FASHION

Do mercado financeiro à moda: entrevista exclusiva com Dominique Oliver, CEO da Amaro

O suíço Dominique Oliver, fundador e CEO da AMARO, gigante da moda feminina online, trabalhou por quatro anos no mercado financeiro em Nova York

O suíço Dominique Oliver, fundador e CEO da AMARO, gigante da moda feminina online, trabalhou por quatro anos no mercado financeiro em Nova York, onde atuou com empresas de varejo e de moda. Ali, percebeu as falhas do modelo tradicional de varejo físico e o que o mercado da moda precisava de inovação.

É sobre o futuro desse mercado que Dominique conversa a seguir com a TOPVIEW, além da trajetória da marca e seu lifestyle.

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Dominique Oliver, CEO e fundador da AMARO. (Foto: divulgação).

A que uma empresa precisa estar atenta, hoje, para atuar no mercado da moda?

Em resumo, é necessário estar atento ao consumidor e colocá-lo no centro do negócio. Acreditamos que a principal tendência do e-commerce atual é baseada nos princípios de customer-centric, em que a jornada do consumidor é estudada e aprimorada constantemente, para que a gente possa entregar o melhor produto e o melhor serviço. Esse modelo de negócios é conhecido como direct to consumer, tendo como objetivo trabalhar com uma cadeia de produção mais enxuta, na qual não existem intermediários, com foco em inteligência de dados. A marca é 100% focada no online desde o início. O que o motivou nessa decisão? Acreditamos que o brasileiro está cada vez mais adepto ao modelo de compra online, porém, atualmente, apenas cerca de 7% de todas as transações de varejo acontecem assim. Temos muito para crescer ainda.

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(Foto: divulgação).

A Amaro inaugurou algumas guide shops, lojas físicas em que é possível provar os itens do site, mas não levá-los para casa. Como foi a recepção do público?

O modelo é um sucesso e atualmente temos 16, distribuídas entre São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. Uma a cada quatro compras são realizadas nesse ponto físico: isso nos mostra a importância do varejo físico como um lugar de experiência, além de apenas a transação de compra.

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Foto: divulgação.

Quais serão os próximos passos da marca?

Queremos continuar construindo – como adoramos falar – o futuro do varejo. Podemos esperar a integração de uma superconveniência por meio dos shoppings, experiência de consumo e inteligência de dados para ajudar a moldar esse “futuro”. Acreditamos que para alguns serviços ou produtos commodities possam fazer sentido lojas 100% automatizadas, como já estamos vendo surgir, porém, para alguns setores, como a moda, em que a humanização do serviço e do atendimento é necessária, acredito que a evolução passe mais por uma questão da experiência e conveniência do que exclusivamente sobre a automação.

“Acreditamos que a principal tendência do e-commerce atual é baseada nos princípios de customer-centric.”

O que mais gosta aqui, no Brasil e em São Paulo?

Acho que o Brasil tem lugares lindos e uma beleza única, além das pessoas, que possuem uma energia contagiante. Gosto do ritmo agitado de SP e como coisas incríveis surgem a todo momento. Morei quatro anos em NY e me identifico com grandes metrópoles. Gosto muito também dos restaurantes, que são incríveis.

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Foto: divulgação.

Como é um dia feliz para você?

Acho que todo dia é uma oportunidade de ser feliz, precisamos encontrar em pequenos momentos essas realizações. Não separo a vida pessoal e a do trabalho, porque meu trabalho impacta todos os setores da minha vida. Acho que o grande segredo é você se envolver em algo com que realmente se identifica. Então, busco estar realmente presente e aproveitar todos os dias, seja na empresa, viajando, com família ou amigos.

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Foto: divulgação.

Onde busca inspiração?

Fiz algumas viagens nos últimos anos que me proporcionaram momentos bem interessantes de inspiração, principalmente no que diz respeito a esse questionamento do futuro e o nosso papel nele. Uma delas foi para Austin (EUA), em 2018, para participar do festival SXSW. Neste ano, fui a São Francisco, junto com outros empreendedores, em uma imersão que discutia o futuro e o impacto das empresas. Em 2017, fiz uma viagem com minha família para a Índia, um país tão diferente em todos os sentidos e aspectos. Essa viagem abriu meus olhos, tendo em vista que lá está sendo criado um futuro com uma velocidade incomparável. Esse futuro me inspira, porque é promissor para centenas de milhões de pessoas, mas, ao mesmo tempo, desafia nossas suposições nessa mentalidade liberal ocidental.

*Entrevista publicada originalmente na edição 225 especial Homens

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