Designer de moda cria coleção inspirada no bairro de Campo de Grande, no Rio de Janeiro (RJ)
Reconectar-se com as raízes de Campo Grande a partir da trajetória de uma família cuja história está intimamente ligada ao bairro do Rio de Janeiro (RJ). Assim desabrochou a Flor de Laranjeira, a primeira coleção da marca The Jungle, que está sendo lançada pela designer de moda Gabriella Rodrigues, de 26 anos, recém-formada pela Universidade Veiga de Almeida (UVA). “A representação regional está no centro desse trabalho. Sempre vemos o Rio de Janeiro a partir da ótica da Zona Sul. Quero mostrar que a história da cidade pode ser contada sob outras perspectivas através das roupas”, diz a designer, que também é modelo.
Para dar forma ao projeto, a jovem mergulhou no passado de sua família para resgatar as memórias de Campo Grande e traduzi-las em suas criações artísticas. Foi quando se deparou com um símbolo afetivo e econômico do bairro: a laranja, que dá nome, cor e textura a muitas das vestimentas desenvolvidas por ela.
A citricultura em Campo Grande, que se tornou zona de exportação para o mundo, teve início no começo do século XX. Nos primeiros anos da década de 1940, o bairro chegou a ser considerado o “Império da Laranja“. “Meus avós trabalharam em uma das muitas fazendas que havia na região, encaixotando as frutas para centros de distribuição. Depois da segunda guerra mundial, esse mercado começou a declinar e os terrenos foram vendidos. Foi quando houve um boom de crescimento no bairro”, explica.
A coloração viva da laranja foi incorporada à coleção criada pela designer, voltada para o verão. Já a textura da flor da laranjeira também pode ser vista em algumas peças. Outra referência incluída nos formatos dos acessórios foram as obras de arte em valorização da fruta, que podem ser vistas entre a Avenida Cesário de Melo e a estação de trem. A arquitetura colonial da Igreja de Nossa Senhora do Desterro e elementos da Serra do Mendanha também estão presentes em algumas das 15 peças e acessórios que formam a Flor de Laranjeira. Entre as matérias-primas usadas nos vestuários estão o algodão e o linho. Os beneficiamentos são feitos da forma mais manual possível.
O projeto foi parte do trabalho de conclusão do curso de moda feito por Gabriella na UVA, onde também elaborou um plano de negócios para sua empresa. As encomendas poderão ser feitas em breve pela página da marca no Instagram.