Artigo: como ter segurança na compra de cosméticos orgânicos e saber diferenciá-los
Os cosméticos convencionais, que sempre dominaram as gôndolas, cada vez mais disputam espaço com produtos naturais e orgânicos. Entender a diferença entre eles é um ponto decisivo na hora da compra.
Quem não possui em casa um arsenal de cosméticos entre shampoos, sabonetes, cremes etc? Mas qual é o nosso grau de conhecimento sobre a composição desses produtos e o impacto das substâncias contidas neles para a saúde e para o meio ambiente? Muito além do aroma, textura, funcionalidade, embalagem, cada cosmético é composto por dezenas de substâncias, naturais ou químicas, que juntas promovem impacto para o corpo e para o ambiente. Segundo Rosilene Doratioto, química responsável pela Souvie, marca brasileira de cosméticos orgânicos certificada pela Ecocert e pela SVB Vegano, da Sociedade Vegetariana Brasileira, explica as diferenças básicas entre os cosméticos convencionais, usados pela maioria da população, os naturais e a mais nova e sustentável opção do mercado, os orgânicos.
Cosmético convencional
Todo mundo tem ou já comprou algum na farmácia ou no supermercado. O que a maioria das pessoas não sabe é que os cosméticos convencionais possuem substâncias como parabenos e sintéticos (compostos químicos nocivos à saúde e ao meio ambiente), e petrolatos (derivado do petróleo).
Além de conter substâncias que podem comprometer a saúde, diversos produtos de beleza convencionais, como esfoliantes e outros, eles também agridem o meio ambiente. Isso porque eles possuem esferas de plástico (polietileno, de cerca de 5 milímetros), que caem na rede de esgoto durante o banho e podem chegar em trilhões aos oceanos, onde são confundidos com comida pelos peixes. Peixes esses que são consumidos pelas pessoas.
Cosmético “natural” e natural certificado
É preciso ficar atento aos produtos classificados como “naturais”. Há muitos deste tipo no mercado, mas que, em alguns casos, não são de fato o que prometem.
Cosmético natural caracteriza-se por ter no mínimo 5% de ingredientes orgânicos e pelo menos 50% naturais, como óleos, manteigas, extratos vegetais e substâncias de origem natural. Além disso, não pode conter conservantes de origem sintética (metilizotiazolinoa, phenoxietanol, etc) e itens sintéticos (silicones), derivados de petróleo, além de não ser testado em animais ou provindas do sofrimento de animal.
Muitos produtos, porém, se dizem “naturais” mas não possuem a certificação dos órgãos competentes como o IBD (instituto Biodinâmico) e o Ecocert – que garantem que são, de fato, naturais.
Isso significa que, se uma determinada empresa anunciar ter um cosmético natural, mas não possuir estes selos, não é possível ter certeza de que o produto tem a porcentagem mínima de ingredientes naturais, além de conter na formulação substâncias sintéticas em grande quantidade como as de um produto convencional.
Cosmético “orgânico” e orgânico certificado
A diferença entre os que se dizem “orgânicos” e os orgânicos de fato é a mesma dos naturais: a certificação que garante ao consumidor a veracidade da publicidade.
De acordo com a Ecocert, selo internacional de orgânicos, os cosméticos desta categoria devem possuir, no mínimo, 95% de ingredientes naturais e 10% de ingredientes orgânicos. Além disso, não podem ter sido testados em animais.
“O consumidor ao buscar por um produto orgânico ou natural precisa ficar atento às informações do rótulo e também às certificações na embalagem para que não seja enganado. Tanto orgânicos quanto naturais precisam ter selos que comprovem seus ingredientes e cadeia de produção”, Enquanto não existe uma legislação aqui no Brasil que defina precisamente o que deve conter nesses produtos de beleza, explica Rosilene Doratioto. Para receber as certificações necessárias, uma empresa é submetida a uma auditoria rigorosa promovida pelas certificadoras que avaliam, semestralmente, todo o sistema produtivo, formulação e até as embalagens.
Há uma característica importante, entretanto, inerente a todos os tipos de cosméticos, sejam eles convencionais, naturais ou orgânicos, e que devem ser observada por todos os consumidores: a autorização para comercialização pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Para ajudar o consumidor a encontrar produtos que tenham formulações realmente orgânicas, a Souvie se uniu a um grupo de várias empresas desse mercado, em conjunto com a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) e a agência Ecocert, para que existam normas que regulamentem a fabricação de cosméticos orgânicos e naturais no Brasil e no mundo. Enquanto isso, os consumidores adeptos do orgânico devem continuar alertas aos ingredientes da fórmula, discriminados no rótulo, e devem averiguar se a embalagem possui os selos que certificam a formulação orgânica.