FASHION

A moda na fronteira entre saúde e beleza

As novas gerações estão rompendo os padrões da relação entre moda, saúde e beleza

Definir as fronteiras entre o lado de cá e o lado de lá. E que lados são estes?

O lado de cá é a matéria, o mental e o lado de lá o oculto, o etéreo. o lado de cá é o padrão e o lado de lá é como sou, na mais pura essência. A moda nos convida a mostrar um destes dois lados, passando, esta escolha, por um processo de autodescoberta que confronta nosso entendimento muito particular, sobre ter saúde, para então ser belo, bela, por isso.

Ao longo da história da moda, a história da beleza traçou seu paralelo focado na aparência e hoje, estamos aqui, caminhando para uma mudança de mindset, lenta e gradual, na medida em que novas gerações, como a Z, junta-se à baby boomers, millenius, em suas formas únicas de enxergar, romper e reconstruir padrões. 

Desde os anos 90, com altos índices de processos que buscavam a modificação do corpo, seja por cirurgias estéticas, de correção, o registro do aumento de vendas de dermocosméticos clareadores para a pele, por parte dos jovens, estimulados pela saga crepúsculo e true blood, mostrou que mesmo na intenção de construir um estilo individual, ainda estávamos presos à construção de personas, que anulavam nossas belas imperfeições da essência. E foi assim que sardas sumiram e eu fico feliz por elas estarem de volta, porque na verdade, nunca deixaram de existir.

Conversar sempre pela porta da frente com sua própria beleza, é a entrega mais autêntica para manifestar nosso comportamento íntimo e social. compreender que uma parede não é permanente na sua estrutura e ela nos envolve, assim como a impermanência do corpo no decorrer dos anos, nos provoca uma aceitação de quem somos, e isso, graças à expressão do outro, que encontra nas redes sociais um canal que rompe com um tal de certo e errado, que nunca nem tivemos a chance de fazer a prova dos nove, a prova do sentir-se bem na própria pele.

A moda da passarela reflete uma das facetas, levando o belo, representativo do espírito do tempo, para roupas e acessórios. na moda da passarela, o campo é o do novo, feito agora. no campo do second hand, o belo é o que já existiu, exatamente como era. em ambos os casos, do novo ao “já existido” [não chamo de velho!] ainda interferimos, modificamos, na busca de um filtro que nos deixe bem.

Porque amamos o todo que somos, definidas as fronteiras, não esqueça de juntá-las. 

Pra reverberar em você e no seu bloco de notas, para a beleza de se sentir com os olhos, google em wabi-sabi e kintsugi.

DICA DE LIVRO

(Foto: divulgação)

NAOMI WOLF – o mito da beleza

Clássico que redefiniu uma nova visão a respeito da relação entre beleza e identidade feminina.

* Coluna originalmente publicada na edição #249 da revista TOPVIEW. 

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