontos de vista e nos colocam para pensar. “Sempre dizemos que a moda é um reflexo dos nossos tempos. Bem, talvez seja o suficiente disso”, comentou o designer sobre a sua coleção de verão 2018, propondo a moda como um antídoto, uma alternativa à atualidade. Em Van Noten, o belo é algo a se evitar – no mínimo, questionar.
*Matéria publicada originalmente na edição 207 da revista TOPVIEW.