Coluna Ana Clara Garmendia, maio de 2018
No exato momento em que eu começo a escrever a coluna, olho também meu Instagram. Pegar o celular hoje para dar uma espiada na nossa timeline é tão comum quanto parar para tomar um café ou simplesmente ir até a janela ver o movimento da rua. As mídias sociais de hoje são as sacadas de outrora. Nessa espiadela, dou de cara com uma postagem repugnante. Um homem grande e gordo de mãos dadas com uma mulher magra, de corpo escultural, e o seguinte comentário: “#amorpordinheiro, #tudointeresse, #gordinhogostoso #contabancaria” e mais algumas uniões agressivas de palavras ferindo não apenas o homem como a mulher ao lado dele. E eu não vou nem começar a tecer uma teoria de que esse homem pode ser extremamente inteligente e muito mais interessante que o playboy malhado que, supostamente, deveria estar com a gostosa, porque isso, para mim, é primitivismo. Vou direto a outro ponto. As mulheres contemporâneas não estão mais à espera de alguém que pague suas contas, tampouco buscam nos homens a aparência física. Elas buscam, em primeiro lugar, o sucesso pessoal – e isso chega com trabalho e evolução intelectual. Os homens – magros, gordos, bonitos, feios e inteligentes (ou não) – estão em uma outra escala de nossas necessidades ou prioridades.
Conversando com muitas mulheres nos últimos dois anos para um projeto pessoal, tenho me dado conta de que a maioria não espera nada deles a não ser respeito e amor nas horas necessárias. A mulher de hoje – e a que eu homenageio aqui – é independente, busca o prazer próprio e sonha com tranquilidade profissional, além de amar uma boa bolsa de marca e alguns (mas não muitos) lindos trapinhos para fazer a bela quando estiver com vontade. A mulher de agora não precisa de elogios para se sentir linda e muito menos atrair adoradores que satisfaçam o seu ego, porque ela é, SIM, autossuficiente. Ela se conhece muito bem. Não precisou necessariamente se perder para se achar, mas pode ter batido a cara para saber que não andar de salto não funciona apenas para se manter fisicamente em equilíbrio – e, sim, acaba te deixando mais livre para o ir e vir necessário a quem batalha por um lugar real e de respeito. Nas imagens, algumas mulheres com quem eu cruzei e fotografei, sem saber quem eram, e também jovens amigas que estão vencendo em suas carreiras sem pensar na aprovação do macho. Elas estão na estrada profissional destilando seus talentos e o mundo está aberto a elas. Essa é atitude 2018.